Nos últimos anos, Moçambique tem mostrado um crescente potencial no mercado de exportação de frutas, e a lichia, com sua doce e suculenta polpa, tem se destacado como uma das grandes promessas de crescimento para o sector agrícola do país. A província de Manica, no centro de Moçambique, é a principal produtora deste fruto tropical e já se prepara para alcançar números impressionantes de exportação nos próximos anos. De acordo com a governadora da província, Francisca Tomás, o objectivo é exportar 600 toneladas de lichia anualmente para mercados exigentes da Europa, incluindo Inglaterra, França, Espanha, Itália e Alemanha.
Esse projecto de expansão, no entanto, não é uma tarefa simples. A produção de lichia enfrenta desafios logísticos e técnicos significativos, principalmente devido à alta perecibilidade da fruta. Mas, ao mesmo tempo, a capacidade de inovação e a colaboração entre o sector público e privado têm o potencial de transformar Manica num polo agrícola de referência, não só no mercado europeu, mas em outros destinos internacionais.
-
O potencial de Manica
A lichia de Manica é uma das frutas tropicais de maior valor económico da região, tanto para o mercado interno quanto para o externo. O cultivo deste fruto tem-se mostrado altamente rentável para os agricultores locais, com uma produtividade que cresce a cada ano. De fato, na campanha de comercialização actual, a província espera comercializar 17.121 toneladas de lichia, um aumento significativo de 6,3% em relação ao ano anterior.
Esse crescimento não é por acaso. As autoridades locais têm trabalhado incansavelmente para melhorar a produção e aumentar a rentabilidade da cadeia produtiva. Em 2023, cerca de 490 toneladas da produção de lichia de Manica serão destinadas à exportação para a Europa, representando um aumento de 28,9% em relação ao ano passado. Isso demonstra o enorme potencial de Moçambique não só para abastecer o mercado interno, mas para se tornar um jogador competitivo no mercado global de frutas.
-
Desafios para alcançar o mercado europeu
Entretanto, como toda boa história de sucesso, o caminho até o mercado europeu não é livre de obstáculos. Um dos maiores desafios da produção de lichia é a alta perecibilidade da fruta, que perde rapidamente sua cor vibrante e sua qualidade após a colheita. Em uma fruta tão delicada, a perda de tempo entre a colheita e a exportação pode significar a diferença entre um negócio bem-sucedido e perdas significativas para os produtores.
Francisca Tomás, governadora de Manica, destacou que um dos principais focos para superar esses desafios será a melhoria das condições de conservação e transporte, com destaque para a cadeia de frio. O objectivo é garantir que as frutas sejam armazenadas em temperaturas ideais, prolongando sua vida útil e mantendo sua qualidade até que cheguem aos mercados internacionais.
Além disso, outro ponto crucial para garantir a qualidade internacional do produto é a instalação de unidades de processamento e embalagem. Transformar a lichia em sucos, refrigerantes, vinhos e até cosméticos e fármacos pode ser uma excelente alternativa para aumentar a sustentabilidade da produção, além de agregar valor ao produto e conquistar nichos de mercado mais lucrativos.
-
A parceria público-privada
Para viabilizar esses objectivos ambiciosos, o governo de Manica tem procurado incentivar a colaboração entre os sectores público e privado. O governo está empenhado em facilitar o acesso a financiamento para os agricultores e empresários que desejam expandir suas áreas de produção e investir na modernização das infra-estruturas de processamento e conservação.
Em um ambiente agrícola cada vez mais competitivo, a cooperação entre governo, empresas e produtores é essencial para maximizar os ganhos de todos os envolvidos. O mercado de exportação de lichia é promissor, mas exige investimentos substanciais em tecnologia, infra-estrutura e capacitação dos produtores locais.
-
Moçambique no mapa global de exportação de Lichia
O mercado europeu, com sua demanda crescente por produtos frescos e exóticos, representa uma excelente oportunidade para Moçambique se destacar como exportador de lichia. No entanto, para atingir o objectivo de exportar 600 toneladas anuais, será necessário não só aumentar a produção, mas também garantir que a fruta atenda aos exigentes padrões internacionais de qualidade.
A exportação de lichia é um exemplo claro de como a agricultura sustentável pode contribuir para o crescimento económico de uma região e para a diversificação das exportações de Moçambique. A transformação da província de Manica em um polo agrícola internacional, com a produção de lichia como um dos seus principais carros-chefes, é uma realidade cada vez mais próxima. O sucesso desse projecto poderá servir como modelo para outras regiões do país, criando novas oportunidades de negócios e impulsionando o sector agrícola de Moçambique a patamares mais altos no cenário global.