- Presidente da Bolsa de Valores de Moçambique destaca aumento da capitalização bolsista, maior volume de negócios e aposta em reformas estruturantes para atrair mais empresas e investidores
Intervindo no Economic Briefing de Abril de 2025, evento da CTA, o Presidente da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), Pedro Cossa, apresentou os resultados da actividade bolsista em 2024, destacando crescimentos significativos na capitalização, no volume de negócios e no número de títulos cotados. Ao mesmo tempo, apontou uma visão estratégica para o futuro da instituição, com reformas orientadas à modernização tecnológica, diversificação de produtos e maior integração com a economia real.
Cossa revelou que a capitalização bolsista da BVM cresceu 15,5%, passando de 183.825,43 milhões de meticais em 2023 para 212.407,89 milhões de meticais em 2024. O rácio de capitalização bolsista sobre o PIB também subiu, atingindo 29,59%, consolidando o papel da bolsa como pilar de financiamento da economia.

Em termos de volume de negócios, a bolsa movimentou 34.527,88 milhões de meticais em 2024, uma subida de 55,6% face ao ano anterior, e o índice de liquidez (turnover) avançou 34,7%. O número total de títulos cotados (acções, obrigações e papel comercial) aumentou de 84 para 91, um crescimento de 8,3%.
Financiamento à economia e vigilância regulatória
Desde a sua criação, a BVM já viabilizou mais de 358 mil milhões de meticais em financiamento à economia, o que representa um crescimento acumulado de 1138,1%, consolidando a bolsa como alternativa viável ao crédito bancário tradicional.
A Central de Valores Mobiliários (CVM), instrumento essencial no controlo de fluxos financeiros, registou 318 novos registos e 26.411 titulares, com crescimentos de 15,8% e 3,5%, respectivamente — indicadores que reforçam a vigilância contra o branqueamento de capitais e o financiamento ao terrorismo.
Uma bolsa com ambição reformista
Apesar dos avanços, o Presidente da BVM reconhece que o mercado bolsista moçambicano está ainda em fase de consolidação, com nível de liquidez reduzido, sobretudo no segmento accionista. Para superar estas limitações, a estratégia da instituição inclui:
- Adoção de boas práticas internacionais, como a exigência de cotação de empresas estratégicas (bancos, seguradoras, telecomunicações, extractiva);
- Modernização tecnológica, com integração de “Fintechs” e tecnologias como o blockchain;
- Revisão legal e regulamentar, incluindo a reformulação do Código do Mercado de Valores Mobiliários;
- Implementação da Lei das PPPs, com dispersão obrigatória de capital no mercado após cinco anos de operação;
- Criação de novos produtos, como green bonds, blue bonds, fundos de investimento e instrumentos de poupança pública;
- Promoção de operadores especializados e plataformas digitais de negociação, para estimular liquidez e acessibilidade;
- Estabelecimento de parcerias estratégicas com bolsas e instituições congéneres da região e do mundo.
Da estabilidade à transformação
A intervenção de Pedro Cossa reflecte uma bolsa em clara trajectória ascendente, mas ciente dos desafios estruturais que ainda limitam a sua profundidade e abrangência. Ao consolidar reformas, inovar produtos e reforçar a transparência, a BVM pretende afirmar-se como instrumento moderno, competitivo e inclusivo de financiamento do desenvolvimento económico moçambicano.