As exportações de algodão moçambicano registaram, em 2024, uma redução significativa nas receitas, apesar do ligeiro aumento da produção nacional, apontando para um cenário misto que conjuga desafios imediatos e sinais de resiliência do sector a médio prazo.
De acordo com dados recentemente divulgados, o país exportou cerca de 24 mil toneladas, valor que representa um crescimento de 2% face ao ano anterior. Ainda assim, as receitas totais provenientes destas exportações caíram para aproximadamente 14,2 milhões de dólares, menos de metade do registado em anos anteriores, atingindo assim o valor mais baixo dos últimos cinco anos.
Entre as principais causas desta redução, destacam-se a descida dos preços internacionais do algodão, agravada por factores internos como secas sazonais associadas ao fenómeno El Niño e desafios logísticos em algumas regiões produtoras. A combinação destes elementos comprometeu o rendimento dos exportadores, mesmo com o aumento do volume exportado.

O Governo, através do Ministério da Agricultura, tinha lançado no último ano agrícola um subsídio de cinco meticais por quilograma, medida que beneficiou directamente mais de 600 mil produtores e procurou mitigar o impacto da descida dos preços no mercado internacional. Apesar de ter sido descontinuado por limitações orçamentais, o subsídio permitiu garantir maior estabilidade durante a campanha passada.
Os dados oficiais indicam ainda que, nos últimos cinco anos, o sector do algodão gerou cerca de 120,9 milhões de dólares em receitas de exportação, mantendo-se como uma das fileiras agrícolas com maior potencial para contribuir para o crescimento económico, redução da pobreza e criação de emprego nas zonas rurais.
Analistas consideram que, para consolidar a retoma do sector, será fundamental garantir maior modernização da produção, melhorar a competitividade externa e reforçar a transparência no mercado internacional, de forma a proteger os produtores das flutuações dos preços globais. Ainda assim, a manutenção da área cultivada e a recuperação parcial da produção são sinais de que, mesmo perante adversidades, o algodão moçambicano continua a ter margem para retoma e crescimento sustentado