Quarta-feira, Dezembro 18, 2024
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Escassez de divisas ameaça produção na MEREC

No âmbito da monitoria do desempenho das empresas, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) visitou a MEREC, uma das principais fábricas de farinha e produtos de trigo do país. A visita visou avaliar os desafios enfrentados pela empresa, especialmente no contexto da escassez de divisas no mercado financeiro nacional, que tem impactado o processo de importação de matérias-primas essenciais.

Durante o encontro, Gilberto Cossa, CEO da MEREC, destacou que a indisponibilidade de divisas está a dificultar a aquisição de matérias-primas no mercado internacional, colocando em risco a capacidade de produção da empresa. “Se esta situação persistir, corremos o risco de não conseguir abastecer o mercado durante a quadra festiva, o que afectaria diretamente a cesta básica da população”, advertiu Cossa.

Além da escassez de divisas, a MEREC enfrenta outras dificuldades, como a entrada massiva de farinha de milho não fortificada no mercado nacional e a importação de massas alimentícias a preços abaixo do custo praticado no mercado internacional. A logística também é um problema, agravado pelo congestionamento de camiões em frente às fábricas, especialmente na Beira, e pela dificuldade de exportar para alguns países da SADC devido a barreiras comerciais. Outra preocupação levantada foi a ausência de isenção do IVA para produtos como massas e bolachas, considerados bens de primeira necessidade.

A MEREC possui fábricas localizadas em Matola (província de Maputo), Beira (Sofala) e Nacala (Nampula), com uma capacidade total de produção de 2600 toneladas diárias. A maior unidade está na Beira, beneficiando da proximidade com mercados regionais, como o Zimbábue, Malawi, Zâmbia e África do Sul. A empresa também tem planos de parcerias locais, como a negociação com a Associação dos Produtores de Moamba para o fornecimento de milho na região sul, como forma de reduzir a dependência de importações.

Com um total de 669 trabalhadores, a MEREC aposta no investimento em tecnologia para modernizar as suas operações e manter a competitividade.

Durante a visita, a CTA reiterou a urgência de se adotarem medidas que aliviem a escassez de divisas. Entre as recomendações apresentadas à Autoridade Monetária, estão a reavaliação da taxa de Reservas Obrigatórias, atualmente fixada em 39,5% para moeda estrangeira, e a injeção de parte das Reservas Internacionais Líquidas no mercado financeiro. Estas medidas visam reforçar a confiança dos bancos comerciais e aumentar a sua capacidade de apoiar as empresas moçambicanas, como a MEREC, na obtenção de divisas para assegurar o normal funcionamento das suas operações.

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