O Governo está a preparar uma carteira de projectos avaliada em mais de 338 mil milhões de meticais (5,2 mil milhões de dólares) com o objectivo de atrair investimentos para a expansão do sector energético, com foco nas fontes renováveis e na promoção do acesso universal à energia.
A informação foi revelada por Nuno Maposse, director de projectos da Agência para a Promoção de Investimentos e Exportações (APIEX), durante a segunda sessão de alto nível sobre “Financiamento da Transição Energética”, que decorreu na Quarta-feira (23), no âmbito da conferência RENMOZ-2025, em Maputo.
Segundo Maposse, Moçambique pretende consolidar-se como destino competitivo para o capital verde. “Já foram investidos 193,5 mil milhões de meticais (3 mil milhões de dólares) na última década, dos quais 17% foram canalizados para o sector energético. A nova carteira poderá ampliar significativamente o impacto, especialmente na criação de emprego e na electrificação rural”, destacou.
Durante a sessão, Marcus Rother, consultor sénior da GET.invest Finance Catalyst, apontou a estruturação deficiente dos projectos como um dos principais obstáculos ao acesso ao financiamento. “Estamos a apoiar promotores locais com assistência técnica para desenvolver modelos de negócio viáveis, melhorar a documentação financeira e preparar propostas robustas para atrair investimento privado e institucional”, explicou.
Liesbet Mijlemans, directora de Investimento Sénior na ElectriFI, revelou que a instituição já comprometeu cerca de 9,9 mil milhões de meticais (164,8 milhões de dólares) em projectos de energia limpa na África Subsaariana, incluindo Moçambique. Segundo ela, “o foco está em soluções como sistemas solares domésticos, mini-redes e modelos de pay-as-you-go, com forte impacto nas comunidades remotas e na redução da dependência de fontes fósseis”.
Já Epifânia Gove, responsável pelo Departamento de Energia do Banco Comercial e de Investimentos (BCI), frisou que a transição energética requer mais do que tecnologia. “É necessário um planeamento estratégico e o envolvimento proativo do sector financeiro. O BCI está a desenvolver instrumentos como linhas de crédito verdes e mecanismos de garantia”, explicou, acrescentando a importância de envolver também as Pequenas e Médias Empresas (PME).
A sessão contou com a participação de representantes do Governo, do setor privado, agências de desenvolvimento e instituições multilaterais. Entre os consensos alcançados, destaca-se a urgência de mobilizar capital e garantir políticas públicas estáveis para promover investimentos sustentáveis no setor energético.