A presidente da Associação Lusófona de Energias Renováveis (ALER), Mayra Pereira, defendeu ontem, em Maputo, que Moçambique e o Brasil reúnem condições para assumir a liderança no processo de transição energética no seio dos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Falando à margem da mesa-redonda “Roteiro de Cooperação 2030 de Energia e Clima na CPLP”, um dos eventos paralelos à conferência empresarial sobre energias renováveis, a responsável destacou que estes dois países contam com estratégias robustas nesta matéria, podendo servir de exemplo para os demais Estados-membros.
“A estratégia de cooperação energética entre os países lusófonos precisa de líderes. Moçambique, por exemplo, pode posicionar-se como um desses líderes e partilhar o seu percurso com os outros membros da CPLP”, afirmou Pereira, sublinhando que o domínio da língua portuguesa entre os membros é uma vantagem significativa para impulsionar a cooperação.
Segundo Mayra Pereira, vários países da CPLP, em especial os PALOP, ainda não possuem estratégias bem definidas para a transição energética. A partilha de experiências por parte de Moçambique e do Brasil poderá fornecer uma base sólida para que essas nações elaborem os seus próprios planos, ajustados às suas realidades.
Por outro lado, mesmo entre os países que já possuem estratégias delineadas, persistem obstáculos importantes, nomeadamente barreiras de ordem regulatória e dificuldades no acesso a financiamento, factores que têm dificultado a concretização das metas traçadas.
Para viabilizar a implementação do Roteiro de Cooperação 2030 da CPLP, lançado em Março deste ano, a ALER estima ser necessário um investimento global de cerca de 8 mil milhões de dólares até 2030. Este plano tem como principal objectivo identificar prioridades comuns entre os nove países da CPLP nos domínios da transição energética e da resiliência climática.
Num contexto internacional marcado por desafios geopolíticos e fenómenos climáticos extremos, Pereira apelou à adopção de uma visão mais ampla e à mobilização conjunta de soluções entre os países lusófonos. “Temos de olhar para os nossos diferentes cenários e compreender como é que a mobilização de recursos pode acontecer de forma coordenada, ajustada ao novo contexto global”, frisou.
A CPLP é composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.