Domingo, Abril 28, 2024
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Moçambique planeia “repatriar” energia de Cahora Bassa para uso doméstico até 2030

O Governo moçambicano anunciou planos de “repatriar” a energia exportada para a África do Sul pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) desde 1979, a partir de 2030, segundo a Estratégia para Transição Energética em Moçambique até 2050. A iniciativa visa impulsionar o desenvolvimento das comunidades e criar empregos para três mil jovens. A HCB, com capacidade instalada de 2075 MW e maioritariamente detida pelo Estado moçambicano, exporta a maior parte de sua produção para a Eskom, estatal sul-africana, com uma parte menor fornecida à Electricidade de Moçambique (EDM). A energia da HCB é considerada barata e limpa. O Contrato de Aquisição de Energia entre a HCB e a Eskom terminará em 2030, levando a decisões importantes sobre a comercialização e destino da energia limpa da HCB.

Nos arredores de Maputo, funciona a fábrica de alumínio da Mozal, alimentada pela electricidade precisamente fornecida pela Eskom – contrato de fornecimento que por sua vez termina em 2026 –, devido às dificuldades de cobertura da rede eléctrica moçambicana, sendo aquela uma das maiores consumidoras de electricidade do País, com necessidades de 900 MW.

O aumento da capacidade de produção hidroeléctrica será garantido pela nova hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa e pela construção da estação Norte da HCB, em Tete. A Estratégia de Transição Energética prevê investimentos de 80 mil milhões de dólares até 2050. O Presidente Filipe Nyusi afirmou que a nova estratégia colocará Moçambique na “vanguarda da inovação climática” e o posicionará como um destino de investimento atraente e sustentável.

De acordo com o documento, a principal prioridade hídrica de curto prazo é o repatriamento da electricidade da HCB, atualmente exportada para a África do Sul (8-10 TWh, TeraWatt-hora), bem como a adição de 2 GW de nova capacidade hidroeléctrica nacional até 2031. A central é a “mais importante de Moçambique, com uma capacidade total instalada de 2075 MW, sendo detida maioritariamente pelo Estado moçambicano”.

Desde o início das operações em 1979, a HCB exportou a maior parte da sua produção de electricidade para a estatal sul-africana Eskom, com uma parte menor fornecida à Electricidade de Moçambique (EDM). A energia da HCB é barata e limpa”, lê-se no documento.

Da produção total, apenas 300 MW de energia firme e 380 MW de energia variável são fornecidas pela HCB à eléctrica estatal moçambicana. “Em 2030, o Contrato de Aquisição de Energia entre a HCB e a Eskom chegará ao fim, e decisões importantes terão de ser tomadas relativamente à comercialização e destino final de energia limpa da HCB”, acrescenta-se.

Por outro lado, refere-se que, no período de 2030 a 2040, “serão acrescentados mais 9 GW de nova capacidade hidroeléctrica, incluindo os aproveitamentos em Lupata, Boroma, Chemba e outros locais a identificar, dos quais até 3 GW poderão ser reservados para exportação, em função do crescimento da procura nacional de energia, que terá prioridade”.

“Após 2040, Moçambique irá adicionar nova capacidade hidroeléctrica, principalmente para uso doméstico em projectos a identificar e explorando assim todo o seu potencial hidroeléctrico, que será reavaliado através de novos estudos”.

O Ministério dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique anunciou a 27 de Novembro investimentos de 80 mil milhões de dólares (73 mil milhões de euros) na Estratégia de Transição Energética, a implementar até 2050.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou em 3 de Dezembro, na cimeira do clima, que a nova Estratégia de Transição Energética vai colocar o País na “vanguarda da inovação climática”.

Esta iniciativa não apenas coloca Moçambique na vanguarda da inovação climática, como também o posiciona como um destino de investimento atractivo e sustentável”, disse o chefe do Estado, após intervir num dos painéis da cimeira da ONU.

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