Terça-feira, Agosto 26, 2025
spot_img

Moçambique planeia usar reservatórios de gás para combater alterações climáticas

Moçambique está adoptando uma abordagem inovadora para combater as mudanças climáticas, utilizando seus reservatórios de gás natural liquefeito (GNL) para a captura de dióxido de carbono (CO₂). A medida faz parte do Plano Nacional de Ordenamento do Espaço Marítimo (POEM), que foi elaborado em 2021 e aprovado no final de 2024. O objectivo do plano é integrar a exploração de gás com projectos ambientais sustentáveis, contribuindo para a redução das emissões de CO₂, um dos principais gases de efeito estufa.

A proposta de utilizar as reservas de gás para captura de carbono visa não apenas mitigar os impactos ambientais da indústria de GNL, mas também proporcionar um avanço na luta contra o aquecimento global. A captura de CO₂ é vista como uma solução estratégica para reduzir a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, ajudando no combate às alterações climáticas.

Exploração de gás e potencial económico

Moçambique possui vastas reservas de GNL, sendo exploradas por grandes multinacionais como a TotalEnergies, ExxonMobil e Eni. Estima-se que as reservas do País possam gerar receitas de até 100 bilhões de dólares, com Moçambique podendo tornar-se um dos dez maiores produtores mundiais de GNL até 2040, representando 20% da produção africana, segundo um estudo da consultoria Deloitte, de 2024.

O POEM também destaca a importância de estabelecer um quadro legislativo e administrativo robusto para a exploração de hidrocarbonetos, de modo a minimizar os impactos ambientais e os conflitos com outras actividades locais, como a pesca e o turismo. Além disso, o plano propõe medidas para reduzir os efeitos ecológicos das infra-estruturas industriais e urbanas nas zonas costeiras.

Recursos marítimos e preservação ambiental

Com uma costa de 2.700 km e uma vasta área marítima de 572 mil km², Moçambique possui um dos mais valiosos patrimónios naturais da África. O país abriga mangais, recifes de coral e estuários, além de áreas de conservação de 4.600 km², que enfrentam desafios como sobrepesca, poluição e mudanças climáticas. O POEM prevê a preservação desses recursos naturais e a promoção do turismo sustentável, como o mergulho em naufrágios e a exploração de sítios arqueológicos subaquáticos, especialmente na Ilha de Moçambique, na região Norte.

capital bancário

O plano também enfatiza a importância de proteger o património cultural subaquático do país, que inclui mais de 300 navios naufragados ao largo da costa moçambicana. Para isso, a ratificação da Convenção da UNESCO sobre a Protecção do Património Cultural Subaquático é uma das prioridades.

Noticias Relacionadas

Gás do Rovuma produziu 45.24 milhões de USD no primeiro semestre

Dados do Balanço do Plano Económico e Social e...

Estatal indiana ONGC aprova investimento adicional de 61 M$ para projecto de gás natural no Rovuma

A estatal indiana Oil and Natural Gas Corporation Ltd (ONGC)...

ENH regista queda de 50% nos lucros

Os lucros da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), operadora...

Organizações ambientais tentam travar o financiamento do projecto LNG em Cabo Delgado

Organizações ambientais internacionais interpuseram terça-feira (15) uma acção civil...