Terça-feira, Maio 20, 2025
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Moçambique voltará a ter dívida acima do PIB a partir de 2025

A dívida pública de Moçambique voltará a ultrapassar os 100% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, segundo o controlo fiscal do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado esta Quarta-feira, 23 de Abril. Esta subida ocorre após dois anos em que a dívida do país se manteve abaixo do valor da riqueza nacional.

De acordo com o relatório, Moçambique deverá registar uma dívida pública equivalente a 101,1% do PIB este ano. A tendência ascendente continuará nos próximos anos, atingindo 104,2% em 2026 e 104,7% em 2027. O país só deverá voltar a registar níveis inferiores a 100% em 2029, quando se prevê que a dívida pública represente 95,6% do PIB.

O valor previsto para 2029 é muito próximo ao registado em 2024, quando a dívida pública foi de 96,6% do PIB. O documento do FMI não apresenta dados sobre outros países africanos lusófonos além de Moçambique.

Durante a conferência de imprensa para apresentação do relatório, Vítor Gaspar, director do Departamento de Assuntos Fiscais do FMI, indicou que as perguntas específicas sobre África seriam respondidas numa sessão agendada para Sexta-feira.

Ainda assim, o FMI avançou algumas previsões sobre países lusófonos. Para Angola, estima-se um crescimento económico de 2,4% este ano, abaixo dos 4,5% registados em 2024, mas acima dos 2,1% esperados em 2026. Na Guiné Equatorial, o cenário é mais adverso, com uma recessão económica de 4,2% prevista para 2025, e uma estagnação em 2026, após um crescimento de 1,9% em 2024.

No conjunto da África Subsaariana, a dívida pública média deverá atingir 55,4% do PIB em 2025 e 53,3% em 2026, ficando abaixo dos 56,1% observados no ano passado. A previsão de crescimento económico para a região também foi revista em baixa, passando de 4,2% para 3,9% em 2025. Segundo o FMI, esta revisão reflete “alterações repentinas nas perspectivas mundiais”.

Num comunicado posterior à reunião entre a directora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, e um grupo de governadores africanos de 12 países, liderado pelo ministro das Finanças da República Centro-Africana, Hervé Ndoba, o Fundo advertiu que os choques globais continuam a ameaçar a estabilidade económica no continente.

O documento realça que, apesar de sinais de resiliência, os países africanos continuam expostos a riscos significativos, incluindo inflação elevada, endividamento crescente e desequilíbrios externos. O FMI sublinha a necessidade de políticas públicas robustas para enfrentar estes desafios, com foco na mobilização de receitas internas, melhoria da despesa pública e reforço da estabilidade macroeconómica e financeira.

A nível global, o FMI também reviu em baixa as previsões de crescimento: de 3,3% para 2,8% em 2025, e de 3,3% para 3% em 2026. As tensões comerciais e a incerteza política crescente são apontadas como principais fatores para a desaceleração da actividade económica mundial.

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