O relatório da Avaliação Nacional dos Riscos de Financiamento do Terrorismo, alerta para um alto nível de ameaça representado pelo sector das Instituições de Moeda Eletrônica (IME) em Moçambique. Segundo o documento, divulgado pela Lusa, há uma movimentação excessiva de fundos para zonas de ameaça terrorista activa utilizando-se das IME operadas pelas telecomunicações no país.
De acordo com o relatório, as zonas de ameaça terrorista activa preferem o uso das Instituições de Moeda Electrónica devido à facilidade e rapidez na movimentação de fundos, o que torna esse sector atractivo para possíveis abusos por parte dos terroristas. O mercado de dinheiro móvel tem crescido em Moçambique, impulsionado pelo aumento do número de usuários de telefones celulares, principalmente nas zonas rurais, onde a penetração é maior comparativamente à banca tradicional.
Em Setembro de 2023, o valor dos activos das IME estava em 16,9 mil milhões de meticais, com um capital social acumulado de 2 mil milhões de meticais. O relatório destaca que apenas cerca de 30% da população moçambicana possui acesso aos serviços financeiros formais, sendo que a expansão das IME tem contribuído para a inclusão financeira e facilitado a movimentação de fundos entre as pessoas.
O documento ainda menciona que, no final de 2021 e início de 2022, na província de Cabo Delgado, as transacções eram feitas principalmente em dinheiro e com o uso de carteiras móveis, devido ao fraco controle do sistema. Isso levou os terroristas a utilizarem essas carteiras como mecanismo preferencial para movimentar os fundos canalizados por familiares, amigos, simpatizantes e outros.
As autoridades de inteligência financeira têm alertado as instituições de moeda electrónica sobre a movimentação de grandes somas de dinheiro através desses canais, com vista a enviar regularmente relatórios de transacções suspeitas de financiamento ao terrorismo e branqueamento de capitais.