- Produção e novas encomendas caem pelo terceiro mês consecutivo
- Custos mais baixos e uma fraca procura resultam em preços de venda reduzidos
- Emprego e aquisições registam uma melhoria
O PMI® do Standard Bank Moçambique assinalou uma contração adicional na economia do setor privado em Janeiro. Os níveis de produção e as novas carteiras de encomendas desceram pelo terceiro mês consecutivo, à medida que os protestosncontinuaram a comprometer as condições económicas.
No entanto, o declínio foi menos grave quando comparado com o final do ano passado, a mesmo tempo que as expectativas para a produção futura melhoraram. Ocorreram igualmente novos aumentos na contratação de pessoal e nas aquisições, auxiliados por uma diminuição adicional dos preços dos meios de produção. É de salientar que os preços de venda também diminuíram da forma mais acentuada dos últimos três anos.
O principal valor calculado pelo inquérito é o Purchasing Managers’ Index TM (PMI). Indicadores acima de 50,0 apontam para uma melhoria nas condições das empresas em relação ao mês anterior, ao passo que indicadores abaixo de 50,0 mostram uma deterioração.
Ao registar 47,5 em Janeiro, o índice básico indicou uma forte deterioração nas condições das empresas no início de 2025. O índice tem estado abaixo do valor de 50,0 nos últimos três meses, apesar de ter aumentado em relação aos 46,4 de Dezembro, o valor mais baixo dos últimos 52 meses.
As empresas moçambicanas inquiridas referiram, na sua maioria, um impacto sustentado dos protestos políticos. Janeiro assistiu à diminuição da produção e das novas encomendas pelo terceiro mês consecutivo, embora em menor medida do que em Dezembro. Algumas empresas indicaram que as perturbações abrandaram, resultando, assim, num aumento do número de clientes.
Membros do painel indicaram novos esforços para aumentar a capacidade, assinalando mais uma vez que o impacto dos protestos sobre as empresas estava a diminuir. O emprego total aumentou ligeiramente em Janeiro, terminando um período de dois meses de cortes de pessoal. De igual modo, após um declínio acentuado em Dezembro, as aquisições de meios de produção cresceram pela primeira vez em três meses.
Os problemas logísticos foram também parcialmente solucionados, conferindo aos fornecedores uma maior flexibilidade com as suas entregas. Apesar de, no geral, os prazos de entrega terem continuado a piorar, este declínio foi apenas ligeiro e ao ritmo mais lento dos últimos três meses.
Consequentemente, os inventários de meios de produção nas empresas do setor privado expandiram ao ritmo mais elevado desde Agosto de 2024.
Com a persistência da fraca procura, as empresas processaram um maior volume de encomendas existentes no início do ano. As encomendas em atraso diminuíram ao ritmo mais elevado dos últimos oito meses. No que diz respeito aos preços, os dados do inquérito mais recente assinalaram uma nova diminuição dos encargos com a produção durante o mês de Janeiro. Além disso, o ritmo dos descontos acelerou em relação a Dezembro, tendo sido o mais acentuado dos últimos três anos. Os preços mais baixos foram associados ao efeito duplo da fraca procura e da queda nos custos. Relativamente a esta última, as empresas comunicaram uma queda nos custos dos meios de produção pelo terceiro mês consecutivo. De acordo com os membros do painel, a baixa procura de matérias-primas devido aos protestos resultou numa descida das tarifas dos fornecedores. Os preços de aquisição baixaram, ainda que apenas ligeiramente e ao ritmo mais lento dos últimos três meses. Os custos salariais também diminuíram depois de terem estabilizado em Dezembro. Quanto a isto, as empresas referiram que a fraca procura afetou os orçamentos para despesas salariais.
Em Janeiro, as expectativas empresariais para o próximo ano apresentaram um aumento, melhorando pelo segundo mês consecutivo, depois de terem atingido em Novembro o valor mais baixo dos últimos 49 meses. Diversas empresas esperam que um regresso às condições económicas normais venha a contribuir para uma subida da actividade, enquanto outras preveem umcrescimento da carteira de clientes e do desenvolvimento de produtos.

Fáusio Mussá, economista-chefe do Standard Bank Moçambique, comentou: “O PMI do Standard Bank Moçambique aumentou de 46,4 em Dezembro para 47,5 (corrigido de sazonalidade) em Janeiro. Ocorreram contracções mensais consecutivas na produção, nas novas encomendas e nos prazos de entrega dos fornecedores. No entanto, foi sentida alguma recuperação no emprego e nos inventários.
Em Janeiro, o PMI manteve-se abaixo de 50 pelo terceiro mês seguido, implicando novas contracões mensais consecutivas na actividade económica. Apesar de os protestos pós-eleitorais terem diminuído em Janeiro, o ambiente político e social manteve-se tenso.
De acordo com o subíndice do PMI de expectativas empresariais para o futuro, o sentimento empresarial aumentou pelo egundo mês consecutivo em Janeiro, sendo que os inquiridos esperam uma produção mais elevada ao longo dos próximos 12 meses.
Ainda assim, o PMI sugere a atenuação das pressões sobre os preços em Janeiro, devido, em grande medida, à procura agregada moderada. Isto indica que a inflação poderá manter-se controlada a curto prazo, mas com a probabilidade de que a inflação sobre os alimentos venha a aumentar. Assim sendo, é esperado um aumento da inflação para 6,1%, em termos homólogos, em Dezembro de 2025, em relação aos 4,2%, em termos homólogos, em Dezembro de 2024.
As nossas estimativas de crescimento do PIB para 2024 de 2,5%, em termos homólogos, após os 5,4%, em termos homólogos, em 2023, reflectem uma contração de 1,6%, em termos homólogos, no crescimento do PIB no quarto trimestre de 2024 e implicam um crescimento do PIB, excluindo o sector extractivo (exploração mineira e GNL), que se situou abaixo de 1%, em termos homólogos, em 2024, representando uma descida dos 2,2%, em termos homólogos, em 2023. É esperado que a contração no crescimento do PIB se mantenha no primeiro trimestre de2025, nas deverá ocorrer uma recuperação nos trimestres subsequentes, consistente com a nossa previsão de crescimento do PIB de 3%, em termos homólogos, para 2025.
Apesar de a política monetária estar a tornar-se gradualmente menos restritiva, as condições de financiamento mantêm-se apertadas. A curto prazo, esta economia ainda se depara com pressões fiscais recorrentes, uma oferta insuficiente de divisas e um investimento reduzido nos sectores público e privado.”