A produção de rubi em Moçambique voltou a disparar no terceiro trimestre, ultrapassando já a meta para todo o ano, segundo dados de execução orçamental consultados hoje pela Lusa.
“No grupo das pedras preciosas e semipreciosas, o destaque vai para o rubi, que registou um nível de execução de 102% em relação ao plano anual e uma taxa de crescimento de 49% no período em análise”, lê-se no relatório de execução orçamental do terceiro trimestre do Ministério da Economia e Finanças moçambicano.
“Resultante do bom desempenho da empresa SLR Mining, que assumiu a posição de maior produtora deste recurso mineral, com a entrada em funcionamento de mais uma fábrica de processamento. Esta empresa foi responsável pela produção de mais de 70% do total deste recurso mineral”, detalha o documento.
Em nove meses, Moçambique produziu 3.145.391 quilates de rubis, enquanto a previsão oficial para todo o ano de 2024 era de 3.080.895 quilates.
Outro factor que explica este crescimento no terceiro trimestre já verificado no segundo trimestre está relacionado com a “retoma total da produção pela empresa Moza Minerals, aliado ao facto de a empresa Montepuez Ruby Mining ter realizado escavações intensivas em três blocos mais produtivos”.
A produção tinha caído 55% em março, em termos homólogos, para 252,6 mil quilates, segundo o relatório do primeiro trimestre, devido a problemas na maior mina nacional, a Montepuez Rubi Mining (MRM).
A Lusa tinha noticiado anteriormente que o valor das exportações de rubis moçambicanos tinha caído 80% no primeiro trimestre, rendendo cerca de 4,6 milhões de euros, segundo dados do banco central.
O relatório sobre a balança de pagamentos do primeiro trimestre refere que as receitas com a exportação de rubis caíram de 25,6 milhões de dólares (23,7 milhões de euros) de janeiro a março de 2023 para 5,2 milhões de dólares (4,6 milhões de euros) no mesmo período deste ano.
O relatório associa os “baixos níveis de produção do maior produtor deste mineral” à “falha de equipamentos de produção” e à “instabilidade militar no norte do país”, em referência aos ataques de grupos rebeldes em Cabo Delgado, que aumentaram acentuadamente nos primeiros três meses do ano.
A produção global de rubi em Moçambique caiu em 2023 para 2,7 milhões de quilates, contra 4,2 milhões de quilates em 2022 e cinco milhões de quilates em 2021.
Só a exploração de rubis na mina MRM, em Cabo Delgado, norte de Moçambique, gerou quase mil milhões de euros desde 2012, segundo dados divulgados no final de abril pela Gemfields, que detém 75% da empresa.
De acordo com os dados até dezembro do relatório “Fator G para os Recursos Naturais”, que visa promover a “transparência” sobre o nível de riqueza em recursos humanos partilhada pela Gemfields “com os governos dos países de acolhimento” dos sectores mineiro, petrolífero, gás madeira e pesca, a MRM teve uma receita total de 151,3 milhões de dólares (141 milhões de euros) em 2023.
Desde que a Gemfields adquiriu 75% da MRM – em fevereiro de 2012, ano em que se iniciou a exploração mineira, com os leilões de rubis a começarem dois anos depois – a mina acumulou receitas superiores a 1.055 milhões de dólares (982,7 milhões de euros), pagando o Estado moçambicano, no mesmo período, 257,4 milhões de dólares (239,7 milhões de euros).
No ano passado, a MRM pagou ao Estado moçambicano 53,2 milhões de dólares (49,6 milhões de euros) em direitos de exploração e impostos, segundo o mesmo relatório.
A MRM é detida em 75% pela Gemfields e em 25% pela Mwiriti Limitada, uma empresa moçambicana.