A economia moçambicana enfrenta um cenário de pressão sobre os preços, influenciado por fatores internos e externos. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) aumentou para 103,31 pontos em outubro de 2024, contra 102,73 pontos em setembro. Este aumento reflecte uma tendência inflacionária, particularmente em alimentos e energia, que são essenciais para os consumidores.
A taxa de inflação mensal alcançou 0,56% em outubro, comparada a 0,16% no mês anterior, enquanto a inflação anual dos alimentos subiu para 6,25%, contra 5,29% em setembro. Esta situação é agravada pela escassez de produtos nacionais nos mercados, especialmente na capital Maputo, devido às manifestações pós-eleitorais.
Escassez e alta de preços nos mercados de Maputo
Os efeitos das manifestações têm provocado interrupções no abastecimento de produtos básicos, levando a aumentos expressivos nos preços de alimentos amplamente consumidos, como batata, cebola e tomate. No mercado informal do Fajardo, as vendedoras relatam que os preços dispararam: um saco de batatas, por exemplo, já custa quase 600 meticais no mercado grossista.
“Para termos algum lucro, precisamos vender a preços muito acima do habitual,” lamenta uma vendedora.
Energia e transporte também sentem o impacto
Além dos alimentos, os custos de energia e transporte continuam altos, com o IPC do sector de habitação, água, eletricidade e gás estagnado em 102 pontos e o de transporte em 101 pontos. Este contexto reflecte desafios estruturais que limitam o acesso a serviços essenciais a preços acessíveis.
Perspectivas e medidas
O Ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, alertou para o impacto prolongado das manifestações nos estabelecimentos comerciais e no fluxo de mercadorias na fronteira de Ressano Garcia. “Essas interrupções podem gerar uma escassez acentuada de produtos durante a quadra festiva e fomentar a especulação de preços”, afirmou o ministro.
O governo e a Confederação das Associações Económicas (CTA) discutem medidas para mitigar os impactos, incluindo o fortalecimento da Janela Única Eletrónica para facilitar o comércio. Ao mesmo tempo, novos acordos comerciais, como o firmado com o Malawi, abrem oportunidades para maior fluxo de bens e serviços entre os países.
Embora o cenário seja desafiador, o sector privado mantém uma visão positiva e busca colaborar com o governo para estabilizar os mercados e preparar estratégias de curto e longo prazo para enfrentar as adversidades económicas.