Quinta-feira, Setembro 19, 2024
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Lucros da Eni suplantam estimativas com ajuda do gás do Rovuma

O lucro do segundo trimestre da petroquímica italiana Eni SpA foi melhor do que o esperado, após um forte desempenho no seu negócio upstream, levando a empresa a rever a sua orientação para o ano de 2024.

Contribuiu para os resultados fabulosos da empresa, a plataforma flutuante de gás natural, Coral Sul FLNG, ancorada nas águas profundas da Bacia do Rovuma em Cabo Delgado, norte de Moçambique, que já exportou para o mercado global 4,48 milhões de toneladas desde o primeiro carregamento feito em Novembro de 2022. Ao todo, a plataforma fez, até Junho passado, 63 carregamentos.

Mas, estranhamente, ainda não se sabe publicamente, os dividendos que o país encaixou com os carregamentos.

Os dados foram avançados recentemente pela Energy Connects, uma plataforma agregadora de informação sobre a exploração dos hidrocarbonetos, confirmando os dados partilhados pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, no seu último Informe sobre o Estado Geral da Nação, proferido a 7 de Agosto.

O Chefe do Estado não avançou quanto o país encaixou em receitas fiscais no âmbito dos 63 carregamentos efectuados desde Novembro de 2022, mas mencionou este efeito no quadro do legado que deixa ao país, findos dois mandatos de governação. Aliás, para si, este marco simboliza o sonho de décadas e posiciona Moçambique como actor relevante no mercado global de energia.

Os resultados positivos da petroquímica italiana surgem numa altura em que as empresas europeias de energia têm-se confrontado com forças concorrentes, designadamente o impacto negativo dos baixos preços do gás natural e a queda das margens de refinação devido à fraca procura de combustível, contra o efeito positivo dos preços mais elevados do petróleo no contexto dos cortes de oferta da OPEP+.

Mas, para a Eni, as vantagens superaram as desvantagens, e o lucro líquido ajustado da gigante energética italiana foi de 1,52 mil milhões de euros (1,7 mil milhões de dólares) no segundo trimestre, superando a estimativa média dos analistas de 1,46 mil milhões de euros.

A Eni aumentou a sua meta para o ano inteiro de lucros ajustados proforma antes de juros e impostos em mil milhões de euros, para cerca de 15 mil milhões de euros. As acções da empresa têm conhecido subida meteórica em Milão, e a unidade de exploração e produção reportou um lucro operacional ajustado de 3,53 mil milhões de euros, um aumento de 26% em relação ao mesmo período do ano passado.

A produção de hidrocarbonetos aumentou 6% em relação ao trimestre anterior, para 1,71 milhão de barris de óleo equivalente por dia.

“Este crescimento foi apoiado pela aquisição da Neptune Energy no ano passado, pelo aumento de projectos na Costa do Marfim e em Moçambique e pelo aumento da produção na Líbia”, escreve a Energy Connects citando um comunicado da Eni.

A produção para este ano deverá situar-se no limite superior do intervalo entre 1,69 milhões e 1,71 milhões de barris de petróleo equivalente por dia, assumindo que o preço do petróleo Brent de 86 dólares por barril poderá exceder o objectivo anterior de 14 mil milhões de euros.

Refira-se que, no segundo trimestre, a empresa alienou um activo upstream não essencial no Alasca e chegou a um acordo para vender uma participação na sua unidade de bio refinação Enilive.

“Com o progresso agora feito nos desinvestimentos, esperamos que a alavancagem fique significativamente abaixo de 0,2 até o final do ano, melhor do que nossa expectativa original”, disse o CEO Claudio Descalzi no comunicado.

“Isto permitir-nos-á acelerar a execução do nosso programa de recompra de açcões de 1,6 mil milhões de euros.” Realçou o Chefe da Eni.

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