Quarta-feira, Abril 24, 2024
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Académicos defendem que o défice tecnológico trava transição para “nova pedagogia”

O acentuado défice tecnológico de Moçambique é um travão ao salto necessário para uma “nova pedagogia” que será dependente de meios digitais e terá uma “matriz híbrida”, defenderam recentemente académicos moçambicanos.

As dificuldades na transição do tradicional ensino presencial para o digital em Moçambique foram tema do debate “Celebrar a Universidade, perspectivar o Ensino Superior no séc. XXI”, promovido através da Internet pela Universidade Politécnica de Maputo.

Danilo Barbato, académico e especialista em gestão de recursos financeiros no ensino superior, assinalou que o baixo acesso dos alunos moçambicanos à Internet constitui um entrave ao impulso reformador imposto pela nova conjuntura no contexto da pandemia de covid-19.”Dos cerca de 30 milhões de habitantes de Moçambique, apenas 20% têm Internet, o que torna o ensino digital um desafio colossal”, afirmou.

Considerando inevitável o modelo híbrido de ensino, que vai assentar na combinação entre a presença na sala de aulas e o ensino virtual, Danilo Barbato defendeu um “consórcio para a inclusão digital”, através da mobilização de escolas, empresas e entidades públicas.”Temos de nos preparar para um cenário em que o professor vai deixar de ser o núcleo central do processo educativo, porque a capitalização dos meios digitais vai conferir um maior espírito autodidacta aos estudantes”, referiu.

Por seu turno, o reitor da Universidade de Moçambique (UDM) e filósofo Severino Ngoenha considerou incontornável “uma nova pedagogia” imposta por um maior recurso aos meios digitais no ensino. “Os meios digitais que os alunos viam como lazer passam a ser meios didácticos e as plataformas digitais serão a nova pedagogia”, frisou Ngoenha.

Lourenço do Rosário, fundador da Universidade Politécnica, a primeira privada em Moçambique, considerou necessário que as instituições de ensino superior no país voltem a ganhar autonomia para imporem o seu destino, criticando a burocratização pelo Estado na definição dos programas lectivos das universidades.

“O diálogo entre pares das universidades sobre a definição programática da formação universitária foi entregue a um debate de burocratas que retirou autonomia às universidades”, criticou Lourenço do Rosário. Nesse sentido, prosseguiu, é urgente que as instituições de ensino recuperem o direito de traçar o seu próprio caminho.

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