O CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanne, afirmou na quarta-feira que os investimentos em energias renováveis em África estão a ser dificultados pela falta de garantias de empréstimos governamentais, devido ao controlo rigoroso do Fundo Monetário Internacional sobre o endividamento dos países.
Pouyanne destacou que os projectos de electricidade em África enfrentam um problema de solvência, com o risco de não serem pagos. “Quando um promotor de energias renováveis quer se desenvolver e tem um enorme potencial, vai ao Governo pedir garantias”, explicou. No entanto, os governos africanos não podem dar essas garantias devido às restrições impostas pelo FMI.
Como resultado, a TotalEnergies tem-se concentrado principalmente em projectos mineiros business-to-business em África, onde há mais garantias de pagamento.
Apesar disso, a TotalEnergies está envolvida em projectos de energias renováveis em África, incluindo dois parques solares no Egipto, planos para construir uma central hidroeléctrica em Moçambique e um projecto de energia solar e armazenamento de baterias na África do Sul.
A empresa possui projectos globais de energias renováveis que totalizavam 22 gigawatts (GW) de capacidade instalada até o final de 2023, o maior entre os grandes grupos petrolíferos, com operações em 40 países africanos, América Latina, Eurásia, EUA e Médio Oriente.
Os comentários foram feitos durante um diálogo governo-indústria organizado pela Agência Internacional de Energia, com foco em África e nas energias renováveis.
Pouyanne expressou desilusão por não ver um verdadeiro organismo financeiro internacional para contra-garantir os Estados africanos, sem lhes pedir mais do que o necessário. Ele citou o exemplo da central solar de 1 GW da TotalEnergies no Iraque, onde os financiadores internacionais do projecto estavam a pedir ao governo iraquiano mais garantias de empréstimo do que à própria TotalEnergies, levando a empresa francesa a auto-segurar totalmente o projecto para evitar sobrecarregar o governo com mais dívidas.