Sobre as taxas de juro, o representante residente do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Moçambique, Alexis Mayer, afirmou que o empresariado nacional tem de ver a política monetária como um instrumento para salvaguardar o valor do metical e a estabilidade macroeconómica.
“A questão das taxas de juro tem sido debatida sempre, e tenho respondido que esta é formada por uma série de condições. A política monetária de um banco central sério baseia-se nos seguintes factores: níveis de endividamento, risco soberano, estrutura populacional e riscos financeiros de um país”, disse Alexis Mayer. E continuou: “depois disso, há questões conjunturais, como as questões de riscos inflacionários e, num país pequeno com um nível de endividamento alto, a política monetária também é um instrumento para trazer estabilidade. Logo, tem de se ver a política monetária neste contexto global, de salvaguardar o valor do metical e a estabilidade macroeconómica”.
Alexis Mayer referiu ainda que “às vezes, ouvimos que a política monetária deveria ser mais baixa, mas se os juros fossem mais baixos do que o necessário para manter a estabilidade do metical, nós teríamos a ‘não estabilidade do metical’, teríamos uma desvalorização alta e isso certamente traria constrangimentos fortes para o empresariado”, disse, para depois lembrar que “a estabilidade vem com um custo, essa é a realidade, não há desvio possível. Alguns países com governos populistas tentam reverter essa lógica, mas depois ‘queimam-se’”.
Durante o evento, o representante do FMI avançou que Moçambique registou um crescimento robusto nas últimas duas décadas e apontou o desempenho da agricultura e serviços e o investimento privado no sector extractivo como sendo os principais determinantes do crescimento.
O diplomata do FMI observou, porém, que esse crescimento tem vindo a arrefecer e a pobreza e as desigualdades continuam elevadas.
Com mais de 150 participantes, o Breakfast on Economics And Business da Associação do Comércio, Indústria e Serviços contou também com as intervenções da Bolsa de Valores de Moçambique e do Moza Banco, que apresentarem soluções do mercado de capitais e linhas de financiamento disponíveis para as empresas.
O evento juntou vários actores relevantes no desenvolvimento do País, com destaque para representantes do sector público, agências de apoio ao desenvolvimento do sector privado, instituições diplomáticas, entre outros.
Diário Economico