A estatal indiana ONGC Videsh Ltd (OVL) aprovou um novo investimento de 180 milhões de dólares no projecto de gás natural liquefeito (LNG) em Moçambique, sinalizando a retomada das operações na Área Offshore 1 da bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado. O financiamento reforça o compromisso da Índia com a exploração energética no país, após a suspensão das actividades em Abril de 2021 devido a ataques insurgentes.
Segundo fontes da empresa, há expectativas de que a revogação do regime de força maior ocorra em breve, permitindo a retoma das operações. O montante agora aprovado será canalizado para a Beas Rovuma Energy Mozambique Limited (BREML), subsidiária da OVL, onde a estatal indiana detém 60% de participação, enquanto os restantes 40% pertencem à Oil India Limited (OIL).
Fora do investimento directo, a OVL também aprovou um empréstimo sénior de 379,3 milhões de dólares, a ser concedido pela subsidiária OVL Overseas IFSC Ltd (OOIL) à Moz LNG1 Financing Company Ltd (MozLNG1), entidade que apoia o financiamento do consórcio do projecto. A operação contará ainda com garantias financeiras prestadas pela OVL.
A Área 1 do Rovuma cobre uma extensão de aproximadamente 2,6 milhões de acres e abriga reservas de gás estimadas em 75 biliões de pés cúbicos. A importância do projecto para a Índia reside tanto na abundância de recursos como na proximidade geográfica, que facilita a exportação de LNG para abastecer o mercado indiano.
A estrutura accionista do projecto reflecte uma presença significativa da Índia, que controla 30% do consórcio através das seguintes participações:
- ONGC Videsh – 10% directos + 6% indirectos via BREML
- BPRL Ventures Mozambique BV (subsidiária da Bharat Petro Resources Ltd – BPCL) – 10%
- Oil India Limited (OIL) – 4%
O projecto é liderado pela TotalEnergies, que detém 26,5% da participação, enquanto outros accionistas incluem a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH, 15%), a Mitsui E&P Mozambique Area 1 Ltd. (20%) e a PTTEP Mozambique Area 1 Ltd. (8,5%), ligada à estatal tailandesa de energia.
Com este novo financiamento, o projecto da Área 1 avança para a sua retoma, reafirmando Moçambique como um actor estratégico no sector energético global.