Segunda-feira, Março 17, 2025
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Kenmare: Ex-CEO disputa Mina de Moma com proposta acima de 600 milhões de dólares

O ex-presidente executivo da Kenmare Resources, Michael Carvill, está a liderar uma tentativa de aquisição da empresa, em parceria com o fundo de investimento Oryx Global Partners, sediado em Abu Dhabi. A proposta apresentada para a compra da mina moçambicana de Moma ascende a 615 milhões de dólares (39 mil milhões de meticais).

De acordo com informações divulgadas pela própria Kenmare, a oferta inicial, equivalente a 615 milhões de dólares (39 mil milhões de meticais), representava um prémio de 92% sobre o valor de mercado da empresa antes do anúncio.

No entanto, a administração da Kenmare rejeitou a proposta, considerando que subestima o verdadeiro valor da empresa. Apesar disso, foi concedida à Oryx e a Carvill a possibilidade de analisar as contas da companhia, abrindo caminho para uma eventual revisão da oferta.

A mina de Moma, localizada em Moçambique, é uma das principais fontes mundiais de minerais de titânio e zircão, amplamente utilizados nas indústrias de tintas, plásticos, cerâmica e têxteis. A Kenmare detém 7% do mercado global de ilmenite, um dos principais produtos extraídos na mina.

Apesar da sua importância estratégica, a empresa tem enfrentado desafios relacionados com a queda dos preços dos minerais de titânio, a instabilidade política no País e atrasos nas negociações de um novo regime de royalties com as autoridades locais. A empresa encontra-se ainda a meio de um grande programa de investimento, avaliado em centenas de milhões de dólares, que inclui a modernização e relocalização da sua principal instalação de extracção dentro do complexo de Moma.

Michael Carvill, de 65 anos, liderou a Kenmare desde a sua fundação e desempenhou um papel central no desenvolvimento da mina de Moma. A empresa iniciou a exploração do depósito mineral em 1987, e a produção arrancou em 2007. Carvill deixou a administração da empresa em 2024, num contexto de pressões para uma possível venda da mineradora.

O analista Richard Hatch, do banco de investimento Berenberg, afirmou que Carvill parece reconhecer um valor maior na Kenmare do que o mercado lhe atribui actualmente. Segundo Hatch, um aumento da oferta para cerca de 7,50 dólares (480 meticais) poderia ser considerado justo e benéfico para os accionistas.

Carvill, que actualmente detém cerca de 0,6% da empresa, poderá beneficiar de um plano de incentivos baseado em acções, caso a aquisição pela Oryx seja bem-sucedida. A Kenmare tem sido alvo de interesse por parte de outros investidores.

Em 2023, a Rio Tinto e a International Resources Holding, outro fundo de Abu Dhabi, analisaram a empresa, incentivados por pressões do accionista Jo Hambro, que detém 6% das acções. No entanto, nenhuma dessas abordagens resultou numa venda.

Nos últimos anos, a Kenmare apresentou resultados financeiros voláteis. Em 2022, a empresa registou um EBITDA de 298 milhões de dólares (18,9 mil milhões de meticais), impulsionado pela valorização dos preços do titânio. No entanto, em 2023, esse valor caiu para 220 milhões de dólares (14 mil milhões de meticais), reflectindo a descida da procura e dos preços do sector.

Desde 2019, a empresa distribuiu 280 milhões de dólares (17,8 mil milhões de meticais) aos seus accionistas através de dividendos e recompra de acções, reduzindo a participação do fundo soberano de Omã para cerca de 17%.

Entre os investidores, há um consenso crescente de que a Kenmare poderá ser vendida em breve, dependendo do valor final da oferta. Um dos principais accionistas afirmou: “Acredito que há um consenso geral de que a empresa será vendida. A questão é apenas o valor final da oferta.”

Com a possibilidade de uma revisão da proposta por parte de Carvill e da Oryx, o futuro da mina de Moma permanece incerto, enquanto o mercado aguarda os próximos desenvolvimentos.

Fonte: Irish Times

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