O desenvolvimento do mercado de biocombustíveis em Moçambique exigirá um investimento total de cerca de 13,9 mil milhões de meticais (190 milhões de dólares), segundo um estudo de viabilidade encomendado pelo Ministério da Economia e Finanças (MEF) à consultora Green Light. Este estudo visa apoiar a implementação da medida 10 do Pacote de Medidas de Aceleração Económica (PAE), que prevê a mistura obrigatória de biocombustíveis nos combustíveis líquidos importados para consumo interno.
O relatório, consultado esta Segunda-feira (7) pelo DE, foi elaborado com o intuito de promover a utilização de combustíveis renováveis no país, prevendo que o investimento seja dividido entre a produção de 71 milhões de litros de biodiesel e 82 milhões de litros de bioetanol. Para a produção de biodiesel, o estudo estima um investimento de 6,9 mil milhões de meticais, enquanto para a produção de bioetanol serão necessários 6,8 mil milhões de meticais. Este montante inclui custos com a aquisição de equipamentos, desenvolvimento agrícola e outras despesas relacionadas à implementação do projecto.
A produção de biocombustíveis em Moçambique terá como base culturas já cultivadas no país, como a cana-de-açúcar e a mandioca. O melaço, um subproduto da produção de açúcar, poderá cobrir até 50% da demanda nacional de bioetanol no primeiro ano do projecto. Para alcançar as metas de produção inicialmente previstas, estima-se que sejam necessários 27 mil hectares de cana-de-açúcar e 107 mil hectares de mandioca.
O estudo identifica ainda áreas estratégicas para o desenvolvimento deste sector, apontando a zona Centro, com distritos como Dondo e Chiúta, e o Norte, com Angoche e Cuamba, como regiões com grande potencial para a produção de biocombustíveis. A selecção dessas áreas foi feita com base em análises detalhadas que consideraram factores como a aptidão do solo e a existência de infra-estrutura para transporte.
“O projecto de biocombustíveis poderá não só reduzir a dependência de Moçambique de combustíveis fósseis, mas também criar novas oportunidades económicas e de emprego, sobretudo no sector agrícola”, destaca o estudo. Além disso, o relatório refere que o projecto está alinhado com os esforços do governo para fomentar a transição energética e contribuir para a mitigação das mudanças climáticas.
De acordo com o estudo, o custo final de produção do biodiesel será de aproximadamente 121,41 meticais (1,9 dólares) por litro, enquanto o bioetanol poderá custar entre 57,51 meticais a 89,46 meticais (0,90 e 1,4 dólares) por litro, dependendo da optimização dos processos de produção. A consultora Green Light, que liderou o estudo, sublinha que há margem para reduzir esses custos em cenários mais favoráveis, nomeadamente através de melhorias logísticas e maior eficiência na produção.
A implementação da medida 10 do PAE, que exige a mistura de biocombustíveis nos combustíveis líquidos importados, será um passo importante para a dinamização deste sector. “O desenvolvimento de uma cadeia de valor robusta e sustentável para os biocombustíveis poderá transformar Moçambique num ator relevante na região, tanto em termos de consumo interno como de exportação de combustíveis renováveis”, lê-se no documento.
O relatório conclui que, apesar do elevado investimento inicial, os benefícios económicos e ambientais a longo prazo são significativos, permitindo ao país avançar na adopção de uma economia de baixo carbono e criar uma indústria de biocombustíveis competitiva no contexto regional.