Thursday, October 23, 2025
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Moçambique autorizou 115 novos projectos de investimento avaliados em 5 MM$ no primeiro semestre

O Governo moçambicano autorizou, no primeiro semestre do presente ano, 115 projectos de investimento, orçados em aproximadamente 5 mil milhões de dólares (316 mil milhões de meticais), com potencial de criar cerca de 17 mil postos de trabalho.

A informação foi avançada este sábado (30), pela primeira-ministra, Benvinda Levi, durante o encerramento da 60.ª edição da Feira Internacional de Maputo – FACIM 2025 que decorreu desde segunda-feira (25) no Centro Internacional Feiras e Exposições de Ricatla, localizado no distrito de Marracuene, província de Maputo.

“Dos projectos aprovados, destaque vai para o Green Energy Moçambique, com um investimento total de 3 mil milhões de dólares e potencial de gerar 10 mil postos de trabalho”, assinalou a governante.

O projecto visa a construção e gestão de um parque industrial composto por unidades de processamento de minerais para a produção de dióxido de titânio, alumínio, aço, cimento, baterias, painéis solares, entre outros a serem implantados na província de Sofala.

Falando da FACIM 2025, a primeira-ministra afirmou que a exposição de bens e serviços nos diversos pavilhões na feira reflecte o pulsar da economia, destacando a importância dos seminários e eventos temáticos destinados à promoção de investimentos para o aumento da produção, abastecimento do mercado interno e das exportações.

No seu discurso de encerramento, a governante anunciou a participação de 2 334 expositores nacionais, 180 estrangeiros provenientes de 28 países, representantes do Estado e do sector privado de todas as províncias.

Levi sublinhou que na visita aos diferentes pavilhões atestou a elevação da criatividade, qualidade, inovação e diversificação dos bens e serviços expostos, com destaque para os produtos agrícolas, manufacturados, serviços de comunicação e tecnologias de informação, serviços de saúde, indústria cultural e criativa.

EMOSE leva Seguro de Saúde e Seguro Automóvel “Ruca” à FACIM 2025

O Seguro de Saúde e o Seguro Automóvel denominado “RUCA” estão entre as principais ofertas em disseminação pela Empresa Moçambicana de Seguros (EMOSE, SA), na Feira Internacional de Maputo (FACIM), que neste ano, decorre na sua 60ª edição.

O seguro de saúde está voltado para empresas, mas a EMOSE já estuda mecanismos para que singulares e famílias, beneficiem deste produtos. Enquanto isso não acontece, Santos Magaia, Administrador do Pelouro Técnico e Operacional da EMOSE, apela às empresas para que apostem no seguro de saúde para garantir o bem-estar dos seus colaboradores. “Nós como EMOSE temos este produto e, poderemos, oportunamente, com os tomadores de decisão, discutir ao detalhe, quais são as suas dinâmicas.

O que podemos dizer, neste momento, é que o nosso produto é bom e trabalhamos com os melhores provedores de serviços de saúde, que o mercado moçambicano e internacional oferecem”, explicou o gestor. O Seguro Automóvel “RUCA” protege o condutor, de danos contra terceiros. Ao aderir a este produto, dentro do recinto da Feira Internacional de Maputo, o subscritor tem a vantagem de pagar uma taxa anual de 1.888,00 mt (mil, oitocentos oitenta e oito meticais).

Para a adesão a este seguro automóvel, o consumidor tem, além de pagar a taxa, de portar o Bilhete de Identificacao (BI), passaporte ou carta de condução, incluindo o Número de Identificação Tributária (NUIT), o livrete e o respectivo título de propriedade. A campanha que decorre desde o dia 25 Agosto, vai prosseguir durante todo o mês de Setembro.

Novos talentos são formados e integrados na equipa da Vodacom Mocambique.

A Vodacom Moçambique celebrou a conclusão da turma 2023 do Programa de Graduados, uma iniciativa concebida para oferecer experiência profissional, desenvolver os novos talentos e disponibilizar profissionais competentes ao mercado.

Nesta edição, o programa recebeu cerca de 1.800 candidaturas, das quais 20 foram selecionadas e conduzidas por um processo de aprimoramento Os candidatos possuem formação em áreas como Contabilidade e Auditoria, Economia, Engenharia Electrónica, Ciências da Computação, Informática, Finanças e Gestão de Empresas, entre outras especialidades.

Cerca de 90% do grupo é do sexo feminino. Com duração de 24meses, o Programa de Graduados da Vodacom caracteriza-se por uma formação com o uso de uma metodologia intensiva que expõe os participantes a diferentes áreas de negócio e de gestão da Vodacom Moçambique. Durante o percurso, os jovens passam por diversas unidades da empresa em regime de rotação, adquirindo competências técnicas, habilidades de liderança e uma visão da cultura organizacional, até assumirem assuasfunções definitivas.

Para o CEO da Vodacom Moçambique, Simon Karikari, esta iniciativa constitui um investimento no futuro do país.“ O Programa de Graduados insere-se na nossa estratégia de desenvolvimento do capital humano. Investimos na preparação de jovens porque acreditamos serem os futuros líderes de Moçambique.

A integração destes graduados no quadro de colaboradores representa uma aposta clara na inovação, no conhecimento local e no crescimento da Vodacom e do país.” O compromisso da empresa é igualmente reforçado pela Directora de Recursos Humanos da Vodacom Moçambique, Kátia Meggy, que destaca a importância dessa iniciativa. “Como Vodacom, acreditamos que o futuro de qualquer organização depende da qualidade das pessoas que a compõem. Por isso, continuaremos a investir em programas estruturados que oferecem oportunidades reais de progressão profissional e impacto social.”

Directora de Recursos Humanos da Vodacom Moçambique, Kátia Meggy.

Entre os jovens integrados nesta edição, o testemunho de Esperança Chongola, uma das graduadas, ilustra o impacto pessoal e profissional do programa: “Participar no Programa de Graduados transformou a minha visão profissional e pessoal.

Tive acesso a diversas experiências, orientação de profissionais excelentes e contacto directo com projectos que exigiram adaptação, resiliência e inovação. Hoje, sinto-me preparada para contribuir para o desenvolvimento da Vodacom e para inspirar outras jovens.” Com este programa, a Vodacom reafirma o seu compromisso em impulsionar a juventude moçambicana através de mecanismos estruturados que fortalecem competências e ampliam perspectivas de empregabilidade.

Banco de Desenvolvimento de Moçambique deverá estar operacional até final de 2025

O governo prevê concluir, até ao final deste ano, a criação do Banco de Desenvolvimento de Moçambique (BDM), uma instituição financeira que surge em resposta à necessidade de conceder financiamentos de médio e longo prazo a projectos estruturantes ligados à industrialização e valorização dos recursos nacionais.

A informação foi avançada pelo Coordenador de Reformas do Ministério da Economia e Finanças, João Macaringue, em entrevista a AIM, durante a sessão de socialização do projecto, realizada hoje (27), em Maputo, a margem dos debates em curso na FACIM 2025, num evento que juntou representantes de instituições nacionais, empresários e parceiros internacionais.

Segundo a fonte, o país encontra-se ainda na fase inicial de auscultação pública. “Estamos a dar o kickoff do processo. O próximo passo será percorrer todas as províncias, recolher contributos, sistematizar e submeter o projecto ao Conselho de Ministros, para depois avançar para aprovação final no Parlamento”, explicou.

De acordo com o coordenador, o objectivo é legalizar o banco até Dezembro próximo, bem como aprovar pela Assembleia da República, prevendo-se o início em 2026 a fase de implementação. “A decisão é que, até ao final deste ano, tenhamos o banco aprovado pelo Parlamento, para que o próximo ano se inicie a implementação”, garantiu.

O modelo de governação inspira-se em experiências de países vizinhos, como África do Sul e Namíbia, que partilharam práticas e lições aprendidas durante a socialização. Estiveram presentes representantes do DBSA (Development Bank of Southern Africa) e do Business Finance da Namíbia, incluindo o antigo CEO do Banco de Desenvolvimento da Namíbia.

Segundo o coordenador, um dos pontos centrais do projecto é garantir independência do banco e transparência na gestão, evitando interferência política. “O estudo aponta para a necessidade de uma estrutura de governação que inclua agências de desenvolvimento, assegurando credibilidade e alinhamento com os grandes objectivos nacionais”, destacou.

Para o governo, o Banco de Desenvolvimento será determinante para transformar o discurso sobre o potencial de Moçambique em riqueza concreta para os cidadãos. “Temos gás, carvão, rios que atravessam o país e uma posição geoestratégica única, mas tudo isso só pode ser explorado se houver capacidade de investir e transformar recursos em valor”, frisou.

O responsável defendeu ainda que a instituição deverá ser capaz de atrair capitais internacionais para complementar os limitados recursos internos. “Um país como o nosso não pode criar sozinho um banco desta dimensão. Precisamos agregar capitais de várias instituições de desenvolvimento e adaptá-los à realidade económica de Moçambique”, afirmou.

Nesse sentido, foram mencionadas instituições como o DBSA e outras entidades internacionais que poderão vir a ser parceiras estratégicas.

Especialistas sublinham que o banco terá um papel crucial na mobilização de financiamento de longo prazo para sectores prioritários, como energia, agricultura, transportes, habitação e industrialização. A sua criação representa um passo decisivo para que o país deixe de depender apenas de receitas de exportação de matérias-primas e avance para a transformação local e geração de valor interno.

“Este banco vai permitir que Moçambique passe do potencial para resultados tangíveis”, concluiu o coordenador de reformas.

(AIM)

EDM investe mais de 700 milhões USD em projectos de transporte e distribuição de energia

A Electricidade de Moçambique (EDM) afirma que está a gerir uma carteira de projectos superior a 700 milhões de dólares, para o transporte e distribuição de energia.

Em paralelo está a investir em novas centrais para a geração de energia para assegurar a industrialização e o crescimento económico.

Segundo o director de Transporte da EDM, Luís Mado, ouvido pela AIM, a empresa gasta igualmente, cerca de 50 milhões de dólares norte-americanos anuais, apenas para manter os clientes já existentes e assegurar a estabilidade da rede.

“A EDM tem uma carteira de projectos muito grande. Só para manter os clientes que temos e garantir algumas expansões, gastamos todos os anos cerca de 50 milhões de dólares”, explicou.

Amado reafirma que, com apoio do Governo e de parceiros internacionais, a EDM tem em curso mais de 700 milhões de dólares em projectos de rede de transporte e distribuição, investimentos que visam reforçar a rede interna, bem como a interligação regional, assegurando a exportação de energia.

Segundo a fonte, um dos projectos emblemáticos é a linha de interconexão com o Malawi, actualmente em construção, que deverá estar concluída ainda este ano.

“Temos vários projectos de transporte e distribuição em execução, que vão reforçar a rede e garantir ligação com países vizinhos. A linha para o Malawi é um dos marcos que esperamos concluir até ao final do ano”, destacou o responsável.

No sector de geração, a EDM aposta em centrais estruturantes, tal como a Central de Temane, na província de Inhambane, zona Sul, com capacidade de 450 megawatts (MW), que já entrou na fase terminal de construção.

“A Central de Temane conheceu algum atraso devido ao ciclone Idai, mas já retomou. A linha de transmissão associada está concluída e a central deverá começar a injectar energia brevemente”, afirmou o dirigente.

Outro projecto estratégico é a hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa, que deverá acrescentar 1.500 MW à matriz energética nacional e será essencial para suprir a crescente procura industrial e de exportação.

“Temos que lutar para que projectos como o de Mphanda Nkuwa sejam uma realidade nos próximos cinco a seis anos. Caso contrário, o país poderá enfrentar um défice energético”, adverte o director da EDM.

A EDM reconhece que enfrenta dificuldades em antecipar-se à instalação de novas indústrias, que frequentemente chegam antes da rede eléctrica.

“É a indústria que se instala primeiro e só depois levamos energia. Isso tem que mudar. Precisamos de garantir que, quando as empresas chegarem, já tenham electricidade disponível”, defendeu o dirigente.

A necessidade de competitividade também foi destacada, com o objectivo de reduzir custos para os consumidores e assegurar energia a preços sustentáveis.

“A nossa luta com os produtores privados é garantir preços competitivos. Só assim conseguiremos ter energia que os clientes possam pagar e que ajude a indústria a crescer”, explicou.

Actualmente, a EDM opera nove centrais eléctricas e várias outras estão em fase de estruturação e busca de financiamento. A expansão da geração terá que acompanhar o ritmo de crescimento da procura, devido a rápida industrialização e electrificação rural.

“Já não é como há dez anos. Hoje, precisamos que novas centrais entrem em funcionamento com maior rapidez, para responder ao ritmo do desenvolvimento do país”, concluiu o director.

Fonte: (AIM)

PCA da Mozal optimista no desfecho positivo das negociações com o Governo

O Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Mozal, Samuel Samu Gudo, manifestou, na segunda-feira, em Maputo, optimismo quanto ao desfecho das negociações com o Governo.

Ele entende que, actualmente, o mais importante é ter calma, até que haja uma conclusão sobre a decisão de a Mozal suspender em definitivo ou não as suas actividades em Moçambique.

Samu Gudo acredita que no diálogo em curso se vai encontrar um ponto de equilíbrio para o fornecimento de energia da Hidroeléctrica de Cahora Bassa à fundidora de alumínio.

“[Temos de ter] acima de tudo esperança. A Mozal é de Moçambique, está aqui e temos de ter calma. Qualquer negociação desta natureza que é complexa [porque] envolve conversar com o Governo de Moçambique, com a HCB e a Eskom. É uma negociação transfronteiriça e envolve todos os stakeholders que devemos tomar em consideração. Acima de tudo é preciso ter calma e paciência” disse.

Quando questionado sobre a possibilidade de milhares de moçambicanos ficarem sem seus postos de trabalho com a eventual saída da Mozal, referiu ser inoportuno para avançar qualquer certeza.

“Eu não posso dar nenhuma certeza. Mas posso dizer que tudo faremos para continuara a negociar…  Por respeito a todas as pessoas, só posso dizer que estamos a trabalhar e a conversar com o Governo e todos os participantes” referiu.

Para já, considerou que qualquer decisão que impacte negativamente qualquer das partes interessadas no processo “é uma má decisão”.

“Temos de encontrar uma solução que seja possível a coabitação das duas entidades, a Mozal e a HCB. Insisto que tenhamos esperança e fé de que tudo será feito para que a Mozal continue a sorrir e ninguém desligue as luzes em 2026” frisou.

Huruda Malungane: “Reconhecemos os dados como um activo estratégico, ao mesmo nível dos financeiros”

Huruda Malungane, fundadora e CEO do Fórum CFO Mozambique, estará presente como oradora na 7.ª edição das Conferências Indico, agendada para o dia 03 de setembro. No painel subordinado ao tema “Dados como Motor de Valor: Inovação, Finanças e Inteligência Artificial”, Malungane abordará o papel dos dados como activo estratégico na gestão financeira, destacando como sua utilização pode aumentar a eficiência operacional, fortalecer a tomada de decisão e criar novas oportunidades de negócio.

A sua intervenção pretende oferecer uma visão prática e analítica sobre a integração de inteligência artificial e inovação financeira, evidenciando o potencial dos dados para dinamizar a economia moçambicana.

Profile Mozambique: Em Moçambique, o volume de dados gerados por sectores como a banca, telecomunicações, seguros e consumo cresce de forma acelerada. Na sua perspectiva, quais são os caminhos mais eficazes para transformar este fluxo de dados em valor económico concreto, contribuindo para maior eficiência das organizações e dinamização da economia nacional?

Huruda Malungane: Do meu ponto de vista, o primeiro passo é reconhecer os dados como um activo estratégico, ao mesmo nível dos activos financeiros. Para que estes se transformem em valor real, sustentamos a necessidade de assentar a sua gestão em três pilares fundamentais. O primeiro passa pela criação de infraestruturas digitais robustas, capazes de assegurar a recolha, o armazenamento e o tratamento de informação em tempo real.

O segundo exige a capacitação técnica das equipas, com destaque para áreas como ciência de dados e análise preditiva, de modo a que a informação não se limite a registos históricos, mas se converta em base para decisões estratégicas de negócio. O terceiro pilar centra-se na integração intersectorial, pois acreditamos que o verdadeiro valor reside na capacidade de cruzar dados provenientes de diferentes áreas, como saúde, seguros e telecomunicações, criando soluções mais inclusivas e acessíveis.

Geridos com rigor, os dados têm o potencial de aumentar a eficiência operacional, reduzir custos de transação e, acima de tudo, gerar novos modelos de negócio capazes de dinamizar a economia nacional.

PM: Considerando a realidade do país, que sectores acredita estarem melhor posicionados para liderar a adoção de inteligência artificial e a monetização de dados? E de que forma esse movimento pode redefinir a competitividade das empresas moçambicanas no mercado regional e internacional?

HM: Acredito que a banca, as telecomunicações e os seguros estão naturalmente mais bem posicionados para liderar este processo, não apenas pela escala de dados que já geram, mas também pela sua importância sistémica na economia nacional. A inteligência artificial, aplicada a estes sectores, pode trazer ganhos significativos. Na banca, por exemplo, pode permitir um scoring de crédito mais inclusivo, que contemple também clientes sem histórico formal. No sector das telecomunicações, abre-se espaço para o desenvolvimento de produtos financeiros móveis e seguros acessíveis por via de plataformas digitais. Já nos seguros, a aposta em modelos de pricing dinâmico, baseados em comportamento, pode reduzir fraudes e, simultaneamente, aumentar a acessibilidade dos serviços.

Ao assumirem a dianteira, estes sectores podem construir uma vantagem competitiva regional, projectando Moçambique não apenas como consumidor de soluções tecnológicas, mas como exportador de inovação adaptada ao contexto africano.

PM: Grande parte da economia moçambicana assenta nas pequenas e médias empresas. Que soluções práticas e acessíveis podem ser criadas para permitir que também as PMEs integrem os dados como activo estratégico na sua gestão financeira, evitando que a transformação digital seja um privilégio exclusivo das grandes organizações?

HM: Para as pequenas e médias empresas, entendemos que é essencial apostar em soluções simples, modulares e de baixo custo, que se ajustem à sua realidade operacional. Algumas medidas práticas podem fazer a diferença. Destaco, por exemplo, a utilização de plataformas de contabilidade digital em cloud, acessíveis mediante subscrições mensais reduzidas, e o recurso a ferramentas de análise financeira simplificadas, capazes de traduzir dados em insights claros sobre fluxo de caixa, rentabilidade e riscos.

Acredito, igualmente, na importância de incentivos fiscais ou de parcerias público-privadas que abram às PMEs a possibilidade de aceder a serviços de consultoria digital. Paralelamente, os programas de capacitação em literacia financeira e digital tornam-se decisivos, permitindo que os gestores consigam interpretar e aplicar os dados no quotidiano da gestão.

Deste modo, os dados deixam de ser encarados apenas como relatórios obrigatórios para o fisco e passam a constituir um verdadeiro instrumento de planeamento estratégico, acessível também às pequenas empresas, reforçando a sua competitividade no mercado.

PM: A utilização de dados financeiros como activo levanta questões de privacidade, transparência e regulação. Que desafios regulatórios e éticos identifica neste processo em Moçambique e que medidas considera fundamentais para assegurar confiança e integridade institucional?

HM: Os principais desafios que identifico no aproveitamento estratégico dos dados são claros. Primeiramente, sinto a ausência de um quadro legal robusto que assegure a proteção de dados pessoais e financeiros. Em segundo lugar, enfrentamos o risco de exclusão digital, em que apenas uma parcela da população consegue usufruir do ecossistema digital, deixando muitos fora do acesso a serviços essenciais. Finalmente, lidamos com fraudes e uso indevido de informação sensível, consequência da falta de mecanismos de fiscalização eficazes.

Para mitigar esses riscos, acreditamos ser fundamentais três medidas estruturantes. A primeira é a aprovação e implementação de uma lei de proteção de dados adaptada à realidade moçambicana. A segunda consiste na criação de uma entidade reguladora independente, capaz de garantir transparência, segurança e fiscalização contínua.

A terceira envolve o incentivo a práticas de governança ética dos dados, incluindo auditorias regulares e programas de educação digital para a sociedade. Sem confiança e integridade institucional, afirmamos, os dados perdem seu valor económico e deixam de ser um instrumento de desenvolvimento.

PM: Num horizonte de médio prazo, como imagina o papel dos dados na gestão financeira em Moçambique? Que mudanças estruturais podem decorrer da combinação entre dados, inteligência artificial e inovação financeira para o desenvolvimento sustentável do país?

Identificamos desafios significativos no uso estratégico dos dados. Entre os principais, destaco a ausência de um quadro legal sólido para a proteção de dados pessoais e financeiros, o risco de exclusão digital, que limita o acesso de parte da população ao ecossistema digital, e a ocorrência de fraudes e uso indevido de informações sensíveis devido à falta de mecanismos eficazes de fiscalização.

Para contornar estas questões, consideramos fundamentais três medidas. Primeiro, a aprovação e implementação de uma lei de protecção de dados adaptada à nossa realidade. Segundo, a criação de uma entidade reguladora independente, capaz de assegurar transparência e segurança. Terceiro, o incentivo a práticas de governança ética de dados, com auditorias regulares e programas de educação digital para a sociedade. Sem confiança e integridade institucional, os dados perdem valor económico e deixam de ser um instrumento de desenvolvimento estratégico.

Huruda Malungane: “We recognize data as a strategic asset, on the same level as financial assets”

Huruda Malungane, founder and CEO of the CFO Forum Mozambique, will be a speaker at the 7th edition of the Indico Conferences, scheduled for September 3. On the panel under the theme “Data as a Driver of Value: Innovation, Finance and Artificial Intelligence”, Malungane will address the role of data as a strategic asset in financial management, highlighting how its use can increase operational efficiency, strengthen decision-making, and create new business opportunities.

Her contribution aims to offer a practical and analytical perspective on the integration of artificial intelligence and financial innovation, showcasing the potential of data to drive Mozambique’s economy.

Profile Mozambique: In Mozambique, the volume of data generated by sectors such as banking, telecommunications, insurance and consumer markets is growing rapidly. In your view, what are the most effective ways to transform this flow of data into tangible economic value, contributing both to greater organizational efficiency and to the dynamization of the national economy?

Huruda Malungane: From my perspective, the first step is to recognize data as a strategic asset, on the same level as financial assets. For this to be transformed into real value, we believe its management must rest on three fundamental pillars. The first is the creation of robust digital infrastructures, capable of ensuring real-time data collection, storage, and processing.

The second is the technical empowerment of teams, with emphasis on areas such as data science and predictive analytics, so that information is not limited to historical records but becomes a basis for strategic business decision-making.

The third pillar is intersectoral integration, as we believe that the true value lies in the ability to combine data from different areas, such as health, insurance, and telecommunications, creating more inclusive and accessible solutions. When managed with rigor, data has the potential to increase operational efficiency, reduce transaction costs and, above all, generate new business models capable of stimulating the national economy.

PM: Considering the country’s reality, which sectors do you believe are best positioned to lead the adoption of artificial intelligence and the monetization of data? And in what way can this movement redefine the competitiveness of Mozambican companies in the regional and international markets?

HM: I believe that banking, telecommunications, and insurance are naturally best positioned to lead this process, not only because of the scale of data they already generate, but also due to their systemic importance in the national economy. Artificial intelligence, when applied to these sectors, can deliver significant gains. In banking, for example, it can enable more inclusive credit scoring models that also consider clients without a formal history.

In telecommunications, there is scope for the development of mobile financial products and accessible insurance through digital platforms. In insurance, the adoption of dynamic pricing models, based on behavior, can reduce fraud while simultaneously increasing accessibility to services. By taking the lead, these sectors can build a regional competitive advantage, positioning Mozambique not only as a consumer of technological solutions but also as an exporter of innovation adapted to the African context.

PM: A large part of Mozambique’s economy is based on small and medium-sized enterprises. What practical and accessible solutions can be created to allow SMEs as well to integrate data as a strategic asset in their financial management, avoiding digital transformation being an exclusive privilege of large organizations?

HM: For small and medium-sized enterprises, we believe it is essential to invest in simple, modular, and low-cost solutions that are adjusted to their operational reality. Some practical measures can make a real difference. I would highlight, for example, the use of cloud-based digital accounting platforms, accessible through affordable monthly subscriptions, and the adoption of simplified financial analysis tools that can translate data into clear insights on cash flow, profitability, and risks.

I also believe in the importance of fiscal incentives or public-private partnerships that open up the possibility for SMEs to access digital consulting services. At the same time, financial and digital literacy programs are decisive, enabling managers to interpret and apply data in their daily management. In this way, data ceases to be viewed merely as mandatory reports for tax purposes and instead becomes a true strategic planning tool, accessible also to smaller enterprises and reinforcing their competitiveness in the market.

PM: The use of financial data as an asset raises issues of privacy, transparency, and regulation. What regulatory and ethical challenges do you identify in this process in Mozambique, and what measures do you consider essential to ensure institutional trust and integrity?

HM: The main challenges I identify in the strategic use of data are clear. Firstly, I see the absence of a robust legal framework that guarantees the protection of personal and financial data. Secondly, we face the risk of digital exclusion, where only a portion of the population can benefit from the digital ecosystem, leaving many without access to essential services.

Finally, we deal with fraud and misuse of sensitive information, a consequence of the lack of effective oversight mechanisms. To mitigate these risks, we believe three structural measures are essential. The first is the approval and implementation of a data protection law adapted to the Mozambican reality.

The second is the creation of an independent regulatory body, capable of guaranteeing transparency, security, and continuous oversight. The third involves promoting ethical data governance practices, including regular audits and digital education programs for society. Without trust and institutional integrity, we affirm, data loses its economic value and ceases to be an instrument of development.

PM: In the medium term, how do you envision the role of data in financial management in Mozambique? What structural changes may result from the combination of data, artificial intelligence, and financial innovation for the sustainable development of the country?

HM: We identify significant challenges in the strategic use of data. Among the main ones, we highlight the absence of a solid legal framework for the protection of personal and financial data, the risk of digital exclusion, which limits access for part of the population to the digital ecosystem, and the occurrence of fraud and misuse of sensitive information due to the lack of effective oversight mechanisms. To address these issues, we consider three measures essential. First, the approval and implementation of a data protection law adapted to our reality.

Second, the creation of an independent regulatory body capable of ensuring transparency and security. Third, the promotion of ethical data governance practices, with regular audits and digital education programs for society. Without trust and institutional integrity, data loses economic value and ceases to be an instrument of strategic development.

Quais as implicações se Moçambique não sair da lista cinzenta do GAFI?

Por: Simão Djedje

Moçambique está hoje na chamada lista cinzenta do Grupo de Acção Financeira Internacional, o GAFI. Essa classificação significa, na prática, que o país ainda tem falhas no combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo. Ou seja, apesar dos compromissos assumidos pelo Governo, ainda há pontos fracos que precisam de ser corrigidos.

Mas a grande questão é: o que acontece se Moçambique não conseguir sair dessa lista?

Em primeiro lugar, há um problema imediato de confiança. Os parceiros internacionais passam a olhar para o sistema financeiro moçambicano com desconfiança. Isso leva a mais fiscalização em cada transação bancária, o que significa atrasos, burocracia e custos adicionais. Para as empresas, torna-se mais difícil atrair investimento estrangeiro. E para o comércio internacional, principalmente importações e exportações, surgem novos obstáculos que reduzem a competitividade das empresas nacionais.

Agora, se o país não só permanecer na lista cinzenta como evoluir para a lista negra, o cenário seria muito mais pesado. Isso poderia significar isolamento quase total do sistema financeiro mundial, restrições sérias no comércio, fuga de investimentos e até a imposição de sanções multilaterais. Em poucas palavras, seria um golpe duro para a economia moçambicana.

É importante lembrar que este desafio não é apenas do Governo. Vários sectores têm responsabilidades directas. Os bancos e instituições financeiras precisam reforçar mecanismos de compliance e controlo de clientes. As empresas devem apostar em governança e transparência. A Ordem dos Contabilistas tem de assegurar auditorias rigorosas, enquanto as Alfândegas precisam combater o contrabando e a subfaturação. Até a Ordem dos Advogados deve estar atenta, para que a profissão não seja usada como ferramenta de ocultação de fluxos ilícitos. E mesmo sectores como o comércio de veículos têm de garantir maior rastreabilidade nas suas operações.

No fundo, sair da lista cinzenta não depende só de leis ou regulamentos, mas de uma mudança de cultura, valorizar integridade e transparência em todos os níveis. Para isso, Moçambique precisa aplicar de forma consistente as recomendações do GAFI, investir na formação de profissionais de auditoria e supervisão e criar uma frente unida entre Estado, sector privado e sociedade civil.

Portanto, ficar ou sair da lista cinzenta vai depender de uma acção colectiva. Permanecer pode trazer consequências graves, e cair na lista negra seria ainda mais arriscado. Mas, se o país assumir de forma firme esse compromisso, pode não só recuperar credibilidade internacional como também abrir portas para mais investimento e crescimento económico.

Assinados contratos das primeiras 3 garantias do Fundo de Garantia Mutuária

No âmbito da realização, em Ricatla, Distrito de Marracuene, Província de Maputo, da Sexagésima Edição da Feira Internacional de Moçambique, (FACIM), a Ministra das Financas, procedeu na manhã desta segunda-feira, 25 de Agosto, à assinatura de contratos das primeiras 3 Garantias a serem celebradas entre a Sociedade de Garantia de Moçambique, representada pela Presidente do Conselho de Administração, Ana Beatriz Freitas e três bancos, o Banco Comercial e de Investimentos (BCI), representado pelo Presidente da Comissão Executiva, Francisco Machado Costa, o Standard Bank, representado pelo seu Administrador Delegado, Berdardo Aparício e por fim com o ABSA – Bank Moçambique, representado pelo seu Chief Risk Officer , Alberto Piroto sob o testemunho do Presidente da República de Moçambique, Daniel Chapo.

Na sua intervenção, Carla Loveira disse que a assinatura dos Contratos de Ganrantia do Fundo de Garantia Mutuária representa um passo decisivo da estratégia de inclusão financeira e de dinamização da economia de Moçambique. Através das assinaturas de garantias que hoje testemunhamos será possível oferecer garantias complementares ao financiamento de micro, pequenas e médias empresas (MPME), abrindo caminho para que mais negócios em crescimento acedam ao crédito formal, mesmo na ausência de garantias tradicionais.

A titular das Finanças sublinhou que ao facilitar o acesso ao financiamento, o Fundo de Garantia Mutuária tornará visível uma nova geração de empreendedores moçambicanos que até hoje permanecia à margem do crédito formal, não por falta de mérito, mas por ausência de instrumentos adequados.

O lançamento do Fundo é acompanhado por um investimento inicial de 40 milhões de dólares, com o apoio de parceiros nacionais e internacionais, a expectativa é que, nos primeiros cinco anos, mais de 15.000 MPME beneficiem de garantias que facilitem o acesso ao crédito formal.

Ademais, com cobertura nacional e foco em sectores produtivos prioritários, a iniciativa pretende não apenas reforçar o ecossistema de financiamento, mas também estimular a transição de milhares de operadores informais para o tecido económico estruturado, fomentando assim a criação de empregos, o aumento da produtividade e o desenvolvimento local , assegurou Carla Loveira.

Refira-se que nos póximos dias seguirão na linha, outras instituições financeiras que actuam no mercano nacional.