O governo moçambicano distinguiu uma dezena de exportadores e investidores no país, um acto testemunhado pelo Presidente da República, Daniel Chapo.
A distinção surge no âmbito da 60ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM) evento que teve início esta segunda-feira (25) no posto administrativo de Ricatla, distrito de Marracuene, província meridional de Maputo.
Para o efeito, como maior exportador para grandes projectos, cuja classificação é única, o Executivo premiou a mineradora australiana Vulcan Resources, que opera desde 2022, as minas de carvão, no distrito de Moatize, província de Tete, centro do país.
No entanto, a província meridional de Gaza assumiu hoje o título de Província de Honra, pelo facto de exibir o potencial agrícola, mineral e turístico. Já a África do Sul coube o título País de Honra na 60ª edição da FACIM.
Maior Exportador do sector Agrícola
1º lugar: SANAM Sociedade Algodoeira de Namialo
2º lugar: Macs in Moz, Limitada
3º lugar: Belúzi Bananas, Limitada
Maior exportador do sector pesqueiro
1º lugar: Pescamar, Limitada
2º lugar: Marbeira Sociedade de Pescas, Limitada
3º lugar: Vitapesca, Limitada
Maior exportador do sector mineiro
1º lugar: JSPL Mozambique Minerals
2º lugar: Montepuez Ruby Mining
3º lugar: Haiyu (Mozambique) Mining Co
Maiores exportadores para os mercados preferenciais
Na União Europeia a fundição de alumínio Mozal, SARL.
Na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) está a empresa Hidroeléctrica de Cahora Bassa, que opera a barragem de Cahora Bassa, localizada em Tete.
Em termos de mercado preferencial para o mundo coube a Midal Cables.
No Malawi a M M Integrated Steel Millis Mozambique
Estados Unidos da América – Kenmare Moma Processing Limited
Maior Pequena e Média Empresa (PME) exportadora do sector agrícola, em classificação única, está a Sociedade Algodoeira de Mutuali, que opera no distrito de Malema, província nortenha de Nampula.
Maior PME exportadora do sector pesqueiro, igualmente de classificação única, venceu a Chicoa Fish Farm.
Maior PME exportadora do sector mineiro
1º lugar: Helin Mining Co, Limitada
2º lugar: RT Recursos de Tantalite, Limitada
No que concerne aos maiores investidores dos sectores, agrícola destacam-se Mpombe Macadamia; energia – Vulcan Central Termoeléctrica de Moatize; indústria – Robust International; e Turismo – Tinga Birds View Resorts.
Dirigindo-se aos vencedores, Chapo vincou que os prémios representam mais do que números e contratos, porque narram histórias de visão, resiliência e coragem, que apesar das adversidades que incluem ciclones, COVID-19, manifestações violentas e ilegais pós-eleitorais que destruíram bens públicos e privados, os empresários acreditaram em Moçambique, arriscando inovando e abrindo novos mercados.
“Estas empresas continuam firmes a confiarem neste grande Moçambique. Aos laureados, dirigimos palavras de apreço: o vosso sucesso é orgulho nacional e inspiração para toda a Nação moçambicana; o vosso exemplo deve guiar outros empreendedores, nacionais e estrangeiros, a acreditarem no seu potencial e a multiplicarem o impacto económico e social das suas iniciativas em Moçambique e acreditarem neste Moçambique próspero”, afirmou.
Com o lema “Promovendo a Diversificação Económica rumo ao Desenvolvimento Sustentável e Competitivo de Moçambique”, participam na 60ª edição da FACIM pelo menos 2.350 expositores nacionais e 800 estrangeiros, representando 30 países do mundo inteiro.
A Grindrod, grupo de portos e logística cotado na Bolsa de Joanesburgo (JSE), mantém-se sem um nome definido para suceder o CEO Xolani Mbambo, que anunciou a sua saída em junho devido a compromissos profissionais. A responsabilidade de encontrar quem o substituirá foi atribuída a uma empresa especializada em recrutamento executivo, com candidaturas abertas tanto internamente como externamente, confirmou a presidente do conselho, Cheryl Carolus.
Segundo Carolus, o objectivo é que o novo CEO esteja em funções antes de 31 de dezembro, data prevista para o fim do período de transição de Mbambo. Durante apresentação de resultados financeiros referentes ao primeiro semestre, Mbambo se despediu da equipa, ao mesmo tempo que sublinhava os avanços estratégicos da empresa, incluindo a concessão de acesso a um corredor ferroviário no programa de acesso aberto da Transnet, especificamente no Corredor Nordeste.
Financeiramente, a Grindrod registou uma queda de 8% na receita principal, caindo para 12,57 mil milhões de meticais (aproximadamente USD 198,8 milhões), e uma redução de 2% no lucro operacional, para 3,62 mil milhões de meticais (cerca de USD 57,3 milhões). Contudo, o grupo destacou a recuperação observada no segundo trimestre nos terminais de Matola e Maputo, com registo de volumes recordes de carga.
Paralelamente, a empresa concluiu a aquisição dos 35% restantes do Terminal de Matola, passando a deter, agora, 100% do activo, e firmou uma parceria com a Transnet National Ports Authority e a Eyamakhosi Resources para desenvolver uma instalação de movimentação de contentores em Richards Bay, na África do Sul.
Por fim, Cheryl Carolus destacou a prioridade imediata da administração: definir a liderança que conduzirá a Grindrod à próxima fase de crescimento estratégico. “Estamos confiantes de que encontraremos o perfil certo para liderar a Grindrod rumo à sua próxima etapa de expansão”, afirmou
Foi lançado, o Fundo de Garantias Mutuárias, em Ricatla, Marracuene, num valor de 40 milhões de dólares para financiar novos investidores que não possuem as garantias tradicionais.
O lançamento foi feito pela ministra das Finanças, Carla Louveira e vai beneficiar mais de 15 mil novas empresas, através de três bancos comerciais que operam no país, segundo avançou o “Notícias”.
A acção enquadra-se na cerimónia do “Dia do Exportador”, que marca o arranque da 60.ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM 2025).
O Moza banco formou, durante o primeiro semestre do presente ano, mais de 6 mil empresários nacionais, oriundos de todo o país, em matérias de gestão empresarial.
Trata-se de uma actividade gratuita levada a cabo no quadro das ações que o Banco tem realizado para potenciar o desenvolvimento das Pequenas e Médias Empresas (PMEs) Nacionais.
O programa e o plano temático da formação foram desenvolvidos e realizados virtualmente, através de uma plataforma criada em parceria com a Fundação Dom Cabral, uma instituição brasileira renomada, que figura entre as melhores escolas mundiais de negócios.
Além dos cerca de 6 mil empresários já formados, o Banco registou a inscrição de mais 1500 que, em breve deverão arrancar com as formações, buscando desta feita ferramentas essenciais para melhorar o funcionamento das suas empresas, sobretudo no que toca a organização e gestão financeira.
Durante a fase piloto do projecto, arrancado no ano passado, o Banco formou cerca de 50 empresas de vários ramos, com destaque para as áreas de tecnologia, farmácia, gráfica, segurança, abastecimento, catering e papelaria.
Para os formandos, a oportunidade responde a uma das suas principais necessidades.
“Esta é uma grande oportunidade para que possamos aprender a administrar e a desenhar planos que nos permitam criar um horizonte para os nossos negócios”, referem.
De acordo com o Presidente da Comissão Executiva do Moza Banco, Manuel Soares, estas formações vêm responder a uma questão que, muitas vezes, constitui entrava para o desenvolvimento das PMEs moçambicanas.
“Muitos empresários nacionais ainda enfrentam dificuldades na gestão financeira, sendo comum, por exemplo, confundir receita com lucro. A receita corresponde ao valor total que a empresa gera, enquanto o lucro é o que sobra depois de deduzidas todas as despesas.
Sem essa noção básica, torna-se difícil alcançar prosperidade. Por isso, unimo-nos à FDC para desenvolver programas de capacitação que ajudem os empresários nacionais a compreenderem este e outros temas fundamentais para o sucesso dos seus negócios”, justificou Manuel Soares.
Esta é mais uma iniciativa do Moza Banco, implementada no âmbito do seu compromisso com o desenvolvimento da economia nacional, através da potencialização daqueles que Fazem Acontecer a transformação positiva do país.
Ao introduzir o projecto em Moçambique, o Banco coloca em acção um dos seus principais valores, denominado Ganhar Juntos, com base no qual o Moza trabalha junto dos agentes económicos nacionais, em benefício último da economia nacional.
PROFILE Mozambique: A Vivo Energy Moçambique assinou recentemente um memorando de entendimento com a Vodafone M-Pesa. Que significado tem esta parceria para a empresa e para os consumidores moçambicanos?
Hugo Narcy: A Vivo Energy representa a marca Engen e os lubrificantes Shell, estando presente a nível nacional com cerca de 60 postos de abastecimento. Estes postos, formais e informais, são verdadeiros polos de atracção, por onde circula diariamente uma diversidade de clientes que já utilizam plataformas tecnológicas, como o M-Pesa.
Por isso, esta parceria faz todo o sentido. Queremos oferecer soluções mais convenientes, tanto para quem abastece combustível, como para quem utiliza os nossos espaços de conveniência. A integração das soluções de pagamento do M-Pesa nos postos Engen permitirá encurtar a distância entre o cliente e o produto final, através de uma experiência mais rápida, segura e simples.
Director Geral da Vivo Energy Moçambique, Hugo Narcy, e Sérgio Gomes, Director Geral da Vodafone M-Pesa.
Esta, no entanto, é apenas a primeira iniciativa. Combinando o poder tecnológico e a capacidade de análise estatística e financeira do M-Pesa com a nossa presença física no mercado, abrangendo passageiros, transportes e consumidores em geral, acreditamos que será possível desenvolver sinergias em diferentes áreas. O nosso propósito é criar soluções inovadoras, acessíveis e com impacto real na economia nacional, fortalecendo a inclusão financeira e oferecendo alternativas alinhadas ao estilo de vida dos moçambicanos.
PM: E para quando está previsto o arranque desta actividade em terreno?
HN: O roll-out desta iniciativa está previsto para as próximas três a quatro semanas, podendo até acontecer antes. Na verdade, a fase piloto já se encontra em andamento e o go-live será muito em breve. Dentro de pouco tempo, todos os nossos clientes poderão aceder ao M-Pesa e encontrar já disponível o produto desenvolvido em parceria com a Vivo Energy.
Numa fase inicial, iremos igualmente disponibilizar um cartão M-Pesa Vivo, que complementará a experiência digital. A partir daí, seguiremos com a expansão gradual da solução, de forma estruturada e adaptada às necessidades do mercado. Evidentemente, ainda não podemos revelar todos os detalhes, mas garantimos que este é apenas o início de um processo com grande potencial para transformar a relação dos consumidores com os nossos serviços.
PM: Gostaríamos de perceber como está o posicionamento da Vivo Energy no mercado neste momento e, em particular, no contexto do sector em que operam.
HN: Tal como aconteceu em praticamente todos os sectores, também fomos afectados pelos choques registados no terceiro e quarto trimestres do ano passado. Ainda sentimos alguns efeitos dessa conjuntura, mas conseguimos colocar-nos novamente de pé e traçar uma estratégia assente no essencial, focar-nos no básico e garantir que estamos a fazer as coisas certas neste momento.
Neste cenário, não podemos falar ainda em crescimento, sobretudo porque persistem restrições ao nível da importação de combustíveis. Trata-se de desafios estruturais que estamos a procurar ultrapassar em coordenação com o regulador, o Banco Central, o Governo e os restantes operadores privados do sector.
PM:E como é que a escassez de divisas impacta a vossa operação, em termos da gestão das actividades e do desenvolvimento do negócio?
HN: Mais do que a escassez de divisas em si, o que temos enfrentado são grandes dificuldades ao nível da importação, resultantes de um conjunto de factores. Naturalmente, a questão cambial é relevante, mas não é o único ponto de foco.
O que temos procurado fazer é desenhar uma estratégia que assegure as condições mínimas necessárias para a continuidade da nossa operação. Tal como as restantes gasolineiras, estamos a trabalhar em estreita articulação com o Banco Central, os bancos comerciais, o regulador e os demais parceiros do sector, de forma a encontrar soluções que nos permitam ultrapassar este cenário.
Vale destacar que, nos últimos dois a três meses, já se notou uma melhoria, o que nos dá confiança de que, paulatinamente, conseguiremos alcançar um equilíbrio mais favorável para o negócio e para o sector no seu conjunto.
PM: Quais são, neste momento, os principais desafios que persistem e que continuam a pesar sobre o sector das gasolineiras no país?
HN: Mais do que um desafio exclusivo das gasolineiras, estamos perante uma realidade que afecta toda a indústria. É inegável o impacto que os últimos acontecimentos, como manifestações, o período eleitoral e o contexto difícil que atravessamos, tiveram directamente no bolso do cidadão moçambicano.
Naturalmente, isso reflectiu-se nos volumes de consumo, no desempenho do nosso negócio e na capacidade de resposta do sector. O esforço que temos vindo a fazer é precisamente o de quebrar este ciclo adverso e caminhar para um ciclo mais favorável.
É um processo que levará tempo, mas acreditamos que, aos poucos, a economia moçambicana está a dar sinais de recomposição, o que abre espaço para que o sector recupere a sua estabilidade e volte a criar valor para todos os intervenientes.
PROFILE Mozambique:Vivo Energy Mozambique recently signed a memorandum of understanding with Vodafone M-Pesa. What does this partnership mean for the company and for Mozambican consumers?
Hugo Narcy: Vivo Energy represents the Engen brand and Shell lubricants, with a nationwide presence of around 60 service stations. These stations, both formal and informal, act as true hubs, attracting a diverse flow of clients every day, many of whom are already users of technological platforms such as M-Pesa.
That is why this partnership makes perfect sense. We want to provide more convenient solutions, not only for those refueling but also for those using our convenience spaces. The integration of M-Pesa payment solutions at Engen stations will bring customers closer to the final product through a faster, safer and simpler experience.
Hugo Narcy, Managing Director of Vivo Energy Mozambique, and Sérgio Gomes, Managing Director of Vodafone M-Pesa.
This, however, is only the first initiative. By combining M-Pesa’s technological strength and its statistical and financial analytics capabilities with our physical market presence, serving passengers, transport operators and consumers at large, we believe it will be possible to create synergies across multiple areas. Our goal is to deliver innovative, accessible solutions with a real impact on the national economy, strengthening financial inclusion and providing alternatives aligned with the lifestyle of Mozambicans.
PM:When is this initiative expected to go live on the ground?
HN: The roll-out of this initiative is scheduled within the next three to four weeks, possibly even sooner. In fact, the pilot phase is already underway, and the go-live will be very soon. In just a short time, all our customers will be able to access M-Pesa and use the product developed in partnership with Vivo Energy.
At an initial stage, we will also launch a M-Pesa Vivo card, designed to complement the digital experience. From there, we will proceed with a gradual, structured expansion of the solution, adapting it to market needs. Of course, we cannot reveal every detail just yet, but what we can assure is that this is only the beginning of a process with significant potential to transform the way consumers interact with our services.
PM:Could you share how Vivo Energy is positioned in the market right now, particularly within the sector you operate?
HN: As with almost every sector, we were impacted by the shocks recorded in the third and fourth quarters of last year. We still feel some of the effects of that environment, but we managed to stand back on our feet and design a strategy based on essentials, focusing on the basics and ensuring we are doing the right things at the right time.
In this context, we cannot yet talk about growth, particularly because restrictions on fuel imports remain in place. These are structural challenges that we are working to overcome in coordination with the regulator, the Central Bank, Government, and other private operators in the sector.
PM:And how does the shortage of foreign currency affect your operations, both in terms of managing activities and business development?
HN: More than the shortage of foreign currency itself, what we have been facing are major difficulties in imports, caused by a combination of factors. Naturally, the exchange rate issue is relevant, but it is not the only point of concern.
What we have sought to do is design a strategy that secures the minimum necessary conditions to ensure the continuity of our operations. Like other fuel companies, we are working closely with the Central Bank, commercial banks, the regulator, and other sector partners to find solutions that allow us to overcome this scenario.
It is worth noting that in the past two to three months we have already seen some improvements, which gives us confidence that, gradually, we will reach a more favorable balance for both our business and the sector as a whole.
PM:What are the main challenges that persist and continue to weigh on the fuel sector in the country?
HN: More than a challenge unique to fuel companies, we are dealing with a reality that affects the entire industry. It is undeniable that recent events, such as protests, the electoral period, and the difficult environment we are going through, had a direct impact on the wallets of Mozambican citizens.
Naturally, this has been reflected in consumption volumes, the performance of our business, and the sector’s ability to respond. The effort we have been making is precisely to break this adverse cycle and move towards a more favorable one.
It is a process that will take time, but we believe that, step by step, the Mozambican economy is showing signs of recovery, creating space for the sector to regain stability and resume generating value for all stakeholders.
A Vodafone M-Pesa, serviço de pagamentos móveis da Vodacom Moçambique, e a Vivo Energy Moçambique, empresa detentora da licença comercial Engen e distribuidora autorizada exclusiva de lubrificantes Shell, formalizaram a assinatura de um memorando de entendimento que impulsiona ainda mais a inovação e a inclusão financeira no país.
Sérgio Gomes, Director Geral da Vodafone M-Pesa e Director Geral da Vivo Energy Moçambique, Hugo Narcy.
O acordo prevê a integração das soluções de pagamento do M-Pesa nos postos Engen, permitindo que os clientes realizem as transacções de forma mais rápida, segura e fácil, fortalecendo o papel do M-pesa na liderança da inclusão financeira e na criação de alternativas acessíveis e adaptadas ao estilo de vida dos consumidores moçambicanos.
A iniciativa está alinhada com o compromisso da Vivo Energy Moçambique em apostar continuamente na inovação e na melhoria da experiência do cliente, através da introdução de soluções que facilitam o dia a dia dos consumidores Com este memorando, os clientes poderão utilizar o M-Pesa para pagar pelo abastecimento de combustível, realizar depósitos, levantamentos, transferências e efectuar pagamentos de outros serviços disponíveis.
A solução será implementada progressivamente em todos os postos de combustível, localizados em diferentes regiões do território nacional. Durante o evento, Sérgio Gomes, Director Geral da Vodafone M-Pesa, destacou o potencial da parceria para ampliar a rede de serviços financeiros digitais, reforçando que a iniciativa responde à crescente procura por soluções digitais, promove a inclusão financeira e se alinha ao compromisso da empresa em proporcionar maior conveniência e conforto ao cliente.
Complementando esta abordagem, para o Director Geral da Vivo Energy Moçambique, Hugo Narcy, a introdução dos serviços M-Pesa nos postos Engen é parte de uma estratégia de inovação e melhoria permanente da experiência do cliente.
A parceria contribuirá para o fortalecimento do ecossistema de pagamentos digitais em Moçambique, promovendo a formalização das transacções e incentivando o crescimento do comércio de proximidade, especialmente em áreas onde o acesso a soluções financeiras ainda é limitado. A partir de um reforço da Vodacom M-Pesa e Vivo Energy Moçambique, reafirma-se o compromisso com um país cada vez mais conectado, inovador e financeiramente inclusivo, alinhando as suas acções às metas nacionais de digitalização e ao desenvolvimento socioeconómico sustentável.
Profile Mozambique: Qual é hoje o papel da PwC Moçambique dentro da rede global da PwC e que enfoque a firma tem dado aos projectos de transformação empresarial no país?
Carlos Jerónimo: A PwC é uma network global de firmas, organizada em clusters regionais. No nosso caso, integramos a estrutura que agrega PwC Portugal, Moçambique, Angola e Cabo Verde. Em cada geografia contamos com escritórios e equipas dedicadas a apoiar os clientes localmente. Em Moçambique, apesar da presença de longa data, durante muitos anos a operação esteve ligada à PwC África do Sul. Há cerca de dois anos, este quadro mudou e hoje estamos integrados neste cluster de países sob coordenação da PwC Portugal, reforçando a nossa capacidade de actuação no mercado nacional.
Na área que lidero, de transformação de negócio, apoiamos clientes de diversos sectores, energia, financeiro, industrial, serviços públicos, entre outros, em projectos estruturantes de transformação, que vão desde a redefinição de processos até à transformação digital. Com mais de 25 anos de experiência nesta área, posso afirmar que a tecnologia é uma peça central, mas não a única, neste processo.
O nosso modelo de intervenção cobre todo o percurso da transformação empresarial, planeamento estratégico, gestão de programas de transformação e implementação tecnológica. Fazemo-lo através de uma equipa multidisciplinar que integra especialistas em consultoria de gestão, finanças, recursos humanos, experiência do cliente, gestão de programas e tecnologia.
Alguns clientes optam por contar connosco em todas as fases, outros recorrem à PwC apenas em etapas específicas do processo.
É nesta lógica que actuamos, apoiar os clientes a tornarem-se mais ágeis, eficientes, competitivos e, no limite, contribuir para o crescimento da economia nacional.
PM: A PwC tem vindo a expandir a sua oferta formativa em Moçambique com foco em Digital & Analytics, IA, cibersegurança e transformação digital.
– Que papel desempenha essa crescente oferta formativa na democratização do acesso a dados de qualidade? A PwC vê os dados como uma commodity acessível apenas às grandes organizações ou como um recurso possível de ser agregado de forma ética e inclusiva, incluindo PME e sector público?
CJ: Quando falamos em transformação de negócios, há um factor central que se destaca, os dados. O crescimento exponencial do volume de dados, fenómeno global que também se verifica em Moçambique, coloca hoje às empresas o grande desafio de os transformar em informação útil e, mais do que isso, em valor económico. Todos os dias, em diversos sectores, da energia à indústria, das finanças ao consumo, são gerados milhões de dados. A questão é como extrair deles informação relevante para a tomada de decisão e como transformar essa informação em activos de negócio.
O conceito de dados como ‘commodity’ é relativamente recente, mas cada vez mais decisivo. Tal como outros recursos naturais, os dados estão a ser reconhecidos como activos económicos transacionáveis, com potencial para gerar novas fontes de receita e impulsionar a economia. Estudos internacionais estimam que a monetização de dados atinja taxas de crescimento anuais acima de 25% até 2034.
Neste contexto, há três dimensões fundamentais, em primeiro lugar, as empresas precisam definir modelos de negócio que lhes permitam rentabilizar os dados de forma estruturada. Em segundo, é essencial investir na literacia de dados, dotando colaboradores da capacidade de interpretar e utilizar informação de forma estratégica. Em terceiro, é necessário investir em tecnologia que permita não apenas armazenar, mas também analisar, visualizar e aplicar dados em tempo real.
Na PwC temos seguido essa lógica, começando internamente, com forte investimento na formação das nossas equipas em ferramentas de business intelligence, análise avançada e inteligência artificial. Hoje, grande parte do nosso trabalho, tanto dentro da organização como em projectos para clientes, assenta na utilização de dados e de tecnologia de ponta.
Em Moçambique, já estamos a levar esta experiência diretamente aos clientes, integrando a capacitação em projectos de transformação digital. Um exemplo é o sector público, onde apoiamos a implementação de novos sistemas de ERP ligados à energia. Mais do que substituir tecnologia, trabalhamos em paralelo na formação de quadros, garantindo que os colaboradores não apenas utilizam as novas ferramentas, mas também conseguem extrair delas informação relevante para decisões mais rápidas e eficazes.
PM: A PwC Moçambique presta apoio estratégico às funções financeiras e fiscais, ajudando a transformar dados em activos que permitem uma contabilidade e fiscalidade mais transparente e em tempo real.
– Num ambiente onde os dados contábeis são cada vez mais exigidos em tempo real e com maior transparência, como vê a PwC o papel dos dados como commodity estratégica para a integridade institucional? E que desafios tecnológicos ou regulatórios persistem nesse campo?
CJ: Na PwC Moçambique, entendemos que o desenvolvimento positivo que se verifica em Moçambique na adopção de legislação e normas contabilísticas e fiscais cada vez mais exigentes tem vindo a alinhar-se com padrões internacionais, comparáveis aos de países economicamente mais avançados. Observamos uma acção visível por parte do Governo e das autoridades competentes para garantir que o mercado cresça de forma sustentada, com regras claras, verificáveis e dentro de um âmbito de concorrência justa e regulada.
Reconhecemos que este contexto representa desafios significativos para as empresas, que precisam adaptar rapidamente os seus processos internos para cumprir eficazmente essas obrigações legais e fiscais. Na PwC, apoiamos as empresas neste percurso através de várias especialidades que harmonizamos dentro dos projectos que construímos.
Na vertente fiscal, contamos com uma tradição consolidada e liderança de mercado, garantindo que as obrigações legais e fiscais das empresas sejam cumpridas, contemplando aspetos financeiros e de recursos humanos. Paralelamente, a nossa área de auditoria assegura a revisão rigorosa destes processos. Ademais, na consultoria, ajudamos as empresas a criar estruturas e processos internos que facilitem a conformidade com estas regras fundamentais.
Destacamos ainda a importância da tecnologia na optimização destes processos. O que as empresas procuram cada vez mais é agilizar a gestão de informação e dados de forma íntegra, rastreável e centralizada. Assim, garantimos que os dados possam ser auditados e reconhecidos de forma confiável.
Por fim, enfatizamos a transformação dos dados de negócio em informação estratégica para a tomada de decisão. Para além de responder às obrigações legais, ajudamos as empresas a utilizar esta informação para definir estratégias de crescimento, decidir sobre financiamento, avaliar novos mercados e estruturar campanhas de marketing. Plataformas tecnológicas, como sistemas ERP, e modelos avançados de análise preditiva e inteligência artificial são essenciais para que os gestores possam projectar cenários e tomar decisões mais assertivas.
PM: Vai integrar o painel que abordará o tema “Monetização de dados e modelos de negócio”, na 7ª edição das Conferências Índico. Que contributos espera trazer para as empresas moçambicanas, para o sector público e, de forma abrangente, para toda a comunidade que irá acompanhar esta sessão?
Para nós, trata-se de um debate de enorme actualidade, sobretudo no contexto moçambicano, onde a gestão estratégica de dados pode ser um verdadeiro catalisador de eficiência e crescimento económico.
Acreditamos que a transformação digital deve assentar em três dimensões centrais. Em primeiro lugar, na capacidade de transformar dados em valor útil. Já não enfrentamos a escassez de informação, mas sim o excesso dela, por isso, torna-se essencial estruturar e organizar os dados de forma a gerar conhecimento com impacto real. Em segundo lugar, entendemos que a utilização dos dados deve tornar as organizações mais ágeis, competitivas e orientadas para resultados.
É fundamental irmos além do mero cumprimento de requisitos de reporte ou auditoria, usando os dados para reduzir custos, melhorar a experiência do cliente e criar novos modelos de negócio. Em terceiro lugar, defendemos que os dados são também uma alavanca para a inovação, permitindo desenvolver produtos, serviços e modelos de monetização já validados noutros mercados e que podem ser adaptados à nossa realidade.
Reconhecemos, contudo, que esta transformação exige três condições fundamentais, maior consciencialização executiva, definição de modelos de negócio sustentáveis baseados em dados e actualização dos quadros regulatórios, para assegurar confiança, rastreabilidade e transparência.
Acrescentamos ainda que tecnologias como computação em nuvem, inteligência artificial, blockchain e internet das coisas deixaram de ser opcionais e tornaram-se inevitáveis. Cabe, portanto, a cada organização definir o seu próprio roteiro de maturidade digital.
Profile Mozambique:What role does PwC Mozambique play today within PwC’s global network, and what focus has the firm given to business transformation projects in the country?
Carlos Jerónimo: PwC is a global network of firms, organized into regional clusters. In our case, we are part of the cluster that brings together PwC Portugal, Mozambique, Angola, and Cape Verde. In each geography we have offices and dedicated teams to support clients locally. In Mozambique, although PwC has had a long-standing presence, for many years the operation was linked to PwC South Africa. About two years ago, this framework changed, and today we are integrated into this cluster coordinated by PwC Portugal, reinforcing our ability to operate in the national market.
In the area I lead, business transformation, we support clients from different sectors, energy, financial, industrial, public services, among others, in large-scale transformation projects, ranging from process redefinition to digital transformation. With over 25 years of experience in this area, I can affirm that technology is a central element, though not the only one, in this process.
Our intervention model covers the entire business transformation journey: strategic planning, transformation program management, and technology implementation. We do this through a multidisciplinary team that integrates specialists in management consulting, finance, human resources, customer experience, program management, and technology.
Some clients choose to work with us across all phases, while others rely on PwC only at specific stages of the process.
In this logic, our role is to help clients become more agile, efficient, competitive, and ultimately contribute to the growth of the national economy.
PM:PwC has been expanding its training offer in Mozambique, with a focus on Digital & Analytics, AI, cybersecurity, and digital transformation.
What role does this growing training portfolio play in democratizing access to quality data? Does PwC see data as a commodity accessible only to large organizations, or as a resource that can be aggregated ethically and inclusively, including SMEs and the public sector?
CJ: When we speak about business transformation, one central factor stands out: data. The exponential growth of data volumes, a global phenomenon also observed in Mozambique, poses a great challenge for companies today: to transform this raw data into useful information and, beyond that, into economic value. Every day, across multiple sectors, from energy to industry, from finance to consumer markets, millions of data points are generated. The question is how to extract relevant information from them for decision-making and how to turn that information into business assets.
The concept of data as a commodity is relatively recent, but increasingly decisive. Much like natural resources, data is now being recognized as an economic asset that can be traded, generating new revenue streams and boosting the economy. International studies estimate that data monetization will grow at annual rates above 25% until 2034.
In this context, there are three fundamental dimensions. First, companies must define business models that allow them to monetize data in a structured way. Second, it is essential to invest in data literacy, equipping employees with the ability to interpret and use information strategically. Third, companies must invest in technology that enables not only data storage, but also real-time analysis, visualization, and application.
At PwC, we have followed this logic, starting internally with strong investment in training our teams in business intelligence tools, advanced analytics, and artificial intelligence. Today, a large part of our work, both within the organization and in projects for clients, is based on the use of data and cutting-edge technology.
In Mozambique, we are already bringing this experience directly to clients by integrating capacity building into digital transformation projects. A good example is the public sector, where we support the implementation of new ERP systems linked to energy. More than just replacing technology, we work in parallel on staff training, ensuring that employees not only use the new tools but also extract relevant information from them to make faster and more effective decisions.
PM:PwC Mozambique provides strategic support to financial and tax functions, helping transform data into assets that enable more transparent and real-time accounting and taxation.
In an environment where accounting data is increasingly required in real time and with greater transparency, how does PwC see the role of data as a strategic commodity for institutional integrity? And what technological or regulatory challenges still persist in this field?
CJ: At PwC Mozambique, we understand that the positive progress in Mozambique regarding the adoption of increasingly demanding accounting and tax legislation and standards has been aligning with international benchmarks, comparable to those in more advanced economies. We observe clear efforts from the Government and relevant authorities to ensure that the market grows sustainably, with transparent, verifiable rules and within a fair and regulated competitive environment.
We recognize that this context represents significant challenges for companies, which must quickly adapt their internal processes to effectively comply with these legal and fiscal obligations. At PwC, we support companies on this journey through various specialties that we integrate into the projects we deliver.
In taxation, we have a well-established tradition and market leadership, ensuring that companies’ legal and fiscal obligations are met, covering financial and human resources aspects. At the same time, our audit area ensures rigorous review of these processes. Additionally, through consulting, we help companies create internal structures and processes that facilitate compliance with these fundamental rules.
We also highlight the importance of technology in optimizing these processes. Companies are increasingly seeking to streamline the management of information and data in an integral, traceable, and centralized manner. This ensures that data can be audited and recognized as reliable.
Finally, we emphasize the transformation of business data into strategic information for decision-making. Beyond meeting legal obligations, we help companies use this information to define growth strategies, decide on financing, assess new markets, and structure marketing campaigns. Technological platforms such as ERP systems, advanced predictive analytics models, and artificial intelligence are essential for managers to project scenarios and make more assertive decisions.
PM:You will be part of the panel addressing the theme “Data Monetization and Business Models”, at the 7th Edition of the Índico Conferences. What contributions do you expect to bring to Mozambican companies, the public sector, and, more broadly, to the entire community that will follow this session?
CJ: For us, this is a highly relevant debate, especially in the Mozambican context, where strategic data management can be a true catalyst for efficiency and economic growth.
We believe that digital transformation should be based on three central dimensions. First, the ability to transform data into useful value. We no longer face a scarcity of information, but rather an overabundance of it; therefore, it is essential to structure and organize data in ways that generate knowledge with real impact. Second, we believe that the use of data should make organizations more agile, competitive, and results-oriented.
It is fundamental to go beyond the mere fulfillment of reporting or auditing requirements, using data to reduce costs, improve customer experience, and create new business models. Third, we argue that data is also a lever for innovation, enabling the development of products, services, and monetization models already validated in other markets and adaptable to our reality.
We recognize, however, that this transformation requires three key conditions: stronger executive awareness, definition of sustainable data-driven business models, and updated regulatory frameworks to ensure trust, traceability, and transparency.
We further stress that technologies such as cloud computing, artificial intelligence, blockchain, and the internet of things are no longer optional, they have become inevitable. It is, therefore, up to each organization to define its own roadmap toward digital maturity.
Profile Mozambique: Poderia nos contar brevemente sobre o seu percurso profissional e como surgiu o conceito do Human Leaders Congress em Cabo Verde?
Lúcia Brito: Sou cabo-verdiana, natural da ilha das montanhas, Santo Antão, e mãe de um príncipe e uma princesa, de 15 e 8 anos, respectivamente. Trago comigo mais de 20 anos de experiência em Gestão, Marketing e Consultoria de Negócios, em áreas como Turismo, Indústria Alimentar, Indústria Cimenteira, Serviços Corporativos, Serviços Públicos e Empreendedorismo Social.
Sempre acreditei que a verdadeira liderança começa em casa, no seio da família, e depois se projecta na sociedade e nas organizações. O Human Leaders International Congress nasceu dessa convicção, a de criar um espaço internacional onde a liderança seja pensada e praticada de forma humanizada, inclusiva e integradora, com África no centro da discussão global.
Lúcia Brito, CEO da DILUB e fundadora do Human Leaders International Congress Cabo Verde 2026 (HLICCV2026)
Ao longo do meu percurso profissional, tanto em contextos nacionais como internacionais, percebi que as nossas organizações careciam de um espaço que unisse resultados e pessoas, estratégia e propósito. É nesse espírito que o HLIC nasce em Cabo Verde, para colocar a liderança humanizada no centro do debate continental e aproximar ecossistemas lusófonos, anglófonos e francófonos, promovendo uma verdadeira rede de transformação em África.
PM: Como se define o papel do Human Leaders International Congress no panorama africano, e que nichos de liderança e desenvolvimento a organização pretende preencher?
LB: África é o continente mais jovem do mundo 70% da população da África Subsariana tem menos de 30 anos o que faz do talento jovem a grande alavanca de transformação do continente.
O Human Leaders International Congress posiciona-se como uma plataforma de referência para refletir e agir sobre uma liderança centrada nas pessoas, adaptada às realidades e potencialidades africanas. Para isso, reunimos líderes corporativos, sociais, religiosos, académicos e políticos num diálogo construtivo, inclusivo e com impacto real. O nosso objectivo é ocupar o nicho onde a liderança é pensada de forma humanizada, com África como protagonista na definição de soluções globais.
PM: Observamos que discussões de liderança em África têm vindo a priorizar temas como transformação digital e empoderamento juvenil. Em que medida o Human Leaders Congress pretende reflectir essas tendências, e como as adaptará às necessidades locais?
LB: Integramos essas tendências no centro do debate, sempre com um olhar atento e realista sobre o contexto africano, a juventude como motor de inovação e a digitalização como uma ferramenta de inclusão não apenas de progresso tecnológico.
O Human Leaders International Congress (HLIC) nasce para criar pontes entre países lusófonos, francófonos e anglófonos, promovendo soluções replicáveis, sustentáveis e adaptadas ao nosso contexto. Os dados são claros, em 2024, apenas 38% dos africanos tinham acesso à internet, comparado com uma média global de 68%. O fosso entre áreas urbanas e rurais é o maior do mundo (57% vs. 23%). Esse cenário reforça a urgência de tratarmos a inclusão digital como uma prioridade de liderança, com impacto directo no desenvolvimento de talentos, políticas públicas e modelos de negócio.
Até 2050, mais de um terço da juventude mundial será africana, uma oportunidade única para moldar o futuro do continente. O HLIC propõe-se a criar laboratórios práticos (em competências digitais, literacia de dados e inteligência artificial responsável), policy roundtables e plataformas de partilha de soluções concretas. O nosso compromisso é acompanhar as tendências globais e, acima de tudo, traduzi-las em ações acessíveis, eficazes e transformadoras para toda a África continental.
PM: Que sectores (corporativo, académico, público) espera-se que participem de forma mais activa e o que isso revela sobre o interesse em liderança transformacional?
LB: Esperamos uma forte participação dos setores corporativo, académico e das lideranças da sociedade civil, pois acreditamos que são catalisadores essenciais de mudança prática e de pensamento crítico. Queremos que esses setores atuem não apenas como participantes, mas como verdadeiros promotores de uma liderança transformacional e comprometida com impacto real.
O sector público, por sua vez, é indispensável para traduzir políticas públicas em melhorias concretas, garantindo que a inovação chegue a todos e seja sustentável. O crescente envolvimento destes setores revela que África está pronta para abraçar uma liderança mais colaborativa, consciente e orientada para soluções.
O sector corporativo e o académico têm um papel central neste processo através da requalificação de talentos (upskilling), da investigação aplicada e da promoção de boas práticas. Já o sector público deve ser a âncora de políticas e regulações que incentivem a inovação e a inclusão.
Ademais, a rápida urbanização do continente impõe desafios e exige novas formas de liderança. Até 2050, espera-se que a população urbana africana duplique, o que torna ainda mais urgente o desenvolvimento de soluções conjuntas, sustentáveis e adaptadas às realidades locais.
PM: Em relação à participação de Moçambique, que avanços se registam até agora ao nível das relações estratégicas?
LB: Temos vindo a estabelecer contactos com instituições, agentes de mudança e líderes de referência em Moçambique, que têm demonstrado grande abertura e interesse em cooperar. O país surge como um parceiro estratégico fundamental para expandir, a nível regional, a visão de uma liderança mais humanizada, inclusiva e transformadora.
Mantemos um diálogo activo com actores institucionais e empresariais, no sentido de co-criar delegações e contribuir para temas-chave como juventude, inclusão digital, governança e igualdade de género. A participação moçambicana tem-se revelado promissora, com muitos parceiros entusiasmados em fazer parte desta jornada de transformação.
1.ª edição do COMARP Talk com a participação da Lúcia Brito, em Maputo.
Moçambique será, sem dúvida, um dos pilares desta rede regional de liderança que o Human Leaders International Congress Cabo Verde 2026 pretende fortalecer. O evento, agendado para os dias 24 e 25 de julho, promete ser uma verdadeira imersão em liderança e futuro e Moçambique estará representado como parte activa dessa construção.
PM: Que efeitos concretos espera-se que a iniciativa Human Leaders Congress provoque na qualificação da liderança moçambicana, a nível empresarial, institucional ou social?
LB: Almejamos que o Human Leaders International Congress contribua de forma tangível para o fortalecimento da liderança moçambicana em várias frentes empresarial, institucional e social. A nossa ambição é apoiar Moçambique na adopção de ferramentas práticas de liderança, fomentar redes de cooperação estratégicas e criar espaços onde líderes emergentes possam ganhar projeção internacional.
Esperamos gerar impactos concretos em diversas frentes. Na área de capacitação, promovemos programas de liderança organizacional orientados para resultados e alinhados com valores humanizados. No âmbito das redes, incentivamos o matching entre líderes emergentes e executivos de topo da região, com foco na partilha de experiências e mentoria.
Em termos de transformação digital, desenvolvemos iniciativas para reduzir o gap de uso e competências, baseadas em indicadores da GSMA e da ITU, reforçando o acesso às tecnologias, a cobertura móvel e a literacia digital. Por fim, na esfera da igualdade de género, buscamos fortalecer o pipeline de mulheres líderes, com ênfase no sector empresarial e institucional. Moçambique já se destaca regionalmente com 39,2% de mulheres no parlamento, e o HLIC visa acelerar essa representatividade em outras áreas de liderança.
O nosso compromisso é contribuir para que Moçambique ganhe ainda mais visibilidade e confiança, alinhando as suas práticas aos padrões globais de excelência sempre preservando a sua identidade africana e promovendo uma liderança centrada nas pessoas.
LB: Qual é a vossa visão de médio e longo prazo para o país? Está prevista expansão de formato, frequência de eventos ou recorrência em regiões fora de Cabo Verde?
LB: A nossa visão é transformar o Human Leaders International Congress numa plataforma itinerante em África, tendo Cabo Verde como ponto de partida, mas não como único destino, para promover diálogos globais com impacto local. No médio prazo, queremos realizar eventos temáticos em países estratégicos, no longo prazo, consolidar uma verdadeira rede de líderes africanos interligados. O modelo prevê Cabo Verde como hub e rota de eventos satélite em países-chave, incluindo Moçambique.
Quanto à frequência, o formato prevê a realização de congressos bienais e de laboratórios semestrais, focados em temas estratégicos como digitalização, juventude, género, ESG (Environmental, Social and Governance), educação, inovação social e saúde.
O impacto esperado consiste na criação de uma comunidade continental de prática, sustentada por benchmarks claros, ampla penetração digital, significativa participação feminina e pelo número de projetos incubados. O acompanhamento dessas iniciativas será realizado com base em dados de referência de instituições como a ONU, GSMA e ITU.
PM: Considerando os desafios persistentes na representatividade de mulheres nos espaços de decisão, a vossa organização tem estratégias específicas para promover a liderança feminina?
LB: Sim, temos um compromisso firme e estruturado com a equidade de género. Em Cabo Verde, já foram dados passos significativos com a implementação da Lei da Paridade, que posicionou o país entre os que têm maior representatividade feminina no parlamento (44,4%). O nosso objectivo é expandir esse progresso para além do setor político alcançando empresas, instituições e organizações da sociedade civil para que a liderança feminina se torne cada vez mais visível, ativa e decisiva.
No Human Leaders International Congress, implementamos estratégias específicas para promover a liderança feminina, incluindo a criação de espaços de mentoria e a promoção do allyship. Estabelecemos metas concretas de representatividade, garantindo que, no mínimo, 40% dos oradores e membros dos painéis sejam mulheres.
Ademais, desenvolvemos programas com indicadores mensuráveis, focados na promoção de mulheres em cargos de liderança, na igualdade salarial e no acesso a financiamento, de forma a avaliar o impacto real das nossas iniciativas.
No domínio digital, reconhecemos que muitas mulheres empreendedoras ainda enfrentam barreiras como o custo de acesso e questões de segurança online. Por isso, estamos a desenvolver parcerias com atores tecnológicos e financeiros para criar toolkits (kits de ferramentas) de capacitação digital, com soluções práticas que ampliem a participação feminina na economia digital tanto em Cabo Verde como em outros países africanos.
Acreditamos que uma liderança transformadora só será possível com a presença equitativa das mulheres em todos os espaços de decisão.
PM: Qual é a visão que gostaria de deixar aos leitores do PROFILE, especialmente jovens profissionais e líderes emergentes em Moçambique, a partir da experiência acumulada?
LB: A mensagem é simples e profunda, liderar não é sobre cargos é sobre impacto.
Cada jovem moçambicana e moçambicano carrega em si o poder de ser agente de transformação, começando por liderar a si mesmo, à sua família e à sua comunidade. O futuro de África será construído por líderes conscientes, humanos e capazes de gerar resultados sustentáveis e inclusivos.
Temos uma vantagem única, somos o continente mais jovem do mundo, com uma mediana etária de apenas 19 anos. Esta é a nossa força competitiva e o momento é agora.
Invistam em competências digitais, em ética, em empatia e em colaboração. Construam pontes entre sectores, comunidades e países. Porque o futuro de África depende da coragem, da visão e da acção da sua juventude e da geração vindoura.