Domingo, Junho 15, 2025
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MOZIX inaugura novo ponto de presença no centro de dados MPM1 da Digital Realty em Maputo

A Digital Realty, fornecedora global de soluções de centros de dados, colocation e interconexão independentes de operadoras e plataformas de nuvem, anunciou a abertura de um novo ponto de presença do Mozambique Internet Exchange (MOZIX) no centro de dados Maputo One (MPM1). Este avanço estratégico reforça a infra-estrutura digital nacional, permitindo uma troca de tráfego mais eficiente e económica entre operadores de redes.

A presença do MOZIX no MPM1 constitui um marco significativo na trajectória de transformação digital do País. Sendo o único Ponto de Troca de Tráfego de Internet (IXP) em Moçambique, o MOZIX desempenha um papel crucial na retenção do tráfego nacional dentro das fronteiras, reduzindo a latência, melhorando a experiência dos utilizadores e diminuindo a dependência de largura de banda internacional dispendiosa.

“O MOZIX tem sido determinante para o fortalecimento do ecossistema da Internet em Moçambique,” afirmou Luís Neves Cabral Domingos, Director do Centro de Informática da Universidade Eduardo Mondlane (CIUEM). “Com picos de tráfego superiores a 150 Gbps e 19 membros activos em peering, a nossa expansão para o centro de dados MPM1 da Digital Realty permite-nos reforçar ainda mais a eficiência e a resiliência das redes.”

Localizado no coração da cidade de Maputo, o MPM1 oferece um ambiente altamente interligado para operadoras nacionais e internacionais, fornecedores de conteúdos e empresas. Com mais de 15 redes já conectadas, a instalação assume-se como um ponto nevrálgico para a troca de tráfego e inovação digital na região.

“A integração do MOZIX na nossa infra-estrutura de Maputo representa um avanço significativo para a conectividade em Moçambique,” declarou José Almeida, Director-Geral da iColo – Uma Empresa Digital Realty em Moçambique. “Enquanto instalação neutra em termos de operadoras, o MPM1 disponibiliza uma plataforma robusta para peering e interconexão, e orgulhamo-nos de apoiar o crescimento da economia digital local com infra-estruturas modernas.”

Segundo dados da Internet Society Pulse, mais de 35% do tráfego nacional é actualmente encaminhado através de IXPs situados em território moçambicano. Com uma taxa de penetração da Internet de 19,8% e mais de 6,9 milhões de utilizadores em linha no início de 2025, a necessidade de infra-estruturas digitais escaláveis e de alto desempenho torna-se cada vez mais premente.

A Digital Realty mantém o seu compromisso com o desenvolvimento de um ecossistema pan-africano de interconexão. Para além de Moçambique, a empresa opera centros de dados neutros no Quénia, onde acolhe IXPs como o Kenya Internet Exchange Point (KIXP), o London Internet Exchange (LINX) e o Asteroid IX, em instalações localizadas em Nairobi e Mombaça.

No seu conjunto, estas plataformas processam volumes médios de tráfego na ordem dos 100 Gbps, sustentando a visão da empresa de proporcionar conectividade digital sem fronteiras em todo o continente africano.

Este anúncio consolida o papel da Digital Realty como impulsionadora da transformação digital em África. Com operações activas em Moçambique, Quénia, Nigéria e África do Sul, a empresa está a construir uma plataforma de interconexão pan-africana que favorece o crescimento regional e a integração global. A Digital Realty foi recentemente classificada em primeiro lugar no continente africano no Cloudscene’s Data Centre Ecosystem Leaderboard, o que reforça a sua posição como facilitadora de infra-estruturas digitais no continente.

A Digital Realty conecta empresas e dados, oferecendo um leque completo de soluções de centros de dados, colocation e interconexão. Através da PlatformDIGITAL, a sua plataforma global, disponibiliza um espaço seguro para interacção de dados, com uma arquitectura comprovada – a PDx (Pervasive Datacentre Architecture) – que impulsiona a inovação, desde a transformação digital e computação em nuvem, até tecnologias emergentes como a inteligência artificial (IA) e a gestão eficiente de fenómenos como a Gravidade de Dados.

A empresa oferece acesso a comunidades de dados interligadas em mais de 300 centros de dados, distribuídos por mais de 50 grandes cidades em mais de 25 países, cobrindo seis continentes.

Fonte: Inteligetcio

Novas locomotivas diesel da CRRC entram ao serviço em Moçambique

As locomotivas diesel da fabricante chinesa CRRC foram oficialmente integradas ao serviço ferroviário nacional, após cerimónia realizada na estação central de Maputo, com a presença do Ministro dos Transportes e Comunicações, João Matlombe. A informação foi avançada pelo portal especializado Railway Supply.

A Administração Portuária e Ferroviária de Moçambique (CFM) investiu 6,6 milhões de dólares norte-americanos na aquisição destas modernas locomotivas, produzidas pela CRRC num prazo recorde de 100 dias, incluindo as fases de concepção, fabrico e entrega.

As novas locomotivas do modelo SDD1 possuem seis eixos e estão adaptadas à bitola de 1067 mm, comum nas infra-estruturas ferroviárias moçambicanas. Cada unidade oferece uma potência de 1620 kW, estando especificamente projectada para responder às exigências climáticas do continente africano.

Para garantir maior fiabilidade operacional, a CRRC equipou os equipamentos com sistemas avançados de controlo, destinados a reforçar os níveis de segurança e automatização durante o seu funcionamento.

De acordo com o Ministro João Matlombe, o CFM prevê adquirir, no total, 15 locomotivas diesel, além de 30 carruagens de passageiros e 250 vagões de carga, com o objectivo de renovar e reforçar a frota nacional.

CRRC adapta tecnologia às condições africanas

O modelo SDD1 foi concebido tendo em conta as especificidades locais, apresentando elevada durabilidade e resistência em ambientes de altas temperaturas, sem comprometer a eficiência energética.

Anteriormente, Moçambique recorria à China para o fornecimento de vagões de carga e à Índia para carruagens de passageiros. A estratégia actual visa consolidar as relações com a CRRC e simplificar o processo de aquisição de material circulante.

Investimento sustenta modernização ferroviária

A decisão do CFM de alargar a sua frota de locomotivas integra-se num esforço mais amplo de modernização das infra-estruturas logísticas nacionais, procurando aumentar a capacidade de transporte de passageiros e mercadorias nas principais ligações ferroviárias regionais.

Com este investimento, Moçambique reafirma o seu compromisso com o desenvolvimento do sector dos transportes e com a integração efectiva nos corredores comerciais da região.

Fonte: Trasnformers MAGAZINE

Moçambique beneficia de apoio de 43,6 milhões de dólares para reforço da energia verde

  • AfDB financia nova linha de transporte para escoar energia eólica, alargar o acesso e reduzir emissões em Moçambique e na África Austral

Moçambique acaba de alcançar um marco significativo na transição para fontes de energia limpa, com a aprovação, pelo Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB), de um financiamento no valor de 43,6 milhões de dólares norte-americanos. O montante destina-se à construção da linha de transporte de energia Namaacha-Boane e de infra-estruturas associadas.

O projecto permitirá a transmissão de até 332 GWh de energia eólica renovável, proveniente do futuro parque eólico de Namaacha, com capacidade de 120 MW, situado no sudoeste do país. Esta energia será distribuída para agregados familiares e unidades produtivas em todo o território nacional, bem como para a região da África Austral.

Do valor total, 33,2 milhões de dólares são disponibilizados pelo Fundo Africano de Desenvolvimento, e 10,4 milhões provêm da “Janela de Acção Climática” do Banco, mecanismo que apoia 37 países africanos de baixo rendimento a desenvolver-se de forma resiliente às mudanças climáticas. O Governo moçambicano também assegurará uma comparticipação.

“Este é um passo determinante na transição de Moçambique para um modelo de baixo carbono”, afirmou Kevin Kariuki, Vice-Presidente do AfDB para Energia, Clima e Crescimento Verde. “A iniciativa irá ampliar o acesso à electricidade a preços acessíveis, dinamizar a indústria local e melhorar as condições de vida.”

A execução do projecto ficará a cargo da Electricidade de Moçambique (EDM) e da Central Eléctrica da Namaacha (CEN), estando prevista a instalação de duas novas linhas de transporte de 66 kV com 43 quilómetros cada, para além de actualizações essenciais na rede eléctrica existente.

Com esta intervenção, espera-se criar milhares de novas ligações em zonas rurais e subatendidas, reduzir anualmente mais de 71 mil toneladas de emissões de dióxido de carbono (CO₂) e reforçar o comércio regional de energia através do Mercado Energético da África Austral (SAPP, na sigla em inglês).

O projecto está alinhado com a estratégia “Iluminar e Fornecer Energia à África”, do AfDB, e com a “Missão 300” de Moçambique, que visa alcançar a electrificação universal até 2030.

Fonte: Transformers MAGAZINE

Relatório da IEA aponta quebra de 30% na produção de grafite em África em 2024, influenciada pela situação em Moçambique

A produção de grafite natural em África registou uma acentuada queda de 30% em 2024, situando-se nas 120.000 toneladas, segundo o Global Critical Minerals Outlook 2025, divulgado recentemente pela Agência Internacional de Energia (IEA). A diminuição da produção deveu-se, sobretudo, a constrangimentos operacionais na mina de Balama, em Moçambique, e a dificuldades no projecto Lindi, na Tanzânia.

De acordo com o relatório, a mina de Balama, considerada a maior operação de grafite em África, declarou force majeure após episódios de instabilidade civil na província de Cabo Delgado. A operadora australiana Syrah Resources não produziu grafite no local desde julho de 2024, situação que impactou significativamente os números do continente. Embora a empresa preveja retomar a produção até ao final de junho de 2025, não avançou novas projecções de produção.

Por sua vez, a mina Lindi, na Tanzânia, enfrentou problemas após a entrada em administração da sua operadora e atrasos logísticos no porto de Dar es Salaam, agravando o cenário de retração no sector.

África representa atualmente cerca de 10% do fornecimento global de grafite natural, num mercado dominado pela China, que controla aproximadamente 80% da oferta mundial. Contudo, analistas apontam para um potencial de crescimento da quota africana nos próximos anos, impulsionado por novos investimentos e projectos em desenvolvimento na região.

O relatório da IEA destaca, entre esses projectos, a expansão da operação da Tirupati Graphite em Madagáscar, que pretende aumentar a sua capacidade anual de 20.000 para 54.000 toneladas até dezembro de 2025. Em simultâneo, o projecto Kasiya, da australiana Sovereign Metals, no Malawi, prevê uma produção de 233.000 toneladas ao longo de uma vida útil estimada em 25 anos. Já na Tanzânia, a Black Rock Mining avança com o projecto Mahenge, que poderá alcançar 340.000 toneladas de concentrado de grafite por ano até 2026.

Apesar destas perspectivas positivas, o mercado enfrenta desafios consideráveis. Desde 2023, os preços do grafite têm sofrido pressão, consequência do excesso de oferta e da redução da procura, especialmente no segmento de veículos elétricos, um dos principais consumidores deste mineral crítico.

Em Madagáscar, a NextSource Minerals tem encontrado dificuldades para iniciar a produção comercial da mina Molo, também atribuídas às atuais condições desfavoráveis do mercado. A própria Syrah Resources justificou a suspensão das operações em Balama com a debilidade do mercado, para além dos problemas de segurança.

Embora o World Energy Outlook 2024, igualmente da IEA, tenha projetado que África poderia duplicar a sua participação no mercado global de grafite para 20% até 2030, os desenvolvimentos recentes mostram que o caminho para este objectivo será condicionado pela estabilidade operacional, segurança regional e dinâmicas de mercado.

Com a retoma prevista em algumas operações e o avanço de novos projectos, o sector africano de grafite poderá, nos próximos anos, recuperar fôlego e posicionar-se como um fornecedor estratégico para as cadeias globais de minerais críticos.

Fonte: ECOFIN AGENCY

Moçambique lidera lista dos países africanos com maiores valores retidos de receitas da aviação

  • IATA alerta para impacto da retenção de fundos no sector aéreo e no cumprimento de acordos internacionais

Moçambique passou a liderar o grupo dos países com maiores volumes de receitas de companhias aéreas internacionais bloqueadas, segundo dados actualizados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), referentes ao período até Abril de 2025. O país mantém retidos cerca de 205 milhões de dólares norte-americanos, valor que o coloca à frente de Argélia (178 milhões USD) e Angola (84 milhões USD), entre os Estados africanos com maiores restrições à repatriação de receitas.

De um total global de 1,3 mil milhões de dólares em fundos bloqueados, 846 milhões estão retidos em 12 países africanos, o que confirma a predominância do continente no quadro das jurisdições onde as companhias aéreas enfrentam dificuldades em aceder às receitas provenientes da venda de bilhetes. Eritreia (76 milhões), Zimbabué (68 milhões) e Etiópia (44 milhões) também figuram entre os maiores devedores, enquanto os restantes seis países, Camarões, República Centro-Africana, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial e Gabão, acumulam em conjunto 191 milhões de dólares em valores por regularizar.

A IATA considera que estas restrições colocam em risco a viabilidade das operações das companhias aéreas e violam os Acordos Bilaterais de Serviços Aéreos (BASA), dificultando o acesso das transportadoras aos fundos necessários para suportar os custos operacionais, sobretudo aqueles denominados em moeda estrangeira.

O Director-Geral da IATA, Willie Walsh, considerou a situação “profundamente preocupante” e referiu que os atrasos ou bloqueios na repatriação dos fundos ameaçam a continuidade dos voos internacionais e o próprio desenvolvimento económico dos países envolvidos.

As companhias aéreas operam com margens extremamente reduzidas e não conseguem sustentar interrupções no acesso às suas receitas”, alertou Walsh, apelando ao respeito pelos compromissos internacionais e à remoção imediata dos entraves cambiais.

Fora do continente africano, países como o Líbano (142 milhões USD), Bangladesh (92 milhões USD) e Paquistão (83 milhões USD) também continuam a reter valores significativos, ainda que em menor dimensão comparativamente aos Estados africanos.

Apesar de o total global ter registado uma descida em relação aos 1,7 mil milhões de dólares registados em Outubro de 2024, devido a esforços diplomáticos e pressão institucional sobre alguns governos, o caso de Moçambique, cuja posição ascendente é classificada pela IATA como sinal negativo para investidores e operadores, revela uma tendência inversa e motivo de alarme.

A título de exemplo, a Nigéria, que em 2023 ocupava o topo da lista com quase 800 milhões USD em fundos retidos, regularizou cerca de 98% do seu passivo até Novembro de 2024, após a suspensão de voos por parte de transportadoras como a Emirates e a Etihad Airways. Por seu lado, Bangladesh e Paquistão, que também integravam o grupo dos cinco maiores devedores, reduziram substancialmente os seus montantes em dívida.

A IATA insiste que o desbloqueio dos fundos é essencial para garantir a conectividade internacional, a estabilidade dos fluxos de passageiros e carga, e o fortalecimento das economias africanas, um apelo que se reveste de particular urgência no caso moçambicano, dada a sua crescente centralidade geográfica e estratégica nas rotas do Sul do continente.

Fonte: TIMES AEROSPACE

Aprovados novos preços mínimos de referência para a comercialização do algodão

O Fórum Nacional dos Produtores de Algodão (FONPA) e a Associação Algodoeira de Moçambique (AAM) aprovaram, na sexta-feira (30), por consenso, os novos preços mínimos de referência para a comercialização do algodão caroço na campanha agrária 2024/2025.

A nova tabela fixa o preço em 22 meticais por quilograma para o algodão de primeira qualidade e 15,5 meticais para a segunda qualidade, com uma taxa de descaroçamento estabelecida em 6,5 meticais.

Falando no final da reunião negocial, o Ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Mito Albino, declarou que o preço daquela cultura de rendimento não contará com subsídios governamentais, porque o Orçamento do Estado não permite apoios directos para a equação do preço final na presente campanha.

“O importante é que houve um acordo possível, sem mortos nem feridos”, afirmou o governante, destacando o consenso alcançado entre os principais intervenientes do sector.

Num outro desenvolvimento, o dirigente garantiu que o Executivo irá disponibilizar uma linha de crédito com taxas de juro ‘extremamente’ bonificadas. A previsão é de uma taxa de zero por cento para os que estiverem agregados na cadeia de valor dos agro-indústrias e pretenderem adquirir equipamentos e insumos agrários, ao passo que para os que estiverem fora será aplicada uma taxa de até cinco por cento.

Roberto Mito Albino alertou, no entanto, aos potenciais beneficiários, que todas as transacções e linhas de apoio irão decorrer dentro de uma plataforma digital para evitar informalidade e disciplinar os mecanismos de acesso ao crédito para a mecanização e aquisição de insumos. “Apenas beneficiarão de créditos das novas linhas de financiamento do sector os que estiverem registados no sistema”, concluiu o dirigente. (Nota Informativa)

Sector bancário moçambicano mantém sólida resiliência apesar de maior exposição à dívida pública

  • Rácio de solvabilidade fixou-se em 26,5%, mais do que o dobro do mínimo regulamentar (12%);
  • Rácio de liquidez alcançou 59,5%, bem acima do mínimo exigido (25%);
  • Testes de esforço indicam capacidade do sector para absorver choques e manter capitalização;
  • Risco sistémico é considerado moderado, mas com atenção à crescente exposição à dívida pública;
  • Dívida pública interna aumentou para 445,9 mil milhões de meticais, mais 30,3 mil milhões face a Dezembro de 2024.

O sector bancário moçambicano apresenta-se sólido e resiliente, sustentado por indicadores robustos de solvabilidade e liquidez, mesmo perante um ambiente marcado por pressões fiscais crescentes e ajustamentos na política monetária. Esta foi a principal conclusão do Comité de Política Monetária (CPMO), reunido a 30 de Maio de 2025, que destacou também a existência de riscos sistémicos moderados, com origem na crescente exposição dos bancos à dívida pública interna.

Solvabilidade e liquidez: Pilares de confiança

Segundo o último comunicado do Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique (CPMO), o rácio de solvabilidade do sistema bancário atingiu 26,5% em Março de 2025, valor significativamente superior ao mínimo regulamentar de 12%, evidenciando uma forte capacidade de absorção de perdas. Já o rácio de liquidez fixou-se em 59,5%, mais do que o dobro do limiar mínimo de 25%.

Estes resultados reflectem uma gestão prudente por parte dos bancos e confirmam a estabilidade operacional do sector, mesmo num contexto de ajustamento da taxa MIMO e redução das taxas de juro de referência.

Testes de esforço e avaliação do risco sistémico

O Banco de Moçambique realizou também testes de esforço de solvência macroprudencial, simulando choques adversos ao sistema. Os resultados mostram que o sector dispõe de reservas de capital suficientes para absorver perdas inesperadas e manter os níveis de capitalização no médio prazo, consolidando a confiança no sistema financeiro.

Apesar desta robustez, a avaliação do risco sistémico, que analisa o potencial efeito de contágio de falhas bancárias sobre todo o sistema, é classificada como moderada. Esta classificação decorre, em parte, da redução das taxas de juro e da diminuição do volume de crédito em incumprimento, factores que aliviam a pressão sobre o sistema.

Alerta: Exposição a dívida pública interna em aumento

Um dos focos de preocupação apontado pelo CPMO é a subida da exposição do sector bancário ao endividamento público interno. Excluindo os contratos de mútuo, de locação e responsabilidades em mora, a dívida pública interna atingiu 445,9 mil milhões de meticais, representando um acréscimo de 30,3 mil milhões desde Dezembro de 2024.

Este crescimento poderá comprometer a diversificação das carteiras dos bancos e reduzir o espaço de crédito ao sector privado. Além disso, aumenta a correlação entre a saúde das contas públicas e a estabilidade do sistema bancário, uma dinâmica que o Banco Central continuará a monitorizar com atenção.

Depreende-se que o sector bancário moçambicano mantém uma posição sólida e resiliente, com capacidade comprovada para enfrentar choques e sustentar a confiança dos depositantes e investidores. Contudo, os sinais de alerta quanto ao endividamento público e à sua interligação com os balanços dos bancos requerem vigilância e coordenação entre política fiscal e monetária. A contenção do risco sistémico dependerá, cada vez mais, da disciplina macroeconómica e da solidez das instituições financeiras.

BM reduz taxa mimo para 11% com inflação em queda e sistema financeiro estável

  • Taxa de juro de política monetária (MIMO) reduzida em 75 pontos base, fixando-se em 11%;
  • Juros das Facilidades Permanentes de Cedência e Depósito ajustados para 14% e 8%, respectivamente;
  • Coeficientes de reservas obrigatórias mantêm-se inalterados: 29% (moeda nacional) e 29,5% (moeda estrangeira);
  • Sistema financeiro mantém-se resiliente, com solvabilidade e liquidez acima dos níveis prudenciais;
  • Inflação anual desacelerou para 4,0% em Abril de 2025;
  • Riscos fiscais, exposição à dívida interna e choques climáticos continuam a pesar nas projecções.

O Banco de Moçambique (BdM) anunciou, a 30 de Maio, uma nova redução da sua taxa directora de política monetária (MIMO), que passou de 11,75% para 11,00%. A decisão, tomada em sessão ordinária do Comitê de Política Monetária (CPMO), foi fundamentada pela consolidação das projecções de inflação em um dígito no médio prazo e pela robustez demonstrada pelo sistema financeiro nacional.

Medidas Decididas

O Comunicado n.º 3/2025 do CPMO e a circular operacional n.º 016/MMI-MCI/2025 confirmam as seguintes medidas:

  • Redução da taxa MIMO para 11,00%;
  • Redução da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) para 14,00%;
  • Redução da Facilidade Permanente de Depósito (FPD) para 8,00%;
  • Manutenção do coeficiente de reservas obrigatórias:
    • 29,00% para passivos em moeda nacional;
    • 29,50% para passivos em moeda estrangeira.

Comparativo das Taxas de Política Monetária

Comparativo das Taxas de Política Monetária e Reservas Obrigatórias – Maio 2025

Indicador Valor Anterior Valor Actual Variação (pb)
Taxa MIMO 11.75 11.0 -75
Facilidade Permanente de Cedência (FPC) 14.75 14.0 -75
Facilidade Permanente de Depósito (FPD) 8.75 8.0 -75
Reservas Obrigatórias (Moeda Nacional) 29.0 29.0 0
Reservas Obrigatórias (Moeda Estrangeira) 29.5 29.5 0

Trata-se de decisões vistas como sustentadoras de uma trajetória de flexibilização monetária em curso desde o início de 2025, com o objectivo de estimular a actividade económica sem comprometer a estabilidade macroeconómica.

Inflação em queda e Metical estável

A inflação anual desacelerou para 4,0% em Abril de 2025, após registar 4,8% em Março, mantendo-se em patamares historicamente baixos. A inflação subjacente também recuou, reflectindo o impacto positivo das anteriores decisões do CPMO, a estabilidade do Metical e a redução dos preços internacionais de bens e serviços.

Evolução da Inflação Anual

As perspectivas de inflação mantêm-se firmemente ancoradas abaixo dos 10%, o que permite maior espaço de manobra para uma política monetária mais acomodatícia.

Sistema bancário sólido, mas cautelas persistem

De acordo com o Banco de Moçambique, o sistema financeiro nacional permanece robusto, tendo, em Março de 2025, registados os seguintes indicadores que corroboram a qualificação da solidez do sector bancário nacional

  • Rácio de solvabilidade situou-se em 26,5% (mínimo regulamentar: 12%);
  • Rácio de liquidez foi de 59,5% (mínimo regulamentar: 25%).

Indicadores do Sistema Bancário

O BdM refere que submeteu o sector bancário a “testes de esforços” que permitiram confirmar que o sector bancário tem capacidade para absorver choques severos e manter a capitalização no médio prazo.

No entanto, o CPMO alerta para a crescente exposição dos bancos à dívida pública interna, que atingiu os 445,9 mil milhões de meticais, mais 30,3 mil milhões face a Dezembro de 2024. Essa dependência representa uma vulnerabilidade estrutural que poderá limitar a eficácia do canal de crédito ao sector privado.

Exposição à dívida pública interna

Riscos e incertezas

Apesar do ambiente macroeconómico mais favorável, permanecem riscos relevantes:

  • Deterioração fiscal e dificuldades na mobilização de recursos para o Orçamento do Estado;
  • Incógnitas quanto à velocidade de recuperação da capacidade produtiva e oferta interna;
  • Riscos climáticos e sazonais que podem impactar preços e acessibilidade de bens.

Perspectiva de Política Monetária

O CPMO confirmou que continuará o processo de normalização da política monetária, com os próximos passos dependentes da evolução da inflação e da avaliação contínua dos riscos. A próxima reunião ordinária do Comité está marcada para o dia 30 de Julho de 2025.

O corte da taxa MIMO para 11% confirma a confiança do Banco de Moçambique na estabilidade de preços e na resiliência do sistema financeiro, ao mesmo tempo que sinaliza uma abordagem pragmática para estimular a actividade económica interna. A manutenção dos coeficientes de reservas obrigatórias mostra, porém, que a autoridade monetária permanece vigilante face aos riscos estruturais — sobretudo no plano fiscal e climático.

Banca e Seguros: Empresários angolanos procuram parcerias em Moçambique

A CTA recebeu, recentemente, empresários angolanos ligados aos sectores de banca e seguros, que se encontra em Moçambique à procura de oportunidades de negócios e de parcerias com empresários moçambicanos.

As partes discutiram possibilidades de parcerias, visando explorar as oportunidades existentes em Moçambique nestes sectores, aumentando os investimentos e as trocas comerciais entre os dois países.

O Administrador Executivo do BancoYETU, Paulo Fontes, apresentou linhas de financiamento disponíveis para apoiar a internacionalização de empresas angolanas e em Moçambique procura parceiros para expansão das suas actividades para o mercado moçambicano.

Por seu turno, a Presidente do Conselho Executivo da angolana PREFIRASEGUROS, Sofia Chival, apresentou soluções de seguros adequados a diversos sectores de actividade e pretende investir em Moçambique.

Visita estratégica para o reforço das relações económicas

O Presidente da CTA, Álvaro Massingue, considera estratégica a visita dos empresários angolanos para o reforço das relações económicas entre Moçambique e Angola.
“Partilhamos uma base cultural comum, laços históricos profundos e, sobretudo, a língua portuguesa, vantagens únicas que devem ser aproveitadas para promover a internacionalização das nossas empresas nos mercados dos PALOP, com soluções financeiras e seguradoras inovadoras, sustentáveis e inclusivas”, frisou Álvaro Massingue.

Em termos de desafios para o sector privado moçambicano, especialmente para as PME´s, o Presidente da CTA destacou algumas dificuldades persistentes, ligadas ao acesso a financiamento e seguros, nomeadamente: Taxas de juro elevadas; Exigência de garantias difíceis de mobilizar; Escassez de produtos ajustados à realidade local; e Baixa penetração de seguros, agravando a exposição ao risco.

“Projectos economicamente viáveis deixam de avançar por falta de capital e protecção adequadas, sobretudo nos sectores agrícola, industrial e informal”, frisou Álvaro Massingue.

Cooperação e Internacionalização regional

Sendo o BancoYETU e PREFIRASEGUROS, empresas que se destacam em Angola na inovação, automação e apoio ao sector produtivo, o Presidente da CTA convidou estas instituições a estruturarem linhas de crédito com garantias híbridas adaptadas ao risco local; a desenvolverem seguros para PME´s agrícolas, comerciais, multirriscos e inclusivos; a firmarem parcerias com bancos e fintechs moçambicanos, promovendo soluções digitais em áreas remotas; a apoiarem programas conjuntos de educação financeira e seguradora; e a estimularem mecanismos de financiamento por desempenho, com foco em sustentabilidade.

Mais do que investimento, Álvaro Massingue propôs cooperação estratégica para internacionalizar os serviços financeiros e seguradores moçambicanos nos PALOP, consolidando a presença de empresas nacionais em mercados cultural e linguisticamente alinhados.

A CTA mostrou-se disponível para actuar como facilitadora, conectando estas iniciativas às reais necessidades do sector empresarial moçambicano.

Convite para FACIM e CASP

O Presidente da CTA aproveitou o ensejo para convidar os empresários angolanos a participarem na 60ª edição da FACIM – Feira Internacional de Maputo, a ter lugar de 25 a 31 de Agosto de 2025, e na 20ª edição da CASP – Conferência Anual do Sector, prevista para Outubro próximo.
Durante o encontro, a CTA propôs a realização de um Fórum de Negócios Moçambique – Angola, que servirá de plataforma de intercâmbio para o fortalecimento das relações empresariais entre os dois países.

 

Syrah Resources retoma produção de grafite em Balama após longos meses de paralisação

A mineradora australiana Syrah Resources, que explora uma mina de grafite no distrito de Balama, na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, retomou as actividades depois de um impasse com as comunidades locais, que têm vindo a exigir o que consideram ser uma compensação justa para os desalojados pelo projecto em Setembro passado.

A mineradora retomou as actividades graças à intervenção das Forças de Defesa e Segurança (FDS), que culminou com a expulsão das comunidades das oito aldeias que ainda exigiam indemnizações.

De acordo com uma fonte, citada pela Carta de Moçambique, as actividades foram retomadas há duas semanas. No entanto, estão a decorrer com metade da capacidade normal, em resultado dos trabalhos de limpeza e reparação de equipamentos que estavam inoperacionais desde Outubro passado. Ainda assim, parte da empresa continua sob fortes medidas de segurança, embora os manifestantes tenham deixado de actuar.

“Os trabalhos na mina já tinham começado, mas, por motivos de força maior, os manifestantes foram expulsos. A Unidade de Intervenção Rápida (UIR) teve de intervir, recorrendo a veículos blindados, gás lacrimogéneo e outras formas de perseguição”, disse a mesma fonte, sublinhando ainda que os 12 membros da comunidade que tinham sido detidos foram libertados, mas sob vigilância das autoridades locais.

“Com as medidas de segurança impostas à volta da mina, a deslocação descontrolada das famílias é considerada perigosa, mesmo quando se trata de procurar estacas ou lenha”, acrescentou.