Quinta-feira, Março 28, 2024
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O país registou o máximo de 10,3% de inflação nos últimos cinco anos

Mas as taxas de câmbio nominais e reais permaneceram estáveis, ajudando a minimizar o aumento generalizado de preços, com a estabilidade do metical face às principais moedas, nomeadamente o dólar americano, o euro e o rand, apesar do aumento da procura da moeda estrangeira.

Os dados constam da 9.ª Edição do Relatório de Actualidade Económica de Moçambique feito pelo Banco Mundial e referente a 2022, no qual faz uma abordagem exaustiva sobre o papel dos serviços no crescimento económico e geração de emprego no País.

“O aumento global dos preços do petróleo e dos alimentos tem contribuído para as pressões inflacionárias. No entanto, as taxas de câmbio nominais e reais estáveis ajudaram a minimizar pressões adicionais sobre os preços”, lê-se na abordagem do Banco Mundial sobre Moçambique, divulgada na última sexta-feira, 10 de Março.

Quanto às perspectivas de crescimento a médio prazo, o relatório da instituição considera serem positivas, esperando que atinjam os 6% em 2023-2025, impulsionadas pela contínua recuperação dos serviços, pelo aumento da produção de gás natural liquefeito e pelos preços elevados das matérias-primas. Contudo, riscos negativos relacionados com choques climáticos, riscos de segurança e pressões sobre os preços de alimentos e combustíveis podem reduzir o crescimento do PIB a médio prazo para 4,5%.

O documento destaca o papel dos serviços na aceleração do crescimento económico e na geração de empregos, enfatizando a necessidade de reduzir a dependência na agricultura de baixa produtividade e na indústria extractiva, propondo um modelo de desenvolvimento baseado em fontes diversificadas de crescimento, produtividade e emprego. Descreve ainda opções de reformas para fortalecer o papel do sector de serviços como eixo central da economia.

“Olhando em frente, o crescimento sustentável e inclusivo exigirá o aumento da produtividade nos serviços e o estímulo à formalização de empresas informais, ao mesmo tempo que se fortalecem as ligações entre os vários sectores”, disse Idah Pswarayi-Riddihough, directora do Banco Mundial para Moçambique, Madagáscar, Ilhas Maurícias, Comores e Seicheles, acrescentando, igualmente, que “os serviços podem ser um caminho para o crescimento inclusivo e para a geração de empregos”.

O forte desempenho de crescimento de Moçambique nas últimas décadas ajudou a reduzir a pobreza no País. No entanto, o crescimento não foi suficientemente inclusivo. Isto deve-se, em parte, à forte dependência na indústria extractiva, que tem vínculos limitados com a economia em geral, e à baixa produtividade do sector agrícola – a principal fonte de subsistência para os mais pobres.

“Estima-se que mais de meio milhão de pessoas entre na força de trabalho em Moçambique todos os anos. Por isso, criar mais e melhores empregos é um desafio urgente para o País”, disse Fiseha Haile, economista sénior do BM para Moçambique.

Ainda segundo a instituição, o Governo de Moçambique está a dar passos importantes para apoiar a recuperação económica e estimular o crescimento do sector privado, onde se inclui o pacote de medidas de aceleração económica (PAE), aprovado em Agosto de 2022, plano que surgiu numa altura em que a economia estava a recuperar após um longo abrandamento na sequência de choques consecutivos, entre os quais as dívidas ocultas, os ciclones, a insurgência e a pandemia do covid-19.

O relatório aponta ainda para a necessidade de reformas que visem fortalecer o papel do sector privado e promover o acesso ao financiamento através da redução do custo do crédito bancário, bem como oferecer garantias de crédito às pequenas empresas. Também reconhece a necessidade de transformar os serviços em actividades mais sofisticadas e transaccionáveis – como tecnologias da informação e comunicação, finanças e serviços profissionais e empresariais – para que o sector possa ser um motor de crescimento inclusivo e de geração de postos de trabalho.

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