Terça-feira, Maio 20, 2025
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Produção de Grafite em Cabo Delgado pode ser retomada após cinco meses de bloqueios

A mineradora australiana Syrah Resources anunciou a recuperação do acesso à sua mina de grafite em Balama, Cabo Delgado, após meses de interrupções provocadas por protestos ilegais. A situação, que vinha afetando as operações desde finais de 2023, foi parcialmente resolvida após a intervenção das autoridades moçambicanas nos dias 3 e 4 de Maio, o que permitiu à empresa retomar o controlo da infra-estrutura.

Segundo um comunicado citado pelo portal Engineering News, o desbloqueio do acesso resultou de um acordo alcançado em Abril entre a Syrah, representantes do Governo e comunidades locais, maioritariamente agricultores que reivindicavam questões ligadas ao reassentamento de terras. Embora a maioria dos manifestantes tenha suspendido as acções, um pequeno grupo persistia em bloquear a entrada da mina, sem apresentar, segundo a empresa, motivos legítimos.

A mineradora, listada na Bolsa de Valores da Austrália (ASX), já iniciou a mobilização de equipas técnicas para inspeção, manutenção e reativação gradual das operações e dos embarques previstos.

As actividades da mina de Balama estiveram paralisadas por três trimestres consecutivos, impactando severamente a cadeia de fornecimento da empresa, que é uma das principais fornecedoras de grafite para baterias de veículos eléctricos, incluindo para a Tesla. Em Dezembro de 2023, a Syrah declarou “força maior” e suspendeu oficialmente as operações, o que provocou uma queda de 28% nas acções da companhia e o não cumprimento de cláusulas de financiamento com instituições dos Estados Unidos.

A Syrah havia recebido anteriormente 150 milhões de dólares da International Development Finance Corporation e mais 98 milhões do Departamento de Energia dos EUA, com o objetivo de apoiar a mina de Balama e expandir sua operação com uma fábrica de processamento nos EUA. A instabilidade política e social em Moçambique, no entanto, comprometeu o cumprimento dessas metas financeiras.

O país atravessou, nos últimos meses, uma intensa crise pós-eleitoral marcada por manifestações, algumas violentas, que resultaram em cerca de 390 mortes. A tensão agravou-se com a rejeição dos resultados eleitorais por parte do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que contestou a vitória da Frelimo e do presidente Daniel Chapo nas eleições de 9 de Outubro.

Num esforço para restaurar a paz, o Parlamento aprovou em Abril, por unanimidade, uma lei que formaliza o acordo político entre todas as forças partidárias, incluindo uma revisão da Constituição e dos poderes presidenciais. O entendimento foi assinado a 5 de Março e representa uma tentativa de estabilizar o país e criar condições para o regresso à normalidade institucional e económica.

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