Na sequência do ataque armado de rebeldes contra Palma, sede de distrito do projecto de gás entretanto suspenso em Cabo Delgado, a petrolífera Total reduziu a sua força de trabalho no país.
“Na sequência da decisão de ‘força maior’ devido à situação de segurança no norte de Cabo Delgado, a Total E&P Mozambique Area 1 (TEPMA1), operador do projecto de gás (Mozambique LNG), confirma que reduziu a sua força de trabalho”, disse à Lusa fonte da Total.
Segundo a mesma fonte, a redução foi feita “como discutido com as autoridades e em conformidade com a legislação moçambicana”, sem adiantar mais detalhes – nomeadamente sobre o número de postos de trabalho em causa e de que forma foram reduzidos.
A empresa reagia a testemunhos ouvidos pela Lusa por parte de trabalhadores diretamente contratados pela Total, segundo os quais “Junho é o último mês em que a empresa paga vencimento”.
A redução surge depois de a empresa e firmas subcontratadas terem retirado todo o pessoal do local do projecto, na península de Afungi, durante a semana que se seguiu ao ataque em 24 de Março à vila de Palma – situada a cerca de 10 quilómetros.
O consórcio do projecto de gás natural liquefeito contava ter nesta altura cerca de 6.000 trabalhadores no local de implantação do projecto, entre funcionários directos e subcontratados, a larga maioria moçambicanos. Do investimento de 20 mil milhões de dólares, previa-se canalizar 12,5% para empresas locais durante a construção.
Mas o cenário promissor ficou também suspenso: a CTA – Confederação das Associações Económicas, maior associação patronal do país, estima que as perdas do sector empresarial com a suspensão do projecto de gás ascendam a 148 milhões de dólares.
Em 26 de Abril, a Total acabou por fazer uma declaração de força maior, ou seja, assumindo-se “incapaz de cumprir as suas obrigações em resultado da severa deterioração da situação de segurança em Cabo Delgado, um assunto que está completamente fora do controlo da Total”.
Jean-Pierre Sbraire, director financeiro do projecto, referiu que o projecto está atrasado “pelo menos um ano” – ou seja, o arranque da exploração e exportação de gás natural não deverá acontecer antes de 2025.