Há margem para reduzir ainda mais as taxas de juro, afirma o FMI na quarta revisão do Programa de Crédito Ampliado (PCA), encorajando o Banco de Moçambique a adoptar uma política mais relaxada em relação às taxas de juro, tendo em conta as recentes tendências da inflação.
Desde o início de 2024, as taxas de inflação no país têm mostrado uma tendência de redução constante, com uma média de 3,43%no primeirosemestre, uma mudança significativa em relação ao segundo semestre do ano passado, que registou uma média de 5,32%. No último mês, a taxa de inflação atingiu o seu segundo valor mais baixo de sempre, 3,04%, apenas superada pelos 3,00% registados em Março do correnteano.
A redução das taxas de inflação deve-se principalmente ao desempenho favorável dos preços das classes de vestuário e calçado, saúde, bem como dos transportes, de acordo como Banco de Moçambique. Após ter reduzido as taxas de juro pela terceira vez este ano, o FMI acredita que o Banco Central deve manter a sua postura, a fim de mitigar os riscos de uma política contraccionista sobre o crescimento económico e a estabilidade financeira, uma vez que o crescimento económico está abaixo do seu potencial, o crédito está em declínio e a consolidação fiscal continua, conforme reportado pelo Diário Económico.
Veja como alguns agentes podem ser afectados e como se prevê que reajam a possíveis cortes adicionais nas taxas de juro:
Contas de Poupanca e Certificados de Depósito
A queda das taxas de juro no mercado implica que os bancos estariam menos dispostos a remunerar os poupadores pelos seus depósitos, uma vez que também assistiriam a uma redução dos lucros dos seus credores.
Como resultado, as taxas de juro dos depósitos seriam reduzidas, resultando em menores retornos para os investidores.
Obrigações
As obrigações são uma forma alternativa de investimento que os investidores tendem a considerar em comparação com outros produtos financeiros e escolher de acordo comas suas perspectivas de lucro. À medida que as taxas de juro de mercado diminuem e geram retornos mais baixos do que as obrigações, ocorre uma mudança na alocação de activos.
Os investidores tendem a procurar obrigações, o que leva a um aumento na sua procura.
Uma vez que isso acontece, os detentores de obrigações podem cobrar preços mais altos e observaruma valorização dos seus ativos.
Acções
Quando as taxas de juro são mais baixas, os custos de empréstimo para as empresas reduzem, permitindo-lhes fazer mais investimentos, gerar mais lucros e, consequentemente, ver uma valorização das suas acções. As acções são negociáveis e os investidores podem beneficiar-se dos lucros pela venda destas a preços mais altos do que os compraram.
Governo
O governo está agora numa posição favorável, pois consegue aproveitar as taxas de juro mais baixas para reduzir os seus custos de empréstimo e abrir um caminho mais favorável para obter financiamento e realizar investimentos futuros, pelo menos enquanto as actuais tendências de inflação e taxas de juro continuarem.
Conclusão
Após longos períodos mantendo a taxa MIMO em 17,25%, o Banco de Moçambique tem estado rigorosamente aderente a uma política expansionista, algo que não observámos até 29 de novembro. As coisas não parecem estar a mudar em breve com as recentes recomendações do FMI que sugerem a manutenção desta postura.
Considerando o cenário económico actual, estas podem ser as medidas certas a tomar, mas é crucial que o banco seja muito cuidadoso e assertivo quanto ao timing das suas decisões. Assim como as tendências de inflação estão agora persistentemente decrescentes, tal como acontece nos ciclos económicos, elas podemser seguidas por longas tendências crescentes, impondo uma nova onda de taxas de juro exorbitantes.