A mina de grafite de Balama, uma das maiores fontes de grafite natural do mundo, localizada na província de Cabo Delgado, continua encerrada devido a protestos locais intensificados no contexto de tensão pós-eleitoral em Moçambique.
Segundo uma publicação da Engneering News, a mina operada pela australiana Syrah Resources, encontra-se inoperacional há nove meses consecutivos, afectada por bloqueios no acesso ao local e pela falta de intervenção efectiva das autoridades. A paralisação teve origem em reivindicações de agricultores reassentados, mas alastrou-se a outros focos de contestação relacionados com o ambiente de instabilidade política no País.
A mineradora Syrah avança que embora tenha sido alcançado um acordo com o grupo inicial de agricultores, um pequeno número de manifestantes continua a impedir o acesso à mina, sem apresentar reivindicações legítimas. A empresa obteve em Março uma injunção judicial que determina a libertação do local, mas a aplicação da ordem pelas autoridades distritais permanece incerta.
Desde a suspensão das operações, em meados de 2024, a mina de Balama não produziu qualquer tonelada de grafite. No primeiro trimestre de 2025, a Syrah registou a venda de apenas 1300 toneladas do produto, um volume muito inferior ao de períodos anteriores.
A empresa declarou força maior ao abrigo do Acordo de Mineração de Balama em 2024, mantendo o estatuto até à normalização da situação. Entretanto, os custos fixos da operação situam-se em cerca de três milhões de dólares mensais, ainda que medidas temporárias de contenção tenham sido adoptadas.
Além do impacto económico, a suspensão da actividade comprometeu os programas sociais que a Syrah desenvolvia na região. A empresa reitera, contudo, o seu compromisso com práticas de sustentabilidade e apoio às comunidades locais.
A falta de uma resposta célere das autoridades moçambicanas, num contexto de perturbação civil e de atraso na formação do novo Governo, tem agravado a incerteza quanto à retoma da produção em Balama. A Syrah não avançou, até ao momento, qualquer previsão para o reinício das operações.