Sábado, Junho 14, 2025
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Gemfields divulga indicadores de contribuição fiscal das suas operações em Moçambique e Zâmbia

A empresa britânica Gemfields revelou os dados actualizados do seu indicador “G-Factor for Natural Resources” até 31 de Dezembro de 2024, destacando a contribuição das suas minas de rubis em Moçambique e de esmeraldas na Zâmbia para os respectivos governos.

O “G-Factor for Natural Resources” é um índice que expressa a percentagem da receita proveniente de recursos naturais que é paga ao governo do país onde esses recursos são extraídos. Este indicador visa promover maior transparência e responsabilidade na partilha da riqueza gerada pelos recursos naturais com os países anfitriões, sendo aplicável a sectores como mineração, petróleo, gás, madeira e pesca.

Desempenho em Moçambique

A Montepuez Ruby Mining Limitada (MRM), situada na província de Cabo Delgado, Moçambique, registou um G-Factor de 24% em 2024, mantendo uma média de 25% ao longo do período de 2015 a 2024. Este desempenho reflecte a resiliência do mercado de rubis, permitindo que a MRM contribua significativamente para os cofres do Estado moçambicano, apesar dos desafios operacionais enfrentados.

Desempenho na Zâmbia

Por outro lado, a Kagem Mining Limited, localizada na Zâmbia, apresentou um G-Factor de 9% em 2024, uma queda em relação à média de 20% observada entre 2015 e 2024. Esta redução deve-se às condições adversas do mercado de esmeraldas na segunda metade de 2024, que impactaram negativamente a rentabilidade da operação. A empresa suspendeu temporariamente as actividades mineiras no final de 2024, retomando operações focadas em Maio de 2025.

Compromisso com a Transparência

Sean Gilbertson, CEO da Gemfields, afirmou que os dados de 2024 evidenciam as diferentes contribuições que uma empresa mineira pode oferecer ao país anfitrião, dependendo das condições operacionais e de mercado. Ele reiterou o compromisso da Gemfields com a transparência proporcionada pelo G-Factor, encorajando outras empresas a adoptarem este indicador para permitir que os governos anfitriões e seus cidadãos compreendam melhor o desempenho dos gestores dos seus recursos naturais.

Sobre a Gemfields

A Gemfields é uma empresa líder mundial na mineração responsável e comercialização de gemas coloridas. Opera e detém 75% da mina de esmeraldas Kagem na Zâmbia e da mina de rubis Montepuez em Moçambique. Além disso, possui participações em licenças de mineração e prospecção de gemas na Zâmbia, Moçambique, Etiópia e Madagáscar, bem como a propriedade integral da marca de luxo Fabergé.

Fonte: Gemfields

Escalada tarifária dos EUA aumenta custo Global do Alumínio e ameaça sustentabilidade das exportações moçambicanas

A decisão dos Estados Unidos de duplicar as tarifas sobre as importações de aço e alumínio, elevando-as de 25% para 50%, a partir de 4 de Junho de 2025, representa uma escalada significativa no proteccionismo comercial global. Esta medida, promovida pelo ex-Presidente Donald Trump, visa proteger as indústrias metalúrgicas norte-americanas, mas levanta preocupações sobre os seus efeitos colaterais, especialmente para países exportadores como Moçambique.

Moçambique e o Mercado Global de Alumínio

Moçambique é um dos principais exportadores de alumínio em África, com as exportações atingindo aproximadamente 1,28 mil milhões de dólares em 2023, representando cerca de 15% do total das exportações do país. A maior parte deste alumínio é destinada à União Europeia, tornando o país vulnerável a alterações nas políticas comerciais dos seus parceiros.

Impacto das Tarifas Norte-Americanas

Embora os Estados Unidos não sejam um destino principal para o alumínio moçambicano, a imposição de tarifas tão elevadas pode ter efeitos indiretos significativos. A medida pode desencadear retaliações comerciais por parte da União Europeia e de outros parceiros, afetando a estabilidade do comércio internacional e, consequentemente, a procura global por alumínio.

Desafios para a Indústria Moçambicana

A indústria de alumínio em Moçambique, centrada principalmente na Mozal, enfrenta desafios adicionais devido à sua elevada intensidade de carbono. Com uma intensidade de emissões de 0,68 kgCO₂e por dólar, significativamente superior à média da UE de 0,07 kgCO₂e por dólar, as exportações moçambicanas podem ser penalizadas por mecanismos como o Ajuste de Carbono na Fronteira da UE (CBAM). Este mecanismo visa taxar produtos importados com base nas suas emissões de carbono, o que pode reduzir a competitividade do alumínio moçambicano no mercado europeu.

Perspectivas e Recomendações

Diante deste cenário, é crucial que Moçambique diversifique os seus mercados de exportação e invista em tecnologias mais limpas para a produção de alumínio. Além disso, a diplomacia económica deve ser fortalecida para mitigar os impactos de políticas protecionistas e garantir a sustentabilidade das exportações moçambicanas.

Em resumo, as alterações nas tarifas norte-americanas sobre metais, embora não afetem diretamente Moçambique, têm o potencial de desestabilizar o comércio global e impactar negativamente a indústria de alumínio moçambicana. É imperativo que o país adote estratégias proativas para enfrentar estes desafios e assegurar o crescimento sustentável do sector. (PROFILE)

Programa de atracção de talento da Galp atrai mais de 2000 jovens moçambicanos

Cerca de 2620 jovens moçambicanos responderam ao desafio lançado pela Galp para enviarem candidaturas ao o programa de atração e desenvolvimento de uma nova geração de talentos.

Designado “Generation Galp”, o programa destina-se a recém-formados nas áreas de Informática, Gestão, Marketing, Engenharia, Economia e Contabilidade e Finanças. Os trainees seleccionados irão integrar as operações da Galp em Maputo e na Beira, com acesso a experiências práticas em diferentes áreas da empresa, formação especializada, actividades de voluntariado e o desenvolvimento de projectos próprios com foco em soluções para desafios do negócio.

A fase seguinte do processo de selecção inclui avaliações, dinâmicas de grupo e entrevistas, culminando com a integração dos trainees em Portugal, onde irão juntar-se a jovens provenientes de outros países onde a Galp opera, como Brasil, Espanha, Cabo Verde e o próprio Portugal. Durante esta etapa, os participantes terão ainda a oportunidade de visitar unidades estratégicas da empresa, como a refinaria de Sines, reforçando a sua compreensão sobre o sector energético internacional.

Para a directora de Pessoas, Comunicação e Impacto Social da Galp Moçambique, Marlena Chambule, este crescente entusiasmo de jovens em início de carreira surge no mesmo momento em que a empresa é distinguida pelo terceiro ano consecutivo como “Elite Employer pela Tempus Global Group, certificação” que reconhece as melhores empresas para trabalhar no País.

“Estamos a criar um verdadeiro destino para o talento: um lugar onde se cresce com propósito, onde cada pessoa é valorizada e respeitada”, afirmou Marlena Chambule.

Actualmente, a empresa conta com uma equipa de mais de 2000 colaboradores em Moçambique, dos quais 1900 afectos aos postos de abastecimento e áreas de serviço e aproximadamente 150 nas áreas Comercial e de suporte ao negócio.

Direcção da Vivo Energy em Moçambique sob escrutínio por condutas administrativas e diplomáticas

O Governo moçambicano declarou persona non grata e procedeu à expulsão de João Oliveira de Sousa, cidadão de nacionalidade portuguesa e até então Director-Geral da empresa Vivo Energy Moçambique. A medida, de carácter soberano e inapelável, foi executada na segunda-feira, com o expatriado a abandonar o território nacional num voo da transportadora aérea portuguesa TAP.

João de Sousa chegou a Moçambique após cessar funções em Cabo Verde e é referenciado por antecedentes semelhantes no Zimbabwe, país onde foi igualmente expulso por razões que, à data, suscitaram preocupação no seio empresarial e diplomático da região.

Segundo informações avançadas pelo semanário Evidências, a decisão do Estado moçambicano é sustentada por um conjunto de atitudes consideradas gravemente lesivas da ordem pública, da ética empresarial e da soberania nacional. Entre os motivos apontados constam alegações de discriminação racial no local de trabalho, sabotagem organizacional e desrespeito por instituições do Estado.

A referida publicação reporta ainda que a gestão de João de Sousa na Vivo Energy está envolta em condutas de carácter não idóneo, com denúncias de tentativas de suborno a inspectores do Ministério do Trabalho, no âmbito de um processo de fiscalização, bem como pressão indevida exercida sobre a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) com o intuito de obstruir sanções administrativas contra a empresa.

Paralelamente, as autoridades nacionais descobriram irregularidades de natureza fiscal e laboral, que culminaram na aplicação de uma coima de 40 milhões de meticais à Vivo Energy Moçambique.

Contudo, segundo fontes ligadas ao processo, o episódio decisivo que precipitou a expulsão terá ocorrido em Fevereiro deste ano, quando João de Sousa recusou autorizar o fornecimento de combustível à aeronave de matrícula RA-96019, um Ilyushin Il-96-300 operado pela companhia estatal russa POCCNR Airlines. A recusa deu-se apesar de a tripulação e os representantes diplomáticos russos terem cumprido todos os procedimentos exigidos, incluindo a devida autorização das autoridades nacionais competentes.

Na altura, o então Director-Geral da Vivo Energy Moçambique terá alegado que a Rússia se encontrava sob sanções da União Europeia, facto que, no seu entender, impossibilitava o atendimento da requisição de abastecimento. No entanto, Moçambique não aderiu às sanções europeias impostas à Federação Russa, o que torna a decisão unilateral de Sousa um acto lesivo à política externa e aos compromissos diplomáticos do Estado moçambicano.

A postura assumida pelo gestor estrangeiro é considerada um grave precedente de insubordinação empresarial a directrizes soberanas, tendo, por consequência, motivado a intervenção directa das autoridades competentes, culminando na sua retirada forçada do território nacional.

Até ao momento, a Vivo Energy Moçambique ainda não emitiu qualquer pronunciamento oficial sobre o afastamento do seu ex-dirigente, nem sobre as implicações institucionais decorrentes dos factos ora apurados.

O Governo reitera que todas as empresas, nacionais ou estrangeiras, devem pautar-se pelo estrito cumprimento das leis nacionais, respeito pelas instituições e alinhamento com a política externa do Estado moçambicano.

Inhambane: Sasol lança novo ciclo de investimento social de mais de 2,7 mil milhões de meticais

  • Programa vai beneficiar cerca de 70 comunidades nos distritos de Govuro, Inhassoro e Vilankulo

A multinacional sul-africana Sasol procedeu, na última sexta-feira, ao lançamento oficial do segundo ciclo dos Acordos Locais de Desenvolvimento (LDA-II), um pacote de investimento social avaliado em cerca de 2,7 mil milhões de meticais (equivalente a 43 milhões de dólares), a ser implementado entre 2025 e 2030 nos distritos de Govuro, Inhassoro e Vilankulo, província de Inhambane.

A cerimónia de assinatura teve lugar na localidade de Maluvane, distrito de Govuro, contando com a presença de representantes comunitários, autoridades governamentais locais e dirigentes da empresa, num gesto que simboliza o reforço do compromisso conjunto com o desenvolvimento das comunidades abrangidas pelas operações da Sasol.

Segundo nota oficial da empresa, o novo pacote de apoio social quase duplica o montante aplicado na fase anterior, que, entre 2020 e 2025, envolveu cerca de 1,2 mil milhões de meticais (20 milhões de dólares), beneficiando 37 comunidades locais. O LDA-II expandirá agora a sua abrangência para 70 comunidades, num modelo assente na inclusão participativa e na corresponsabilidade.

Falando no acto, Arnaldo Tingane, líder comunitário e anfitrião da cerimónia, enalteceu os resultados visíveis do primeiro ciclo, considerando o novo acordo como “um sinal de renovação de esperança para as comunidades”. Sublinhou que “os acordos resultam de um diálogo construtivo e reflectem uma escuta atenta às prioridades reais da população”.

O vice-presidente da Sasol para Moçambique, Ovídio Rodolfo, destacou que a nova fase representa uma reafirmação do compromisso da empresa com o desenvolvimento sustentável. “Este novo ciclo não é apenas uma continuidade. É uma ampliação do raio de acção, com maior cobertura geográfica e um investimento reforçado. Apoiámos áreas cruciais como saúde, educação, água e saneamento, agricultura e geração de rendimentos. Agora estendemos a nossa presença a Vilankulo, com o mesmo espírito de parceria e responsabilidade”, afirmou.

As autoridades governamentais elogiaram a iniciativa. O governador da província de Inhambane, Francisco Pagula, considerou os Acordos de Desenvolvimento como “um exemplo de cooperação transparente entre o Estado, o sector privado e as comunidades”, apontando-os como modelo replicável noutros contextos do país.

Por sua vez, a secretária de Estado da província, Bendita Lopes, salientou a dimensão ética do compromisso: “Estes acordos não se resumem ao investimento financeiro. Representam obrigações sociais e morais para com as comunidades. O Governo provincial acompanhará de forma activa a sua implementação, para garantir que os benefícios cheguem efectivamente às populações visadas.”

O programa LDA-II está estruturado num modelo tripartido que envolve as comunidades locais, as autoridades governamentais e a empresa, estando alinhado com a Política Nacional de Responsabilidade Social Empresarial na Indústria Extractiva, aprovada pela Resolução n.º 21/2014, de 16 de Maio.

UBA Moçambique regista lucros de 969,2 milhões de meticais em 2024, com crescimento de quase 38%

O United Bank for Africa (UBA) obteve em 2024 lucros líquidos de 969,2 milhões de meticais, o equivalente a cerca de 13,7 milhões de euros, representando um crescimento de 37,9% em relação ao ano anterior. Os dados constam do relatório e contas anuais da instituição, consultado esta segunda-feira pela agência Lusa.

De acordo com o documento, este desempenho foi impulsionado pela diversificação dos produtos bancários, reforçada pelo aumento da carteira de títulos, num contexto de crescimento dos depósitos de clientes e aplicação eficiente dos recursos. Em 2023, o banco já havia registado um lucro líquido de 702,8 milhões de meticais (cerca de 9,9 milhões de euros), num crescimento anual de 62%.

Face aos resultados positivos, a administração do UBA Moçambique decidiu distribuir 377 milhões de meticais (5,3 milhões de euros) em dividendos aos seus accionistas, canalizando o remanescente para reservas e resultados acumulados.

Durante o ano em análise, o número de clientes aumentou de 20.296 para 23.006, enquanto o quadro de pessoal cresceu para 131 colaboradores, distribuídos por cinco unidades de negócio no território nacional.

“O desempenho financeiro e os rácios alcançados evidenciam a adopção de critérios operacionais prudentes na gestão da liquidez, na concessão de crédito, na diversificação da carteira de depósitos e no investimento em infraestruturas ao longo do ano”, destaca o relatório.

A nível de balanço, os activos totais do banco cresceram 63,9%, situando-se em 15.062 milhões de meticais (cerca de 132,4 milhões de euros), enquanto os depósitos de clientes registaram uma subida expressiva de 121%, atingindo os 10.451 milhões de meticais (147 milhões de euros). As responsabilidades totais ascenderam a 11.017 milhões de meticais (154,9 milhões de euros).

Apesar do crescimento global, o volume total de crédito concedido a clientes registou uma redução superior a 3%, fixando-se em 1.959 milhões de meticais (aproximadamente 27,5 milhões de euros).

Dados do Banco de Moçambique indicam que actualmente operam no país 15 bancos comerciais, 12 microbancos, além de cooperativas de crédito e organizações de poupança e crédito.

Relatório do Banco de Moçambique apresenta inflação controlada, juros em queda mas potenciais riscos fiscais

Em tempos de incerteza económica global, Moçambique apresenta sinais encorajadores de estabilidade de preços e solidez do sistema financeiro, apesar de desafios persistentes a nível interno. A análise mais recente do Banco de Moçambique (BM), publicada no Relatório de Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação (CEPI) de Maio de 2025, oferece uma leitura clara das dinâmicas que moldam o nosso ambiente económico, com base exclusivamente na informação constante desse documento.

A inflação anual em Moçambique caiu para 3,99% em Abril de 2025, face aos 4,77% registados no mês anterior. Esta trajectória descendente foi impulsionada pela redução dos preços de alimentos, sobretudo frutas e vegetais, e pelo impacto de medidas como a isenção do IVA sobre produtos básicos (açúcar, óleo alimentar e sabão) e a redução das tarifas de água e portagens. A estabilidade do Metical face ao Dólar americano (63,91 MZN/USD) reforça este ambiente de contenção inflacionária.

A inflação subjacente – que exclui frutas, vegetais e bens com preços administrados – também recuou, fixando-se em 4,73%. As expectativas macroeconómicas dos agentes económicos, apuradas pelo inquérito de Maio, indicam uma previsão de inflação anual de 4,90% até Dezembro, ligeiramente abaixo da estimativa anterior.

Como resposta à consolidação da inflação em níveis baixos, o Comité de Política Monetária (CPMO) decidiu reduzir a taxa MIMO de 11,75% para 11,00%. Foram igualmente reduzidas as taxas de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez (para 14,00%) e da Facilidade Permanente de Depósitos (para 8,00%).

Este ajustamento teve reflexos no mercado: as taxas de juro dos bilhetes do Tesouro para prazos de 91, 182 e 364 dias caíram entre 13 e 40 pontos base. As taxas médias praticadas nos empréstimos e depósitos a retalho também diminuíram, sinalizando melhores condições de financiamento. O crédito à economia cresceu 5,12% em Abril de 2025, evidenciando uma resposta positiva ao alívio das condições monetárias.

Excluindo o sector do gás natural liquefeito (GNL), a economia moçambicana mantém um ritmo de recuperação gradual. As perspectivas para o segundo trimestre de 2025 são de crescimento modesto, sustentado pela retoma da agricultura, indústria transformadora e comércio. Esta evolução é atribuída, em parte, ao fim da tensão pós-eleitoral e à melhoria dos indicadores de confiança empresarial, como o Purchasing Managers Index (PMI).

Apesar de progressos em várias frentes, o peso da dívida pública interna continua a ser motivo de atenção. Entre Dezembro de 2024 e Maio de 2025, o stock da dívida interna (excluindo contratos de mútuo, de locação e responsabilidades em mora) aumentou em cerca de 30 mil milhões de meticais, totalizando 445,9 mil milhões – o equivalente a 28,6% do PIB.

Em contraste, o sector bancário demonstra resiliência. Em Março de 2025, os rácios de solvabilidade e liquidez situaram-se em 26,5% e 59,5%, respectivamente, bastante acima dos mínimos regulamentares exigidos (12% e 25%). Testes de esforço realizados pelo BM confirmam que os bancos moçambicanos dispõem de capital suficiente para absorver choques e manter-se estáveis no médio prazo.

No plano internacional, o ambiente económico continua marcado por incertezas. O FMI prevê um abrandamento do crescimento mundial para 2,8% em 2025, com impacto das tensões comerciais entre os EUA e os seus parceiros, do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e de fenómenos climáticos extremos. Ainda assim, a redução dos preços internacionais de bens alimentares e combustíveis, combinada com a descida dos preços das importações moçambicanas (arroz, trigo, petróleo), favorece a trajectória de contenção da inflação interna.

A médio prazo, o Banco de Moçambique antevê a manutenção da inflação dentro da meta de um dígito. Este cenário é sustentado por um conjunto de factores: a estabilidade do Metical, o impacto das medidas fiscais pontuais, a tendência para queda dos preços internacionais, e a actuação preventiva do CPMO. Contudo, persistem riscos relevantes, como o agravamento da situação fiscal, a incerteza quanto à reposição da capacidade produtiva e os efeitos dos choques climáticos sobre a produção e as infra-estruturas.

 

Terminal de Carvão da Matola vai aumentar capacidade em 50% com investimento de 80 milhões de dólares

A empresa sul-africana Grindrod anunciou na última sexta-feira, em Matola, um investimento avaliado em 80 milhões de dólares norte-americanos para expandir, nos próximos dois anos, a capacidade operacional do Terminal de Carvão da Matola, integrado no complexo portuário de Maputo.

Com este investimento, a capacidade de manuseamento ferroviário e portuário de carvão aumentará em 50%, passando das actuais oito milhões para 12 milhões de toneladas anuais, reforçando a posição estratégica do Corredor de Maputo como uma rota logística de referência na região.

A cerimónia de inauguração das novas instalações administrativas da Grindrod, nas imediações do Porto da Matola, contou com a presença do Presidente da República, Daniel Chapo, que destacou a aposta governamental na dinamização do transporte ferroviário em detrimento do rodoviário.

“O nosso objectivo é continuar a investir nas ferrovias, para termos menos camiões e mais vagões a transportar carvão e magnetite”, sublinhou o Chefe do Estado.

Chapo considerou urgente acelerar esta transformação estrutural para elevar a eficiência do transporte ferroviário, através de uma maior integração operacional entre a empresa pública moçambicana CFM, a congénere sul-africana Transnet e a gestão do Porto de Maputo.

“Esta integração trará não apenas benefícios técnicos e operacionais, mas também impactos económicos, sociais e ambientais positivos, incluindo a criação de mais empregos ao longo do Corredor”, vincou.

O estadista apelou à melhoria da cadeia logística no Corredor, com particular atenção à eficácia dos serviços aduaneiros e à previsibilidade nas operações logísticas, essenciais para responder às exigências dos mercados regionais e internacionais.

Por sua vez, o Director Executivo da empresa concessionária MPDC (Maputo Port Development Company), Osório Lucas, indicou que a expansão do terminal permitirá a criação de mais de 800 empregos directos até 2027, durante a fase de construção, e outros 60 indirectos na fase de operação.

Lucas defendeu que o desenvolvimento sustentável do Porto de Maputo vai além de infra-estruturas e estatísticas.

“Não basta termos melhores terminais, ferrovias robustas e fronteiras fluidas. É preciso cooperação, inovação e disciplina operacional. O trabalho em equipa é indispensável”, frisou.

Também presente na cerimónia, o Director Executivo da Grindrod, Xolani Mbambo, destacou o legado da empresa e o seu compromisso com Moçambique e a região.

“Este ano celebramos 115 anos de existência, uma história de resistência, inovação e compromisso. Os nossos parceiros podem confiar numa empresa experiente e com boa reputação”, afirmou.

As novas instalações administrativas da Grindrod ocupam uma área de 2.000 metros quadrados, empregam mais de 90 trabalhadores e representam um investimento superior a cinco milhões de dólares, integrando-se no esforço mais amplo de modernização e competitividade do Porto de Maputo.

Nelson Melo: “Estamos preparados para crescer apesar dos desafios do sector automóvel”

Profile Mozambique; A Caetano Moçambique é uma referência no sector automóvel nacional, integrando o prestigiado Grupo Salvador Caetano. Para iniciar, poderia partilhar connosco um breve resumo da trajectória da empresa em Moçambique e os principais marcos desde a sua implantação?

 

Nelson Melo, CEO da Caetano Moçambique

PM: A Caetano Moçambique estabeleceu parcerias com instituições financeiras, como o Millennium bim, para facilitar o acesso a viaturas através de leasing automóvel. Como estas parcerias têm contribuído para a expansão do mercado automóvel no país?

NM: A empresa mantém parcerias activas com vários bancos comerciais para dinamizar o acesso ao leasing automóvel, sem exclusividade com qualquer instituição. Campanhas específicas, como a prevista com um parceiro bancário para o último trimestre de 2025, são preparadas com bastante antecedência e adaptadas às condições do mercado.

Contudo, o desenvolvimento do produto de leasing enfrenta limitações estruturais, nomeadamente o elevado custo do crédito. Apesar de a taxa de juro média ter descido de 25% para cerca de 18% nos últimos 12 meses, só agora o produto começa a mostrar viabilidade para a aquisição de viatura nova. A empresa reconhece que, com taxas acima dos 20%, o leasing torna-se impraticável, não apenas em Moçambique, mas em qualquer mercado, levando os consumidores a procurar soluções de financiamento alternativas e menos onerosas, e se calhar optando pela importação de uma viatura usada, comprada virtualmente e com todos os riscos associados a esta decisão de compra.

Ademais, destaca-se que o segmento de veículos novos continua a posicionar-se como um produto de luxo no contexto económico moçambicano, onde infelizmente, continua a ser impossivel de ser alcançado pela grande maioria das familias Moçambicanas.

PM: Quais são as principais metas e projectos da empresa para os próximos anos em Moçambique? Há planos para introduzir novas marcas ou expandir para outras regiões do país?

NM: Relativamente a projectos de expansão, vamos inaugurar até Julho, um novo centro no Tchumene dedicado à venda e assistência de viaturas pesadas e maquinaria industrial. Está igualmente em curso o projecto da futura sede do grupo no país, com conclusão prevista a médio prazo.

Fora da capital, a empresa actua através de agentes certificados nas principais cidades capitais como a Beira, Chimoio, Tete, Pemba e Quelimane, uma solução adaptada à dimensão reduzida da economia, que não comporta estruturas próprias isoladas. Adicionalmente, disponibiliza oficinas móveis e apoio técnico remoto para clientes em zonas remotas, garantindo assistência contínua e eficaz.

PM: Como é que a actual crise cambial e a escassez de divisas têm afectado o desempenho da Caetano Moçambique e, de forma mais ampla, o sector automóvel no país?

A Caetano Moçambique detém actualmente uma quota de mercado estimada entre 7% e 8%, considerando a comercialização de viaturas novas, usadas, maquinaria e geradores. Contudo, o desempenho recente tem sido afectado pelo agravamento da crise cambial e pela escassez de divisas, o que reduziu drasticamente as importações.

Nos primeiros quatro meses de 2025, o sector automóvel registou uma quebra de cerca de 25% face ao período homólogo, reflectindo uma contracção generalizada do consumo em Moçambique. Este abrandamento abrange não apenas bens duráveis, mas também produtos alimentares e de grande consumo, como bebidas, açúcar e alimentos básicos.

A crise de divisas tem provocado atrasos significativos nos ciclos de importação, que anteriormente levavam uma semana e agora podem demorar até sete (7), afectando directamente a disponibilidade de produtos no mercado e limitando o funcionamento da economia.

A empresa manifesta preocupação com a persistência desta conjuntura, alertando para o risco de agravamento económico caso não sejam adoptadas medidas urgentes para estabilizar o mercado cambial e normalizar a economia. Situação que esperamos estar sanada num futuro próximo tendo em conta o compromisso demonstrado pelo novo Governo em encontrar soluções imediatas.

Vilankulo acolhe projecto nacional de cidade petroquímica avaliado em 2 mil milhões de dólares

O Presidente da República, Daniel Chapo, lançou oficialmente, em Abril do corrente ano, o projecto de construção da Cidade Petroquímica Nacional, a ser erguida na localidade de Mavanza, no distrito de Vilankulo, província de Inhambane. A iniciativa, avaliada em cerca de 2 mil milhões de dólares norte-americanos, será executada pela empresa Phoenix International Group, com sede em Hong Kong, prevendo-se a sua conclusão até ao ano de 2028.

O empreendimento, considerado estratégico para a industrialização e diversificação da economia nacional, compreende a implantação de centrais térmicas, refinarias, terminais marítimos, unidades de produção de polímeros e fertilizantes, bem como zonas residenciais, dotadas de infra-estruturas sociais básicas, incluindo escolas e hospitais.

Ao intervir no acto de lançamento, o Chefe de Estado destacou que a futura cidade petroquímica visa posicionar Moçambique como plataforma regional de transformação de recursos energéticos e petroquímicos, contribuindo significativamente para o reforço da capacidade produtiva, criação de emprego qualificado e promoção do desenvolvimento local e regional.

“Este investimento constitui um marco importante para a industrialização de Moçambique. Acreditamos que a sua materialização terá impactos directos na geração de postos de trabalho, na dinamização da economia local e na atracção de mais investimentos para a província de Inhambane”, declarou o Presidente Chapo.

De acordo com informações fornecidas na cerimónia, o projecto prevê a criação de infra-estruturas logísticas e industriais integradas, com enfoque na valorização dos hidrocarbonetos explorados no país, reforçando a cadeia de valor energética e promovendo a substituição de importações de derivados do petróleo.

A Phoenix International Group comprometeu-se a observar padrões internacionais de engenharia, segurança e protecção ambiental, estando previstas auditorias técnicas e avaliações regulares em coordenação com as autoridades moçambicanas.

Entretanto, o anúncio do projecto ocorre num contexto em que organizações internacionais têm manifestado preocupações quanto à sustentabilidade ambiental da zona costeira de Inhambane, sobretudo devido à existência de áreas marinhas protegidas e de espécies ameaçadas. Em reacção, o Governo reiterou que o projecto será implementado com respeito pelas normas ambientais vigentes e com consulta permanente às comunidades locais, assegurando a inclusão social e o desenvolvimento territorial equilibrado.

Com este projecto, o Executivo dá mais um passo no sentido de transformar Moçambique num actor relevante na indústria petroquímica regional, promovendo a diversificação económica, criação de infra-estruturas estruturantes e elevação da qualidade de vida das populações.