O Governo moçambicano descarta, por enquanto, a possibilidade de renunciar à exploração de carvão mineral no país, no âmbito da transição energética preconizada pelas Nações Unidas para responder às metas da redução das emissões até 2030.

Esta posição foi defendida recentemente, em Maputo, pelo secretário permanente do Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME), Teodoro Vales, num seminário intitulado “Desafios e oportunidades para promover uma transição energética inclusiva em Moçambique”.

De acordo com a publicação do Notícias, o MIREME explica a sua posição afirmando que o carvão é o maior contribuinte para equilibrar a balança de pagamentos e fonte crucial de receitas para a economia.

“Fala-se muito da renúncia ao carvão. Porém, o carvão é, nesta altura, o principal contribuinte para a balança de pagamentos e, em segundo lugar, temos as areias pesadas. Por isso, não podemos renunciar a estas fontes de um dia para o outro, pois é necessário que tenhamos condições para o efeito”, disse Teodoro Vales.

Desta feita, o Executivo entende que a transição deve ter sempre em conta as condições existentes no país, apesar do seu peso político e económico. Aliás, é preciso notar que cerca de 60 por cento da população ainda não tem acesso à energia, além de outros desafios ligados ao desenvolvimento que Moçambique enfrenta.

No entanto, assegura que existem outras acções de mitigação em curso no contexto da transição no país, mais viradas para o desenvolvimento de sistemas não poluentes na matriz energética.

Nestes sistemas, destacam-se as energias renováveis, incluindo as centrais hidroeléctricas, bem como outros combustíveis fósseis menos poluentes, como o gás natural. O Governo também estabeleceu a meta de produzir 600 MW de energia até 2024, dos quais 400 MW serão produzidos a partir de gás natural e 200 MW na base solar, eólica e hídrica.

Por sua vez, a Câmara de Petróleo e Gás de Moçambique, representada por Florival Mucave, entende que a transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis é um imperativo global.

A Câmara defende que o país deve discutir amplamente o tema de transição energética, juntando o Governo, o sector privado e a sociedade civil, para produzir uma visão concertada a levar para a próxima cimeira sobre o clima, a ter lugar este ano no Egipto.

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