Terça-feira, Janeiro 21, 2025
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Porto de Maputo em alerta com perdas milionárias

As manifestações pós-eleitorais em Moçambique já causaram impactos económicos alarmantes, com o Porto de Maputo a registar prejuízos de cerca de 384 milhões de Meticais em apenas 10 dias. Segundo um relatório preliminar da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), os atrasos na movimentação de carga, causados pela redução drástica no fluxo de camiões e interrupções logísticas, estão a custar caro à principal infra-estrutura portuária do país.

Um Porto paralisado

O Porto de Maputo, que diariamente recebe entre 1200 e 1300 camiões, viu este número cair para 300 camiões por dia devido às manifestações lideradas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane. Durante este período, 10 navios ficaram parados, incapazes de carregar ou descarregar, resultando em custos de imobilização de 3,8 milhões de Meticais por dia por navio. Estes atrasos aumentaram o tempo médio de estadia dos navios de dois a três dias para até 10 dias.

Efeitos em cascata na logística

O relatório da CTA revelou ainda que as interrupções também afectaram o sector de transportes na Região Metropolitana de Maputo, onde cerca de 127 viagens diárias foram canceladas, acumulando perdas estimadas em 417 milhões de Meticais para o sector. Ademais, barricadas e portagens informais impostas pelos manifestantes adicionaram mais desafios à circulação.

Impacto generalizado na economia

A CTA calcula que, no total, o sector empresarial moçambicano sofreu perdas de 8,4 mil milhões de Meticais, dos quais mais de 1 mil milhão está directamente relacionado com a logística. No âmbito geral, as manifestações resultaram num prejuízo estimado em 24,8 mil milhões de Meticais para a economia nacional, o equivalente a 2,2% do PIB, com sectores como comércio, restauração e transporte entre os mais afectados.

Perspectivas preocupantes

Visto que as manifestações continuam, Eduardo Sengo, Director Executivo da CTA, alerta para potenciais interrupções adicionais nos corredores logísticos do país, particularmente no corredor de Maputo e no corredor da Beira, este último crítico para o Zimbabwe. As implicações incluem o aumento dos custos de transporte, deterioração das cadeias de abastecimento e potenciais efeitos de longo prazo no crescimento económico e no emprego.

Esta crise destaca a vulnerabilidade das infra-estruturas críticas face a instabilidades sociopolíticas e sublinha a necessidade de estratégias eficazes para mitigar o impacto económico de eventos disruptivos. A continuidade destas interrupções poderá agravar a percepção de risco por parte de investidores internacionais, comprometendo a competitividade de Moçambique como destino logístico e comercial na região.

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