No decurso do recente FNB Mozambique Business Breakfast, ocorrido em Maputo, Daniel Kavishe, economista sénior do Rand Merchant Bank (RMB), entre outros temas, teceu considerações acerca do impacto da guerra Rússia-Ucrânia em todas as economias africanas que, somado aos efeitos prolongados da pandemia, provocou o agravamento dos preços do petróleo e dos produtos alimentares.

O RMB é o segmento bancário corporativo e de investimento do First Rand Bank Limited – empresa irmã do FNB Moçambique.

Apesar destes desafios, espera-se que Moçambique registe um crescimento superior a 4 por cento nos próximos anos, considerando o importante projecto de gás natural liquefeito (GNL) e o aumento das despesas governamentais em áreas-chave.

“Acreditamos que a economia moçambicana vai continuar a recuperar, sendo expectável que o crescimento mais notório advenha do sector dos transportes e logística. A utilização crescente dos portos de Moçambique, devido às condições meteorológicas extremas da vizinha África do Sul, sugere que o sector do transporte e logística terá um desempenho acima da média à curto/médio prazo. É ainda, de prever, que a indústria primária permaneça determinante para o crescimento económico, com o desenvolvimento do sector energético e o aumento dos preços das mercadorias a impulsionar as receitas de exportação”, diz Eugénia Ah-Hoy, responsável pelo sector de Transportes e Logística do FNB Moçambique.

Apesar do crescimento registado, os desafios são uma constante. “A economia moçambicana tem sido afectada por condições climáticas severas ao longo dos últimos anos, com os efeitos dos ciclones a devastarem diversas camadas da economia. Entretanto, as restrições impostas durante a pandemia limitaram, ainda mais, o desempenho económico”, acrescenta Eugénia.

O Comité de Política Monetária de Moçambique optou por aumentar as taxas de juro em 200bp em Março, um sinal evidente da preocupação do Banco Central perante à inflação.  “O Banco Central visa, especificamente, fixar a inflação a aumentos de um dígito. Esta subida sugere que o Banco Central acredita que, a curto/médio prazo, a inflação possa ultrapassar os 10% “, alega Daniel Kavishe.

Até ao momento, a inflação tem vindo a registar aumentos superiores a 7,0 por cento (anuais) no primeiro trimestre, com a inflação do sector alimentar em alta. Além disso, os preços da gasolina irão também exercer maior pressão sobre a inflação geral. Embora o governo tenha reiterado que é pouco provável que se verifiquem mais aumentos nos preços dos combustíveis, é uma opinião que poderá mudar dada a volatilidade nos mercados internacionais, é provável que a inflação em geral sofra agravamentos adicionais. A guerra na Europa Oriental representa um risco significativo para a inflação económica moçambicana, que se prevê ser superior a 10% nos próximos meses, considerando os seus efeitos na cadeia de abastecimento.

O impacto no circuito global de abastecimento, devido à guerra na Europa do Leste, é um risco considerável para a inflação económica de Moçambique, pois calcula-se que a inflação ultrapasse os 10% durante os próximos meses.

De acordo com o nosso parecer acerca da aprovação do Conselho de Administração do Fundo Monetário Internacional (FMI) prevista para o primeiro semestre do corrente ano, foi aprovada uma Facilidade de Crédito Alargada (ECF) para Moçambique no valor de 340,8 milhões de DSE (456 milhões de USD).

Segundo o Conselho de Administração do FMI, “o acordo de três anos ajudará a apoiar a recuperação económica e políticas para reduzir a dívida pública e as vulnerabilidades de financiamento, permitindo a criação de espaço para investimentos prioritários em capital humano, adaptação climática e infra-estruturas”.

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