O Standard Bank prevê que a economia do país cresça a uma média de 3,7% ao ano entre 2022 e 2025, “um crescimento lento” face à taxa de pobreza do país, referiu Fáusio Mussa, economista-chefe do banco.

O responsável falava hoje em Maputo durante o Economic Briefing do Standard Bank, um evento público de análise à situação económica de Moçambique.

O país “não pode crescer sozinho” e “o Governo já entendeu a mensagem”, sublinhou, ao apontar a necessidade de captar investimento estrangeiro como chave para acelerar o desenvolvimento.

O Standard prevê taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,8% para este ano (descontando já o impacto da guerra na Ucrânia e riscos inflacionários globais), 3,7% no próximo, 4,1% em 2024 e 4,3% em 2025.

Moçambique não escapa ao contexto de escalada de preços a nível global, mas, segundo as previsões do Standard, terá ainda assim uma taxa de inflação “a um dígito” no final do ano, referiu Fáusio Mussa, graças ao controlo da política monetária – a contrapartida são taxas de juro altas, mas que só afetam parte da população, face a uma larga maioria pobre e muito sensível à inflação.

Assim, depois de um pico este ano, o Standard Bank prevê um recuo da inflação, com taxas de 9,4% (2022), 7,3% (2023), 6,5% (2024) e 5,9% (2025).

O economista-chefe do banco reiterou a importância de diversificar a economia para que Moçambique deixe de depender quase totalmente de um reduzido leque de produtos ou setores – como se perspetiva em relação aos megaprojetos de gás.

De acordo com o Banco Mundial, entre 62% a 63% da população moçambicana vive na pobreza e Bernardo Aparício, recém-empossado administrador-delegado do Standard Bank (em funções desde 01 de abril), orador no evento, apontou a criação de emprego em vários setores como solução.

O salto para “um país de rendimento médio” poderá acontecer com “uma estratégia que localize [no país] muita da produção do que é consumido em Moçambique, aumentando a industrialização”, referiu.

Só com a promoção do “resto da cadeia de valor” será criado “mais emprego”, captando a economia informal, em que vive a maioria da população.

O desafio “para todos os que estão nesta sala” é converter investimento direto estrangeiro em investimento que crie emprego, sublinhou o administrador-delegado.

Segundo referiu, “é fácil” estar nos grandes projetos, mas “existe oportunidade” de apostar nas cadeias de valor, onde estão as pequenas e médias empresas, cabendo à banca apoiar este “ecossistema”.

As previsões de hoje do Standard Bank dão uma nova perspetiva macroeconómica sobre o país, que conta com um Orçamento do Estado (OE) para 2022, aprovado em dezembro num contexto global diferente e com outros números.

O OE 2022 tem como pressupostos uma crescimento do PIB) de 2,9% e 5,3% de inflação média anual, números previstos antes de estalar a guerra com a invasão russa da Ucrânia.

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