No primeiro semestre deste ano, a companhia aérea de bandeira de Moçambique, LAM, facturou um total de 3,7 bilhões de meticais (€52 milhões) e planeia adquirir mais quatro aeronaves este ano, anunciou o PCA da empresa nesta segunda-feira.
“É um número um pouco abaixo do que foi projetado, mas se a empresa facturar o mesmo no segundo semestre, estaremos bem acima das receitas obtidas no ano anterior. Então, prevemos um crescimento na ordem dos 19%”, disse Américo Muchanga à televisão pública moçambicana, à margem do início da Feira Internacional de Maputo (FACIM), a maior exposição de bens e serviços de Moçambique.
No total, a transportadora aérea de bandeira moçambicana transportou 330 mil passageiros em serviços domésticos, regionais e intercontinentais durante este período, um número também abaixo das suas projecções, disse Muchanga.
‘Era esperado que transportássemos cerca de 500.000 passageiros no primeiro semestre do ano. Mas devo dizer que, em termos de nossas projeções de serviço doméstico, transportamos mais do que o esperado’, explicou.
A LAM opera actualmente com seis aeronaves e planeja adquirir mais quatro este ano.
“Estamos pensando em trazer mais duas aeronaves Boeing 737 e mais duas aeronaves Embraer 145 para reforçar nossas rotas domésticas e regionais”, disse Américo Muchanga.
A LAM opera 12 destinos no mercado doméstico e voa regularmente para Joanesburgo, Dar-es Salaam, Harare, Lusaka e Cidade do Cabo, sendo Lisboa o único destino intercontinental.
‘A LAM quer manter a rota Maputo-Lisboa. Estamos a trabalhar nisso. Queremos operar esta rota em condições em que seja sustentável e possa gerar lucro, digamos, operacionalmente’, disse.
Em julho deste ano, uma “reforma única” de sua maior aeronave (um Boeing 737-700) forçou a empresa a remarcar vários voos, com reclamações e críticas de vários clientes.
Américo Muchanga é presidente da LAM desde julho, tendo substituído Theunis Christian de Klerk Crous, que ocupava o cargo interinamente desde fevereiro, no âmbito do afastamento de João Carlos Pó Jorge e do processo de reestruturação da empresa, que está a ser levado a cabo pela Fly Modern Ark (FMA), a empresa sul-africana contratada para recuperar a LAM.
A FMA administra a LAM desde abril do ano passado, com um plano de reestruturação em andamento.
A estratégia de revitalização da empresa ocorre após anos de problemas operacionais relacionados à frota reduzida e à falta de investimento, com registro de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à má manutenção das aeronaves.
Durante o período de gestão da FMA, a empresa sul-africana denunciou esquemas de desvio de dinheiro na LAM, com perdas de quase 3 milhões de euros, em bilheteiras, através de terminais de pagamento automático (TPA/POS) que não pertencem à empresa.
O Gabinete Central Anticorrupção (GCCC) de Moçambique abriu um processo para investigar alegados esquemas de corrupção na venda de bilhetes na companhia aérea moçambicana e na gestão da frota da empresa, tendo apreendido vários materiais.
‘Temos vários suspeitos e algumas buscas e apreensões já foram realizadas. Ainda estamos no processo de investigação, que não podemos detalhar aqui por razões de segredo de justiça’, disse Romualdo Johnam, porta-voz do GCCC, em 6 de agosto.
Fonte: Lusa