A consultora Fitch Solutions estima que os empréstimos bancários moçambicanos cresçam de 2,7%, em 2021, para 5% este ano, antes de acelerar para 8,4% em 2023, devido às melhores condições macroeconómicas e ao apoio do FMI.

“Prevemos que os empréstimos a clientes dos bancos em Moçambique acelerem de 2,7%, em 2021, para 5% em 2022, principalmente devido à melhoria das condições empresariais e ao programa de ajustamento financeiro do Fundo Monetário Internacional”, lê-se numa nota sobre o sector bancário moçambicano.

De acordo com o relatório, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings, a previsão de crescimento revela, no entanto, “uma revisão em baixa face à previsão anterior de crescimento de 8% para este ano, reflectindo o aumento dos custos dos empréstimos devido ao aperto da política monetária para conter a inflação”.

Os últimos dados apresentados pelo Banco de Moçambique mostram um crescimento de 6,4% nos empréstimos bancários em Março, o que compara com os 7,5% registados em maro de 2021, o que reflete, diz a Fitch Solutions, “os elevados valores de partida e a inflação elevada, que limita os pedidos de crédito”.

A inflação chegou aos 7,9% em Março, subindo face aos 5,8% registados no mesmo mês do ano anterior, mas ainda assim o crescimento dos empréstimos subirá face a 2021 essencialmente por duas razões: primeiro, as melhores condições empresariais, que vão incentivar a tomada de crédito por parte das empresas, e depois o programa de ajustamento financeiro do FMI, que prevê a disponibilização de 456 milhões de dólares, cerca de 432 milhões de euros, o que dará mais espaço para os bancos emprestarem ao setor privado.

Sobre o primeiro factor, a Fitch Solutions escreve que “as condições empresariais melhores já estão a notar-se nos indicadores sobre a atividade empresarial, e a redução das restrições para combater a pandemia de covid-19, bem como o aumento da despesa dos consumidores, vão aumentar as vendas e o sentimento económico, encorajando as empresas a pedirem mais crédito para aumentar os investimentos”.

Por outro lado, concluem, o Programa de Financiamento Ampliado (ECF, no original em inglês), o primeiro desde o escândalo das dívidas ocultas, divulgado em 2016, vai dar mais espaço aos bancos para emprestarem aos clientes privados, já que o Estado vai deixar de precisar de recorrer à banca para se financiar.

Ainda assim, a subida dos empréstimos da banca em Moçambique para 5% este ano e 8,4% em 2023 representa uma revisão em baixa face às perspetivas anteriores desta consultora que acompanha o país a partir de Hong Kong.

“Apesar de prevermos anteriormente que o Banco de Moçambique mantivesse a taxa de juro de referência nos 13,25% em 2022, o banco central implementou um aumento, em março, para 15,25%, em resultado das pressões inflacionárias originadas pela guerra Rússia-Ucrânia e pelas tempestades tropicais e ciclones”, argumentam, concluindo que a perspetiva atual aponta para uma subida da inflação de 5,6% em 2021 para 8% este ano, o que vai limitar a despesa dos consumidores, afastando o país da subida média do valor de empréstimos entre 2012 e 2021, que foi de 11,4%.

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