Terça-feira, Outubro 8, 2024
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Investimentos no país mostram recuperação da credibilidade

O vice-presidente da Corporação Financeira Internacional para África e Médio Oriente defendeu que os grandes investimentos anunciados recentemente em Moçambique mostram que o país está a recuperar a credibilidade junto da comunidade internacional após o escândalo das dívidas ocultas.

Em entrevista à Lusa por vídeoconferência a partir de Washington, Sérgio Pimenta admitiu que o escândalo das dívidas ocultas, reveladas em 2016, “teve o seu impacto em termos de relacionamento com a comunidade internacional, incluindo com o Fundo Monetário Internacional”.

“É evidente que um assunto como esse tem o seu impacto na visão que os investidores, não só estrangeiros, mas até os moçambicanos, têm em investir” no país, afirmou.

No entanto, recordou que na sequência do escândalo, o Governo moçambicano tomou medidas “que eram necessárias para permitir restabelecer uma credibilidade do investimento em Moçambique”, já depois de os parceiros internacionais terem suspendido o financiamento orçamental e de as agências de notação financeira terem colocado o país em `default`, no seguimento do incumprimento financeiro sobre os títulos de dívida.

“Quando vemos agora novos investimentos que vão ser feitos, eu acho que podemos ser otimistas de que realmente há uma maior credibilidade” que facilita o investimento em Moçambique, disse Sérgio Pimenta.

E exemplificou com o investimento que a Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla inglesa), membro do Banco Mundial, anunciou em outubro, no valor de 494 milhões de dólares (423,85 milhões de euros) para financiar a central elétrica de Temane, a maior construída em Moçambique desde a independência.

“O facto de nós termos conseguido mobilizar fundos de maneira importante para o projeto de Temane é um bom exemplo de que realmente volta a haver uma credibilidade de Moçambique na comunidade internacional”, sustentou.

Reveladas em 2016, as dívidas ocultas estão relacionadas com empréstimos no valor de 2,7 mil milhões de dólares (2,28 mil milhões de euros), contraídos entre 2013 e 2014 junto das filiais britânicas dos bancos de investimentos Credit Suisse e VTB pelas empresas estatais moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM.

Os empréstimos foram secretamente avalizados pelo Governo da Frelimo, liderado por Armando Guebuza, sem o conhecimento do parlamento e do Tribunal Administrativo.

Na sequência do escândalo, diversos parceiros, nomeadamente o Fundo Monetário Internacional, a União Europeia (UE) e os seus países, suspenderam formalmente os apoios diretos a Moçambique.

No julgamento do caso, que ainda decorre, a justiça moçambicana acusa 19 arguidos do processo principal de se terem associado em “quadrilha” e dilapidado o Estado moçambicano em 2,7 mil milhões de dólares angariados junto de bancos internacionais através de garantias prestadas pelo Governo.

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