Sábado, Abril 27, 2024
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Moçambique pode se tornar um dos dez maiores produtores de energia a nível mundial

A consultora Deloitte prevê que Moçambique se torne um hub energético crucial para a África Austral, impulsionado pelas suas reservas de gás. De acordo com o relatório “África Energy Outlook 2024, Mozambique Special Report”, o país tem potencial para se tornar um dos dez maiores produtores mundiais de energia, respondendo por 20% da produção do continente até 2040.

O sector energético moçambicano está em expansão, abrangendo uma ampla gama de energias renováveis, como biomassa, hídrica, solar e eólica. A Deloitte analisou profundamente o sector, identificando tendências que moldarão o mix energético do país na próxima década e recomendando medidas para fortalecer sua posição como hub energético regional.

Em relação aos combustíveis fósseis, Moçambique possui grandes reservas de gás e carvão. Embora não produza petróleo, é um produtor de gás condensado para exportação e está desenvolvendo projectos de gás liquefeito que ajudarão a reduzir a dependência de importações de petróleo. O governo também está promovendo a produção e utilização de biocombustíveis, bem como o uso crescente de veículos a gás.

No que diz respeito ao carvão, Moçambique possui uma das maiores reservas do mundo, com a mina de Moatize tendo reservas provadas de 1,9 bilhão de toneladas. O governo planeia aumentar a capacidade instalada para 1,7 GW até 2042, garantindo uma produção anual de electricidade de 2 TWH. Apesar da tendência global de abandono do carvão, ele ainda pode desempenhar um papel crucial nas exportações e no fornecimento de indústrias domésticas, como ferro e aço.

No setor de gás natural, Moçambique possui as maiores reservas da África Subsaariana, estimadas em 180 trilhões de pés cúbicos. Com projectos como o PSA, Coral Sul e Norte (FLNG) e Mozambique LNG, a produção pode dobrar até 2030, tornando o país o terceiro maior produtor regional. Além disso, o gás natural emite 50% menos carbono do que o petróleo e o carvão, tornando-o cada vez mais procurado no mercado global. A Deloitte estima que o gás pode gerar 100 bilhões de receitas para o país.

Em relação às energias renováveis, Moçambique possui um dos maiores potenciais hídricos da África, estimado em 12.500 MW. Com grandes investimentos em curso na província de Tete, como o projeto Mphanda Nkuwa e Cahora Bassa Norte, prevê-se que a capacidade instalada possa atingir 4539 MW em 2030, desempenhando um papel central no abastecimento de eletricidade aos países vizinhos.

Para a energia solar e eólica, prevê-se que representem 20% do mix energético do país até 2040, com capacidades instaladas de 266 MW e 40 MW até 2030, respectivamente. Na energia solar, está prevista a construção de novas centrais em Mocuba e Meteoro, além de Cuamba II em Niassa. Na energia eólica, novos projectos em Inhambane e Namaacha poderão gerar uma capacidade adicional de 170 MW.

Quanto à biomassa e outras fontes, Moçambique tem um grande potencial de produção de biomassa, estimado em 2 GW. Além disso, os resíduos da actividade florestal podem gerar 750 GWh de energia. No entanto, 95% da população moçambicana ainda utiliza biomassa, madeira e carvão como principal fonte de energia para consumo doméstico.

Apesar dos vastos recursos energéticos, Moçambique enfrenta desafios significativos, como pobreza e déficit de acesso à energia. No entanto, o país está bem posicionado para se tornar um hub energético regional, desde que implemente medidas adequadas para aproveitar seu potencial.

Essa notícia destaca a importância do sector energético para o futuro de Moçambique e a necessidade de investimentos e políticas eficazes para garantir um desenvolvimento sustentável e inclusivo no país.

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