Quinta-feira, Maio 9, 2024
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Octávio Mutemba: “Queremos ampliar o acesso ao financiamento às mulheres empreendedoras e outros empresários de pequena dimensão”

Uma entrevista concedida pelo Director de Institucionais e Protocolo do Moza Banco, Octávio Mutemba, ao Profile Mozambique, destaca as diferentes iniciativas da instituição no que respeita a construção de soluções de financiamento para 2024.

Profile Mozambique: De forma retrospectiva e tendo em consideração o último ano, quais foram os desafios mais evidentes com os quais a instituição se deparou e quais as medidas adoptadas para os ultrapassar?

Octávio Mutemba: Em 2023, o Moza Banco demonstrou uma vez mais a sua capacidade de superação de desafios, sobretudo num contexto menos favorável da conjuntura económica global e agravamento da política monetária restritiva ao nível nacional. A economia global observou uma considerável desaceleração em consequência da acção preventiva dos bancos centrais para combater a subida generalizada da inflação.

Em Moçambique, o Banco Central aumentou os coeficientes de reservas obrigatórias para os passivos em moeda nacional e estrangeira, passando de 10,5% para 39% e 11,5% para 39,5%, respectivamente. Esta medida reduziu substancialmente a liquidez bancária, impactando adversamente a capacidade dos bancos no geral desempenharem as suas actividades correntes com a devida normalidade. Por consequência, uma das mais importantes funções dos bancos, que é a de financiar a economia, foi significativamente afectada, uma realidade que o Moza não foi a excepção.

PM: Falemos dos principais acontecimentos que marcaram positivamente, a empresa e que contribuíram para o seu crescimento durante o ano 2023.

OM: Em 2023 o Moza celebrou o seu 15º aniversário e lançou a campanha Faz Acontecer, como uma forma de enfatizar o espírito proactivo dos moçambicanos que todos os dias “Fazem Acontecer”. Entretanto, várias foram os marcos assinalados durante o ano passado, com destaque para a implementação de iniciativas transformadoras de promoção de inclusão financeira, particularmente com enfoque nos grupos sociais relativamente mais vulneráveis.

A implementação do programa radiofónico denominado “Conta com o Moza” resulta dos esforços do Moza no aumento do acesso e uso dos serviços financeiros para cada vez mais moçambicanos. Os agricultores, pequenos comerciantes, funcionários públicos e Agentes do Estado, estudantes e mulheres de baixa renda representaram o público alvo da primeira fase do programa ocorrido em 5 Distritos do centro e norte do país (nomeadamente: Derre, Memba, Murrupula, Chimbunila e Majune) onde o Moza é único operador bancário, no âmbito da Iniciativa Presidencial “Vamos Bancarizar Moçambique – Um Distrito, Um Banco”, Foram ao todo 12 edições que transmitiram semanalmente e em línguas locais, conceitos, boas práticas, dicas de segurança, entre outra informação útil relacionada aos serviços financeiros e a gestão das finanças pessoais. Com esta aposta no uso de línguas locais predominantes, o Moza Banco tornou-se na primeira instituição bancária  em Moçambique a adoptar esta abordagem, para comunicar conteúdo financeiro.

PM: Quais as principais metas e prioridades traçadas para o Moza Banco, para o ano 2024, designadamente no que respeita a construção de soluções de financiamento e ao seu capital humano?

OM: Para o presente ano, o Moza pretende continuar a investir em soluções inovadoras e eficientes que contribuam para criar ainda mais facilidades para os nossos clientes e parceiros de negócio. Existem vários projectos em curso nos domínios financeiro e tecnológico que irão trazer benefícios para os moçambicanos. Queremos reforçar ainda mais a divulgação de alguns produtos e serviços criados nos anos anteriores, com destaque para o Moza Connect que visa a integração do sistema core do Banco e o sistema core das empresas para facilitar consideravelmente a vida dos empresários moçambicanos, principalmente no que concerne a execução de transferências na comodidade do ambiente de trabalho das empresas e com benefício económico devido ao precário reduzido aplicável.

Em 2024, o Moza irá também investir em produtos específicos para a Mulher, reforçando ainda mais o nosso sentido de universalidade enquanto Banco moçambicano. A nossa grande meta é garantir que cada moçambicano pense no nome Moza quando quiser aderir a qualquer serviço ou produto bancário. No tocante ao capital humano, o Moza sempre priorizou o bem-estar dos seus colaboradores, investindo em vários aspectos preponderantes para o bem-estar dos seus funcionários e familiares. Aliás, em 2023 o Moza figurou entre as “melhores empresas para se trabalhar em Moçambique”, de acordo com o estudo levado a cabo pela Tempus Global. Em 2024, continuaremos a investir no nosso capital humano, na saúde, formação, treinamento e em todas as áreas que promovam o bem-estar dos colaboradores.

PM: Vamos ter algumas novidades concretas em termos de produtos e serviços do Moza Banco?

OM: Uma novidade recente e de destaque para o Moza é a celebração Memorando de Entendimento com o Banco Europeu de Investimento (BEI) que preconiza a disponibilização de uma linha de crédito de EUR 10 milhões para financiamento de pequenas e médias empresas, com principal incidência no empreendedorismo das mulheres. A linha de financiamento referida é abrangente aos diversos sectores da economia, contribuindo para o desenvolvimento económico do país.

A linha de crédito em referência ampliará o acesso de financiamento as mulheres empreendedoras e outros empresários de pequena dimensão que têm dificuldade actualmente de contrair crédito tradicional devido ao ambiente de taxas de juro relativamente penalizadoras.

PM: Têm existido avanços relevantes na tecnologia ao dispor da indústria bancária e a entrada de novos players nesta indústria (Fintechs). Face a esta evolução, de que forma se está a posicionar o Moza Banco para dar resposta aos desafios tecnológicos?

OM: Desde a sua incepção no mercado bancário nacional, o Moza tem realizado uma forte aposta na tecnologia. À luz do  plano estratégico  do Banco (2022 – 2026), está em curso  um programa ambicioso de Transformação Digital que que visa a integração de novas infra-estruturas de suporte tecnológico e ajuste transversal dos processos organizacionais, permitindo maior comodidade, eficiência, transparência e segurança aos clientes na execução das suas operações bancárias e aproximando-os ainda mais aos nossos canais remotos de prestação de serviços com qualidade equiparável aos mais elevados padrões internacionais.

Por outro lado, o Moza acredita em parcerias vantajosas para melhoria da experiência dos clientes no uso dos serviços bancários. É por isso que o Moza goza de interoperabilidade com os operadores de moeda electrónica, galvanizando assim o seu potencial de contacto com um público ainda não bancarizado, com maior incidência nos distritos mais recônditos do país e sem presença física de bancos. Ao nosso ver, as Fintechs podem ser parceiras do Banco para estimular a melhoria do acesso e qualidade dos serviços bancários ao nível nacional.

PM: Tendo em consideração a aceleração da transformação digital que se observa nos tempos que correm, com a adopção de plataformas digitais para interacção com clientes e de automatismos que promovem a eficiência de processos, quais os principais impactos que se podem esperar nas estruturas do Banco e que estratégias estão pensadas para apoiar os colaboradores? Por outro lado, sendo a Banca um negócio baseado no contacto e na confiança, como antecipa o papel das áreas comerciais nesta r(evolução) em curso?

OM: O Moza é mais do que um banco com clientes. É sim um Banco para os clientes.

Por essa razão, elegemos a contínua actualização sobre as diversas evoluções tecnológicas, inovação de processos como também as mudanças de paradigmas ao nível global que afectam o tecido social, económico e político internacional, regional e nacional, com impacto nos diversos sectores económicos (e estes cada vez mais interdependentes), incluindo a Banca.

De modo a estimular a adaptação orgânica de novas tecnologias no Banco, somos ávidos investidores na formação contínua dos nossos colaboradores ao nível nacional e internacional. Participamos nos fóruns de discussão tecnológica e inovação na região e no mundo na qualidade de oradores para partilhar experiências e conhecimentos autênticos com os diversos players globais. Como evidencia desta forma de ser, o Moza já até participou na 11ª edição da Webb Summit, a maior conferência de tecnologias da Europa e do mundo, que se realiza anualmente desde 2009.

Ainda em 2023, o Moza esteve representado na qualidade de orador na World Financial Innovation Series, realizada em Nairobi, Quénia, que é um dos países africanos que maior desenvolvimento tem observado na digitalização dos processos bancários.

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