Domingo, Junho 15, 2025
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Francisco dos Santos: “Cerca de 99,9% do algodão que produzimos, é exportado”

Profile Mozambique: Considerando a longa trajectória do Grupo JFS no sector agrícola moçambicano, como a empresa tem adaptado suas práticas agrícolas para enfrentar os desafios actuais do mercado de algodão em Moçambique, garantindo sustentabilidade e benefícios para os pequenos agricultores com os quais colabora?

Francisco dos Santos: Fundado em 1897, o Grupo JFS é um dos grupos empresariais mais antigos de Moçambique, mantendo operações contínuas mesmo durante períodos desafiadores, como a independência e a guerra civil. A nossa abordagem de agricultura de fomento, implementada desde os primórdios, destaca-se pela colaboração com cerca de 40.000 pequenos agricultores.

Oferecemos crédito sem juros para insumos, além de treinamento e assistência técnica, facilitando também o acesso a certificações internacionais. Este modelo assegura que os agricultores recebam aproximadamente 60% do valor de exportação da fibra FOB, conforme os preços mínimos definidos pelo Governo de Moçambique.

O mercado de algodão tem passado por altos e baixos ao longo dos anos, mas continuamos comprometidos com práticas agrícolas regenerativas e sustentáveis, como evidenciado pela recente certificação Regenagri que obtivemos

PM: Tendo em conta que a fusão entre a JFS e o M-Pesa visa integrar serviços financeiros móveis ao sector agrícola, facilitando a inclusão financeira e o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais, quais são os principais desafios que vocês antecipam na implementação desta parceria, especialmente no que concerne à adaptação tecnológica dos agricultores e à infraestrutura necessária nas zonas rurais?

FS: A parceria entre a JFS e o M-Pesa representa uma parceria estratégica entre duas empresas de sectores distintos, mas com um elemento comum, uma forte ligação à população, especialmente aquela que reside em áreas rurais e opera no sector informal. Ambas as entidades servem como pontes que conectam milhares de famílias ao mercado formal. A JFS, com uma longa história de colaboração com agricultores familiares, oferece-lhes assistência técnica, formação e insumos a crédito, estabelecendo relações de confiança mesmo com aqueles que não possuem documentação formal.

Por outro lado, o M-Pesa, com sua robusta base tecnológica e experiência regional, facilita a inclusão financeira através de serviços móveis. Esta parceria visa proporcionar soluções que promovam o desenvolvimento e o bem-estar das comunidades rurais, alinhando-se com o compromisso de longo prazo da JFS para o desenvolvimento sustentável dessas comunidades.

Através desta colaboração, os agricultores terão acesso a serviços financeiros essenciais que lhes permitirão planear melhor as suas colheitas, poupar para o futuro e investir no crescimento dos seus negócios. Ademais, a iniciativa prevê a criação de uma rede de agentes e comerciantes M-Pesa nas zonas onde a JFS opera, permitindo que os agricultores utilizem os seus fundos electrónicos para adquirir bens e serviços essenciais sem necessidade de longas deslocações para efectuar transacções.

PM: Que estratégias específicas a JFS está a implementar para melhorar a qualidade e a produtividade do algodão moçambicano e influenciar na competitividade?

FS: Praticamente todo o algodão que produzimos, cerca de 99,9%, é exportado. Isso ocorre porque perdemos a nossa indústria têxtil. Para quem não está familiarizado, o processo começa com a colheita do algodão caroço no campo. Em seguida, nas fábricas, a fibra é separada da semente. Essa fibra é exportada para a indústria que produz o fio, conhecida como fiação. Depois, há a tecelagem, que fabrica o tecido, e, por fim, a confecção, que produz as peças de vestuário.

Embora Moçambique ainda tenha actividade no sector de confecção, dependemos da importação de tecidos, já que perdemos a capacidade de fiação e tecelagem em larga escala. Já tivemos essas indústrias no país, mas elas se perderam ao longo do tempo. Isso representa uma grande oportunidade, pois o valor agregado da fibra até uma camiseta vendida a 200 meticais é cerca de dez vezes maior. Sem mencionar os subprodutos do algodão, como as sementes, que podem ser usadas para óleo e outros fins. Portanto, trata-se de uma cadeia de valor muito importante.

Actualmente, como não temos uma indústria têxtil, o algodão é exportado para regiões onde essa indústria está concentrada, principalmente na Ásia. Países como Bangladesh, Paquistão e Vietnã são os principais destinos. Há também alguns países africanos, como as Maurícias, que conseguiram desenvolver suas indústrias têxteis e estão relativamente próximos de nós. No entanto, devido aos custos logísticos e à nossa localização geográfica, nossa logística está mais direccionada para a Ásia.

PM: Quais são os principais desafios que o sector algodoeiro enfrenta actualmente em Moçambique, considerando factores como a volatilidade dos preços internacionais, as mudanças climáticas e a necessidade de modernização das infraestruturas locais?

FS: A indústria do algodão em Moçambique enfrenta desafios significativos, especialmente devido às políticas globais que subsidiam a produção de algodão em outros países. Esses subsídios resultam em preços mais baixos no mercado internacional, tornando difícil para os produtores moçambicanos competirem de forma justa.

Apesar desses obstáculos, o algodão permanece uma cultura resiliente e fundamental para a agricultura familiar no país. As empresas fornecem insumos a crédito, assistência técnica e implementam certificações de qualidade, beneficiando não apenas a produção de algodão, mas também outras culturas associadas, como milho e feijão. Além disso, iniciativas governamentais, como subsídios de cinco meticais por quilograma de algodão, têm sido implementadas para estabilizar os preços e apoiar cerca de 600 mil agricultores, incentivando uma “cultura de confiança” no sector.

Essas medidas visam promover o desenvolvimento holístico das zonas rurais, integrando serviços financeiros, acesso à energia eléctrica e outras infraestruturas essenciais.

EUA aprovam empréstimo de quase 5 mil milhões de dólares para projecto de gás da TotalEnergies em Moçambique

Os Estados Unidos aprovaram um empréstimo de quase 5 mil milhões de dólares para o projecto de gás natural liquefeito (GNL) da TotalEnergies em Moçambique, superando um obstáculo significativo para a retoma deste empreendimento, que tem enfrentado atrasos devido a questões de segurança na região de Cabo Delgado.

O Banco de Exportação e Importação dos EUA (Exim) já havia aprovado anteriormente um empréstimo de 4,7 mil milhões de dólares para este projecto de 20 mil milhões de dólares durante a primeira administração do presidente Donald Trump. No entanto, a construção foi interrompida em 2021 devido a distúrbios violentos na região norte de Cabo Delgado, exigindo uma nova aprovação do financiamento.

Patrick Pouyanne, CEO da TotalEnergies, afirmou recentemente que esperava a aprovação do financiamento dos EUA nas próximas semanas, com outras agências de crédito a seguirem o exemplo nos meses subsequentes. A empresa aguardava a reaprovação dos empréstimos pelas agências de crédito à exportação dos Estados Unidos, Reino Unido e Holanda antes de suspender a medida de força maior no projecto, em vigor desde 2021.

Estevão Pale, ministro da Energia de Moçambique, expressou expectativa de que o Reino Unido e a Holanda também reconfirmem o seu apoio. O projecto Mozambique LNG, no qual a TotalEnergies detém uma participação operacional de 26,5%, estava previsto para transformar Moçambique num grande produtor de GNL. Contudo, o projecto foi interrompido devido a uma insurgência liderada por militantes ligados ao Estado Islâmico que assolou a região.

Desde então, a segurança na área melhorou, com a empresa parceira, Mitsui, indicando em dezembro que os preparativos finais estavam em andamento para retomar a construção após renegociações com os contratantes. No entanto, grupos ambientalistas alertam que os riscos de segurança associados ao projecto deveriam ser suficientes para negar o apoio ao mesmo.

Daniel Ribiero, coordenador técnico da Friends of the Earth Moçambique, afirmou que “as violações dos direitos humanos, o conflito armado, os impactos ambientais e as projecções económicas arriscadas do projecto Mozambique LNG deveriam ter mantido a maioria dos investidores sensatos afastados”.

Fonte: Reuters

M-Pesa e Algodoeira do Niassa firmam parceria para promover a inclusão financeira nas zonas rurais

inclusão financeira

A Vodafone M-Pesa e a Sociedade Algodoeira do Niassa (JFS) assinaram hoje, em Maputo, um memorando de entendimento que visa a provisão de soluções financeiras digitais para facilitar transacções financeiras e promover a inclusão digital, bem como soluções financeiras como crédito, seguro e poupança ao agricultor e comunidades rurais.

O memorando foi rubricado na sede da Vodacom Moçambique Maputo, pelo Director Executivo da Vodafone M-Pesa, Sérgio Gomes e o Administrador da JFS, António Manuel Correia contando com a presença de representantes das duas entidades, parceiros estratégicos e membros da comunicação social. Esta parceria tem como alvo inicial agricultores e parceiros da JFS nas províncias da região Norte. Contudo, pretende-se estender a sua aplicação pela comunidade rural em geral, sem limitação territorial de acordo com os desenvolvimentos da parceria e outras áreas de interesse mútuo.

Numa primeira fase, a nível da Sociedade Algodoeira do Niassa a iniciativa vai digitalizar o sistema de pagamentos para cerca de 500 agricultores, garantir que, pelo menos, 20% de clientes façam as suas poupanças na conta M-Pesa, gerando com isso proveitos financeiros paras ambas as partes.

 

Durante a sua intervenção, o Director Executivo da Vodafone M-Pesa, Sérgio Gomes, destacou a importância desta colaboração: “Através desta parceria, estamos a dar um passo decisivo na modernização das transacções financeiras no sector agrícola, garantindo mais segurança, eficiência e acessibilidade aos pequenos produtores. Queremos que cada agricultor tenha a possibilidade de gerir os seus rendimentos de forma simples, digital e segura, sem depender exclusivamente do dinheiro físico.”

Inclusão

Por sua vez, o Administrador da JFS, António Manuel Correia, sublinhou os benefícios desta iniciativa para os agricultores e comerciantes locais: “A JFS tem um compromisso de longo-prazo com o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais. Através desta parceria, os agricultores terão acesso a serviços financeiros essenciais que lhes permitirão planear melhor as suas colheitas, poupar para o futuro e investir no crescimento dos seus negócios.”

Além da digitalização dos pagamentos agrícolas, a iniciativa prevê ainda a criação de uma rede de agentes e comerciantes M-Pesa nas zonas onde a JFS opera, permitindo que os agricultores possam utilizar os seus fundos electrónicos para adquirir bens e serviços essenciais sem necessidade de longas deslocações para a transacções.

O M-Pesa e a JFS reforçaram o compromisso de desenvolver acções de educação financeira, incluindo formações comunitárias e campanhas de sensibilização para garantir que os beneficiários compreendam e utilizem eficazmente as novas soluções disponíveis. Esta colaboração insere-se na visão estratégica do M-Pesa de expandir os serviços financeiros móveis e fomentar a inclusão digital em Moçambique.

Nampula expõe suas potencialidades na maior feira de turismo de Portugal

A província de Nampula participa, pela primeira vez, na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), Portugal, num evento em que publicita as suas potencialidades turísticas e procura parcerias para a recuperação do sector.

O evento que decorre desde ontem (12) até 16 do corrente, debate desafios do turismo face ao surgimento das novas tecnologias, sobretudo, o uso da inteligência artificial.

A delegação moçambicana na Bolsa de Turismo de Lisboa é liderada pelo Secretário de Estado do Turismo, Fredson Bacar.

Segundo uma publicação do portal Ikweli, a directora provincial da Cultura e Turismo em Nampula, Jamila Bicá, participou ontem, num painel sobre o papel dos media na oferta e na procura por um estilo turístico, “onde se debateu o impacto destes na divulgação e atração do turista para um determinado destino”.

“Esta feira é uma das maiores montras internacionais, onde são discutidos vários temas relacionados à cultura e ao turismo. Nampula espera colher muita experiência em termos dessa ligação que deve existir entre a cultura e o turismo. Queremos buscar nesta feira, parcerias estratégicas para formação, entendendo que Nampula pretende posicionar-se como um mercado turístico de referência nacional, internacional e mundial”, anotou a governante.

Para este evento turístico, a província de Nampula levou materiais promocionais em formato de audiovisual e também em folhetos.

Gemfields muda o posicionamento na bolsa e reforça actuação em Moçambique

Gemfields muda o posicionamento

A Bolsa de Valores de Joanesburgo (JSE) aprovou uma importante mudança para a Gemfields, operadora de minas de rubis e esmeraldas no continente africano. A empresa, que tem uma forte presença em Moçambique, será transferida do “segmento principal” para o “segmento geral” da bolsa, uma decisão que visa alinhar a companhia a um nível de regulamentação mais adequado à sua dimensão e liquidez.

A decisão da JSE foi tomada para adequar a empresa a um patamar de regulamentação mais condizente com seu porte no mercado financeiro sul-africano. A transição foi imediata e ocorre em um momento de crescente interesse pelas operações da Gemfields no mercado global. A mudança não afectará, no entanto, a cotação da empresa na Bolsa de Londres, onde a Gemfields continuará sua listagem.

A alteração pode influenciar a forma como os investidores percebem a estabilidade e o futuro da Gemfields. A movimentação poderia gerar uma mudança nas estratégias de investimentos, com uma maior flexibilidade regulatória que permite à empresa atrair mais capital, mas também levantar questões sobre a sua posição financeira em comparação com outras grandes empresas listadas na JSE.

A Gemfields é proprietária de 75% da mina de rubis de Montepuez, localizada em Cabo Delgado, Moçambique. Este é um dos maiores depósitos de rubis do mundo, mas a operação da empresa na região não é isenta de desafios. A segurança tem sido uma preocupação constante devido aos conflitos no Norte do país, além de questões ambientais e sociais envolvendo impactos da mineração e o garimpo ilegal.

Apesar dos desafios, a demanda global por pedras preciosas tem favorecido as operações da Gemfields, que se vê em uma posição estratégica para aproveitar a crescente procura. A mudança no JSE pode ser uma indicação de que a empresa busca maior flexibilidade para expandir seus projetos em Moçambique, além de facilitar a captação de investimentos para fortalecer sua presença no mercado africano.

O sector mineiro em Moçambique está em pleno crescimento, e o país busca equilibrar o incentivo ao investimento estrangeiro com a criação de condições que beneficiem as comunidades locais. A operação da Gemfields em Montepuez continuará a ser uma peça central para o desenvolvimento da mineração e exportação de pedras preciosas em Moçambique.

Com a mudança na Bolsa de Joanesburgo, a Gemfields reforça sua presença no mercado financeiro global enquanto enfrenta desafios locais em suas operações em Moçambique. A empresa se prepara para novos investimentos, ao mesmo tempo em que precisa equilibrar suas responsabilidades sociais e ambientais na região de Cabo Delgado.

Pedro Cossa é o novo CEO da Bolsa de Valores de Moçambique

Pedro Frederico Cossa, de 41 anos, foi recentemente nomeado Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) durante a Assembleia-Geral realizada em 12 de março de 2025, na cidade de Maputo. Com uma carreira iniciada na BVM em 2009, Cossa ocupou diversos cargos de liderança, incluindo o de Director-Adjunto de Operações. Em julho de 2024, assumiu o cargo de Administrador Financeiro da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento da Cidade de Maputo. Ademais, desde 2016, exerce a função de docente universitário e preside a Associação Moçambicana de Economistas (AMECON), contribuindo significativamente para o desenvolvimento do sector económico em Moçambique.

Especialista em Economia de Desenvolvimento, Cossa possui mestrado na área pela Universidade Eduardo Mondlane e é licenciado em Gestão e Finanças pelo Instituto Superior de Transportes e Comunicações. Seu compromisso com a educação contínua é evidenciado por certificações adicionais em Literacia Financeira pela Universidade de Pretória, Mercados Financeiros pelo Instituto de Formação Bancária de Portugal e o First Certificate in English pela Universidade de Cambridge.

Entre 2015 e 2020, Cossa serviu como deputado na Assembleia da República de Moçambique, integrando a Comissão de Defesa, Segurança e Ordem Pública. Foi também Secretário-Geral da Organização da Juventude Moçambicana (OJM) e desempenhou funções de administrador financeiro e de recursos humanos na Empresa Municipal de Mobilidade e Desenvolvimento (EMME).

Com uma sólida trajectória em economia, mercados financeiros e políticas públicas, Cossa tem se dedicado à formação de profissionais, lecionando disciplinas como Sistemas e Mercados Financeiros e Gestão Empresarial. Sua abordagem analítica e estratégica, aliada à experiência prática em governança, permite-lhe agregar valor a iniciativas que promovam a inovação e o progresso do sector económico moçambicano.

Além de sua actuação no sector económico, Cossa demonstra uma forte paixão pela promoção de um ambiente sustentável por meio da mobilidade suave. Acredita que a adoção de soluções de transporte sustentáveis, como bicicletas elétricas, pode desempenhar um papel fundamental na melhoria da qualidade de vida, na redução do impacto ambiental e na construção de cidades mais inclusivas e eficientes.

 

ADIN anuncia 6M$ para projectos de desenvolvimento

A Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) acaba de alocar mais fundos para a materialização de projectos de desenvolvimento social e económico nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula.

Trata-se de um montante global de seis milhões de dólares, que será canalizado à ActionAid Moçambique, Associação de Apoio e Assistência Jurídica às Comunidades, Fundação Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil, Associação Kuendeleya, Fundação Nunisa e Conselho Cristão de Moçambique.

Falando ontem, terça-feira (11), em Maputo, durante a assinatura dos contratos de financiamento, o presidente da Comissão Executiva da ADIN, Jacinto Loureiro, explicou que cada organização vai receber um milhão de dólares a título de donativo para realizar projectos de geração de emprego, ocupação juvenil, infra-estruturas sociais e meios de subsistência para a população do Norte do País.

“Este projecto, iniciado em 2023, visa mitigar os efeitos do terrorismo no Norte do País, e nesta primeira fase está avaliado em 12 milhões de dólares, dos quais já foram disponibilizados quatro. Hoje desembolsamos mais seis para as instituições implementadoras”, explicou Loureiro.

Citado pelo jornal Notícias, a fonte acrescentou, igualmente, que os resultados dos projectos já financiados são visíveis e traduzem-se na mitigação dos efeitos do terrorismo e integração da juventude em diferentes actividades de geração de renda e recreativas.

“As organizações envolvidas neste processo estão a fazer um bom trabalho; temos visto nos distritos e localidades os efeitos de diferentes iniciativas que se traduzem no empoderamento dos jovens e mulheres”, frisou.

A este propósito, Jacinto Loureiro assegurou que ainda neste trimestre serão inauguradas 67 infra-estruturas, num universo de 200 a serem erguidas este ano, com destaque para escolas, unidades sanitárias, estradas, fontes de água, entre outras, destruídas pelos terroristas.

Grindrod corta dividendos em 55% devido a interrupções na fronteira de Lebombo/Resssano Garcia

A empresa de logística de carga Grindrod cortou os seus dividendos na ordem de 55% devido ao encerramento da fronteira de Lebombo do lado sul-africano, Ressano Garcia do lado moçambicano no período das manifestações pós-eleitorais em Moçambique, no último trimestre de 2024.

Após avançar que no ano passado os seus lucros caíram para mil milhões de randes, a empresa viu as suas acções caírem na ordem de 6%. Mas, segundo o IOL, esse descarrilamento se deve aos preços das commodities e inundações.

O grupo sofreu impactos 4,4 milhões de toneladas anuais em volume e 200 milhões de randes em lucros totais no último trimestre de 2024, por conta do movimento intermitente da fronteira.

Os resultados mais fracos ocorreram apesar do grupo ter se posicionado por meio de uma série de acordos e iniciativas para se tornar um grande operador e parceiro em diversas oportunidades de investimento em infraestrutura logística, incluindo ferrovia na África do Sul.

A Anchor Capital disse em uma nota que, embora a recente agitação civil em Moçambique tenha sido uma preocupação, os resultados da Grindrod foram bem orientados, e sua perspectiva era promissora.

Rui Bispo: “A F3M está a consolidar o caminho para a liderança no sector tecnológico”

Profile Mozambique: A F3M Moçambique faz parte de um grupo com mais de 38 anos de experiência e tem uma presença consolidada no país desde 2012. Pode partilhar um pouco mais sobre a origem da empresa e o significado do nome “F3M”?

Rui Bispo: A F3M Moçambique é uma empresa que opera no país desde 2012, sendo parte do grupo F3M sedeada em Portugal, que conta com mais de 38 anos de existência. A empresa dedica-se ao desenvolvimento de software e à implementação de projectos personalizados, além de manter, desde a sua fundação, uma parceria estratégica com a Cegid Primavera.

A F3M Moçambique especializa-se na comercialização e implementação de ERPs e software de gestão para empresas em Moçambique, contribuindo para a optimização dos seus processos operacionais.

Quanto à origem do nome “F3M”, este remonta à fundação da empresa por quatro jovens universitários, cujas iniciais deram origem à designação. Actualmente, apenas um dos fundadores, Pedro Fraga, continua ligado à instituição.

PM: Quais são os principais sectores de actuação da F3M Moçambique e como as soluções oferecidas têm contribuído para o desenvolvimento desses sectores?

RB: A F3M, através da sua parceria com a Cegid Primavera, disponibiliza o software Primavera, uma solução amplamente reconhecida no mercado. Trata-se de um software horizontal, ou seja, pode ser implementado em diversas áreas de negócio e personalizado de acordo com as necessidades específicas de cada cliente.

Ademais, a F3M é também uma software house, dedicada ao desenvolvimento de soluções tecnológicas especializadas. Neste âmbito, cria e implementa softwares verticais, concebidos para responder às exigências específicas de sectores de actividade determinados.

PM: Qual é a participação de mercado da F3M Moçambique no sector em que actua?

RB: Nos sectores em que actuamos com os nossos softwares próprios, como é o caso das ópticas e dos jardins de infância, a F3M é, claramente, líder de mercado.

No que diz respeito aos softwares de gestão, no âmbito da nossa parceria com a Cegid Primavera, ocupamos um estatuto elevado, o que nos confere uma participação de mercado significativa e um reconhecimento sólido. Esta posição permite-nos atender a todos os clientes com a máxima atenção, mas, ao mesmo tempo, dispomos da capacidade necessária para responder, de forma eficaz, às exigências das médias e grandes empresas.

Rui Bispo, Managing General da F3M Moçambique

PM: Recentemente, a F3M expandiu a sua oferta de formação online para Moçambique, após um aumento significativo na procura em Portugal. Quais têm sido os resultados dessa iniciativa e como ela tem impactado os profissionais e empresas locais?

RB: A formação é um pilar essencial para os nossos clientes, e a F3M investe continuamente nesse aspecto para garantir que utilizem os nossos ERPs e softwares de forma eficaz e sem dificuldades. O nosso objectivo é mantê-los sempre actualizados, uma vez que os softwares estão em constante evolução, tanto devido aos avanços tecnológicos como às mudanças fiscais e legais nos diferentes países.

Nesse sentido, procuramos estreitar a nossa relação com os clientes, focando-nos na capacitação dos seus profissionais. Com isso, asseguramos que conseguem utilizar e dar continuidade, dentro das suas empresas, às soluções que comercializamos.

Por outro lado, a F3M distingue-se pela sua equipa multidisciplinar, preparada para responder de forma eficiente às diversas necessidades do mercado.

PM: Quais são os principais desafios que a F3M Moçambique enfrenta no mercado actual e quais estratégias estão a ser implementadas para os superar?

RB: Os desafios que enfrentamos passam, naturalmente, pela concorrência. Para nos diferenciarmos, procuramos sempre oferecer um produto e um serviço distintos, seja através de uma consultoria especializada ou de uma implementação diferenciada.

Apostamos fortemente na comunicação com o cliente e mantemos uma estratégia focada na excelência do trabalho que desenvolvemos desde 2012. O nosso compromisso é continuar a crescer e a evoluir, garantindo, assim, as melhores soluções e um atendimento de qualidade para os nossos clientes.

PM: Quais têm sido os principais reconhecimentos e prémios atribuídos à F3M Moçambique nos últimos anos, e de que forma essas distinções reflectem a vossa aposta na certificação dos consultores e na qualidade dos projectos entregues?

RB: A F3M tem apostado fortemente na certificação dos seus consultores, o que não só reforça a confiança dos nossos clientes, como também leva ao reconhecimento do nosso trabalho e à recomendação dos nossos serviços. Esta abordagem tem-nos permitido realizar projectos de acordo com as expectativas dos clientes e impulsionar o crescimento da nossa base de clientes ao longo dos anos.

No âmbito da nossa parceria com a Cegid Primavera, que distingue anualmente os seus parceiros, temos sido reconhecidos em várias ocasiões. Mais recentemente, em 2023, fomos premiados como o Melhor Parceiro do Ano de 2022, um reflexo do nosso compromisso com a excelência e a qualidade dos serviços que prestamos.

PM: Quais são as expectativas da F3M Moçambique em relação ao desenvolvimento do sector de tecnologias de informação e comunicação no país nos próximos anos?

RB: A transformação digital em Moçambique já deu passos importantes, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Acredito que, nos próximos anos, será fundamental que a economia moçambicana se torne mais digital e adopte mais soluções de software de gestão.

Os pequenos comerciantes, que ainda dependem do papel, terão que se adaptar à evolução das tecnologias, seja por questões fiscais ou pela necessidade de acompanhar as mudanças do mercado. Essa evolução digital será essencial para evitar que Moçambique fique para trás, enquanto outros países, mais rápidos na adaptação, avançam e ganham competitividade.

Sobre F3M

A F3M é uma referência no domínio das tecnologias de informação e comunicação. Com origem em Portugal e mais de 30 anos de existência, iniciou o seu processo de internacionalização no ano de 2006, marcando presença em 8 países.

Kenmare: Ex-CEO disputa Mina de Moma com proposta acima de 600 milhões de dólares

O ex-presidente executivo da Kenmare Resources, Michael Carvill, está a liderar uma tentativa de aquisição da empresa, em parceria com o fundo de investimento Oryx Global Partners, sediado em Abu Dhabi. A proposta apresentada para a compra da mina moçambicana de Moma ascende a 615 milhões de dólares (39 mil milhões de meticais).

De acordo com informações divulgadas pela própria Kenmare, a oferta inicial, equivalente a 615 milhões de dólares (39 mil milhões de meticais), representava um prémio de 92% sobre o valor de mercado da empresa antes do anúncio.

No entanto, a administração da Kenmare rejeitou a proposta, considerando que subestima o verdadeiro valor da empresa. Apesar disso, foi concedida à Oryx e a Carvill a possibilidade de analisar as contas da companhia, abrindo caminho para uma eventual revisão da oferta.

A mina de Moma, localizada em Moçambique, é uma das principais fontes mundiais de minerais de titânio e zircão, amplamente utilizados nas indústrias de tintas, plásticos, cerâmica e têxteis. A Kenmare detém 7% do mercado global de ilmenite, um dos principais produtos extraídos na mina.

Apesar da sua importância estratégica, a empresa tem enfrentado desafios relacionados com a queda dos preços dos minerais de titânio, a instabilidade política no País e atrasos nas negociações de um novo regime de royalties com as autoridades locais. A empresa encontra-se ainda a meio de um grande programa de investimento, avaliado em centenas de milhões de dólares, que inclui a modernização e relocalização da sua principal instalação de extracção dentro do complexo de Moma.

Michael Carvill, de 65 anos, liderou a Kenmare desde a sua fundação e desempenhou um papel central no desenvolvimento da mina de Moma. A empresa iniciou a exploração do depósito mineral em 1987, e a produção arrancou em 2007. Carvill deixou a administração da empresa em 2024, num contexto de pressões para uma possível venda da mineradora.

O analista Richard Hatch, do banco de investimento Berenberg, afirmou que Carvill parece reconhecer um valor maior na Kenmare do que o mercado lhe atribui actualmente. Segundo Hatch, um aumento da oferta para cerca de 7,50 dólares (480 meticais) poderia ser considerado justo e benéfico para os accionistas.

Carvill, que actualmente detém cerca de 0,6% da empresa, poderá beneficiar de um plano de incentivos baseado em acções, caso a aquisição pela Oryx seja bem-sucedida. A Kenmare tem sido alvo de interesse por parte de outros investidores.

Em 2023, a Rio Tinto e a International Resources Holding, outro fundo de Abu Dhabi, analisaram a empresa, incentivados por pressões do accionista Jo Hambro, que detém 6% das acções. No entanto, nenhuma dessas abordagens resultou numa venda.

Nos últimos anos, a Kenmare apresentou resultados financeiros voláteis. Em 2022, a empresa registou um EBITDA de 298 milhões de dólares (18,9 mil milhões de meticais), impulsionado pela valorização dos preços do titânio. No entanto, em 2023, esse valor caiu para 220 milhões de dólares (14 mil milhões de meticais), reflectindo a descida da procura e dos preços do sector.

Desde 2019, a empresa distribuiu 280 milhões de dólares (17,8 mil milhões de meticais) aos seus accionistas através de dividendos e recompra de acções, reduzindo a participação do fundo soberano de Omã para cerca de 17%.

Entre os investidores, há um consenso crescente de que a Kenmare poderá ser vendida em breve, dependendo do valor final da oferta. Um dos principais accionistas afirmou: “Acredito que há um consenso geral de que a empresa será vendida. A questão é apenas o valor final da oferta.”

Com a possibilidade de uma revisão da proposta por parte de Carvill e da Oryx, o futuro da mina de Moma permanece incerto, enquanto o mercado aguarda os próximos desenvolvimentos.

Fonte: Irish Times