A multinacional petrolífera italiana Eni, operadora do empreendimento Coral Sul, Plataforma Flutuante de Gás Natural Liquefeito (FLNG, sigla em inglês) na bacia do Rovuma, distrito de Palma, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, tenciona também apostar na agricultura industrial.
Trata-se de um projecto que, inicialmente, poderá ocupar uma área de 150 mil hectares, com uma diversidade de produção estimada de 130 mil toneladas por ano e um potencial para criar mais de 120 mil empregos.
O facto foi avançado pelo director executivo da Eni, Claudio Descalzi, no briefing à imprensa, minutos após uma audiência que lhe foi concedida pelo Presidente da República, Daniel Chapo, hoje (11) em Maputo.
“Também temos outro ponto muito importante para o país, que é a agricultura. O que significa que na agricultura tambem vamos produzir óleo vegetal”, disse.
“Normalmente”, explicou Descalzi, “trabalhamos com 150 mil hectares e produzimos em torno de 130 mil toneladas por ano; mas essa quantidade de terra e produção de agricultura pode impactar em um nível de 120 mil empregos. É enorme, o que significa que se você está trabalhando com 300 mil hectares, você pode criar cerca de 300 mil empregos. É uma revolução”.
Aliás, o director executivo da Eni tranquiliza e garante que toda a cadeia de produção de óleos para a biorefinação e biocarburantes não vai competir ou interferir com a cadeia de alimentos. Aliás, a Eni já está a desenvolver projectos similares, em mais de nove países do mundo, seis dos quais do continente africano, incluindo a Costa do Marfim, Angola, Congo, Argélia, Líbia e Egipto.
“Um aspecto muito importante dessa actividade é o trabalho intensivo. Então, produz-se um enorme número de empregos”, afirmou.
Um enorme investimento cria uma diversidade de serviços especializados, no qual podem surgir mil a duas mil empresas, mas com o sector agrário, segundo Descalzi, os resultados podem ascender a mais de 100 mil pessoas.
Por isso, segundo Descalzi, a Eni tem aliado projectos de Gás Natural com agricultura.

“O gás e a agricultura”, disse, “são duas pernas que devem andar juntas e que permitirão a Moçambique não só andar, mas correr”, sublinhando de seguida que durante o encontro, Chapo mostrou-se uma pessoa muito concreta e concentrada em criar empregos para os moçambicanos.
Sobre o FLNG do Coral Norte, que o Conselho de Ministros aprovou o seu Plano de Desenvolvimento em início de Abril último, Descalzi manifestou a sua satisfação, tendo assegurado que o projecto transformou-se em realidade.
“O Presidente [da República] trouxe notícias muito interessantes e importantes porque obtivemos a autorização para o Plano de Desenvolvimento, com todos os termos concordados. Isso significa que o Coral Norte é uma coisa real agora”.
Localizado na Área 4, da bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, o Coral Norte vai produzir o Gás Natural Liquefeito (GNL) calculado em 3,5 milhões de toneladas por ano (mtpa).
Orçado em 7,2 biliões de dólares, a FLNG do Coral Norte, separado há 10 quilómetros do Coral Sul, poderá iniciar a produção no segundo trimestre de 2028, e deverá operar durante 30 anos.