Sábado, Junho 14, 2025
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Área 1: TotalEnergies nega suspensão de contratos, mas admite não renovação em Afungi

A TotalEnergies esclareceu que não suspendeu os contratos com os subcontratantes do projecto Mozambique LNG, localizado na península de Afungi, no distrito de Palma, Cabo Delgado. A empresa admite, contudo, que não está a renovar contratos que já chegaram ao fim, um processo que considera natural, dada a situação actual do projecto.

Esta posição foi manifestada pelo presidente do Mozambique LNG, Maxime Rabilloud, após um encontro com o governador da província. Rabilloud refutou notícias veiculadas na comunicação social que afirmavam que a petrolífera francesa tinha suspendido centenas de trabalhadores ligados ao projecto de exploração de gás na Área 1 da bacia do Rovuma.

“Todos sabemos que ainda estamos numa situação de ‘força maior’. Posso até partilhar algumas perspectivas sobre isso mais tarde, mas, de momento, é claro que ainda não há condições para reiniciar o projecto. Entretanto, estamos a realizar vários trabalhos de preservação em preparação para uma futura retoma. Esses trabalhos, no entanto, não são contínuos, pois alguns têm um início e fim bem definidos. Infelizmente, quando uma dessas operações é concluída, há uma desmobilização natural, que será seguida pelo início de novos trabalhos”, afirmou Rabilloud.

O projecto Mozambique LNG está suspenso desde 2021, na sequência dos ataques terroristas que atingiram a vila de Palma. A exploração de gás na Área 1 da bacia do Rovuma estava inicialmente prevista para 2023, mas a situação de insegurança na região levou ao adiamento indefinido do projecto.

A resposta de Rabilloud surge após relatos no site Africa Intelligence de que a TotalEnergies teria instruído o consórcio CCS, composto pela Saipem (Itália), Chiyoda (Japão) e McDermott (EUA), a suspender operações e dispensar trabalhadores.

Embora não haja previsões concretas para a retoma do projecto, Rabilloud assegurou que a TotalEnergies mantém o compromisso de preservar a infraestrutura e preparar o local para uma possível retomada das operações assim que as condições de segurança sejam consideradas adequadas.

Custo com juros da dívida cresce 12% num ano para 857,4 milhões de euros

  • Só a componente do pagamento de juros da dívida interna cresceu 13% em 2024, para mais de 680 milhões de euros, enquanto nos juros da dívida externa o Estado gastou quase 177,6 milhões de euros, mais 9,5% no espaço de um ano, segundo dados oficiais.

Os encargos com os juros da dívida de Moçambique cresceram 12% em 2024, face ao ano anterior, para 57.608 milhões de meticais (857,4 milhões de euros), segundo dados oficiais divulgados nesta Quarta-feira.

De acordo com os mesmos dados, este montante compara com os 49.929 milhões de meticais (743 milhões de euros) que o Estado gastou com o designado encargo com a dívida em 2023.

Só a componente do pagamento de juros da dívida interna cresceu 13% em 2024, para mais de 45.691 milhões de meticais (680 milhões de euros), enquanto nos juros da dívida externa o Estado gastou quase 11.395 milhões de meticais (177,6 milhões de euros), mais 9,5% no espaço de um ano.

A Lusa noticiou esta semana que o stock da dívida pública de Moçambique ultrapassou em 2024 um bilião de meticais (15,8 mil milhões de euros), um aumento de 9% num ano.

De acordo com informação sobre a execução orçamental, o endividamento do Estado moçambicano cresceu de Janeiro a Dezembro para quase 1,069 biliões (milhões de milhões) de meticais.

Só o ‘stock’ da dívida Interna atingiu em 31 de Dezembro mais de 407.085 milhões de meticais (6.139 milhões de euros), enquanto o da dívida externa ultrapassou os 636.548 milhões de meticais (9.600 milhões de euros).

Quem tem conta G-mail devia saber disso, e ficar atento!

O porta-voz do G-mail, Ross Richendrfer, adiantou que a plataforma vai, em breve, deixar de utilizar SMS para validação de segurança e autenticações, tal como se pretende com as palavras-chave.

Os códigos SMS devem ser abandonados quando se trata de autenticação e substituídos por códigos QR para “reduzir o impacto do abuso desenfreado e global de SMS”.

Na Google, a verificação por SMS serve actualmente para segurança e controle de abuso. Citado pela Forbes, Richendrfer explicou que no domínio da segurança é para saber se de facto se trata do utilizar de sempre, e para o controle de abuso a ideia é assegurar que os piratas/fraudadores não abusem dos serviços do Google.

Conforme revelou, a verificação por SMS é vulnerável ao phishing, e para escapar a isso, “nos próximos meses, vamos reimaginar como verificamos números de telefone” introduzindo a verificação por códigos QR.

“Códigos SMS são uma fonte de risco elevado para os utilizadores”, concluiu Richendrfer. “Estamos felizes em apresentar uma nova abordagem inovadora para reduzir a área de superfície para invasores e manter os utilizadores mais seguros contra actividades maliciosas”.

Segundo a Google os códigos QR oferecem a vantagem de reduzir o risco de phishing e eliminar a dependência, pelo menos geralmente, dos utilizadores do Google em relação às suas operadoras de telefonia para protecção contra abuso.

ExxonMobil vai contratar 70% de empresas nacionais para o projecto na Bacia do Rovuma

Exxonmobil

A multinacional americana ExxonMobil assegurou, ontem em Maputo, que vai contratar 70% de empresas moçambicanas para fornecer bens e serviços ao projecto Rovuma LNG de exploração de gás natural na Área 4 da Bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado.

Reunido com fornecedores moçambicanos e estrangeiros, o Director de Relações Públicas e Governamentais da ExxonMobil Moçambique, Armando Afonso, explicou que a ideia é promover o conteúdo local, mas também elevar as empresas nacionais para um patamar onde possam competir com empresas estrangeiras.

Nesse sentido, alertou que a indústria petrolífera é de tamanha exigência, o que vai requerer organização das empresas nacionais para responder à demanda de serviços.

“Por isso, acreditamos que, ao trabalhar em conjunto, podemos capacitar as empresas nacionais para oferecerem serviços de segurança, ‘catering’, pavimentação, lavandaria, entre outros, com padrão exigido” referiu, citado pelo Notícias.

O projecto encontra-se na fase de estudo, o que vai culminar com a adjudicação do contrato de engenharia, aprovisionamento e construção da própria planta em Afungi, no distrito de Palma, adiantou.

Essa actualização do andamento do projecto é para as empresa moçambicanas poderem acompanhar a evolução e saber que serviços pode ser demandados em cada fase.

Nedbank Moçambique regista crescimento de 38% nos lucros e consolida liderança digital

O Nedbank Moçambique encerrou o ano de 2024 com um desempenho financeiro robusto, registando um crescimento de 38% nos lucros líquidos, alcançando 1,619 rands mil milhões (aproximadamente 7,8 mil milhões de meticais ou US$ 86 milhões). Este crescimento reforça a posição do banco como um dos principais actores do sector bancário em Moçambique.

A forte performance da instituição foi impulsionada pela expansão da base de clientes, pelo aumento das transacções digitais e por um crescimento de 15% nas vendas cruzadas de produtos financeiros. O CEO do Nedbank Moçambique, Joel Rodrigues, destacou a importância da digitalização e da inovação para os resultados positivos alcançados.

“Em 2024, consolidámos a nossa posição como banco digital de referência em Moçambique, oferecendo soluções inovadoras e melhorando a experiência do cliente. Continuamos a apostar no crescimento sustentável e no reforço da nossa estrutura digital para impulsionar ainda mais o mercado moçambicano.”

CEO do Nedbank Moçambique, Joel Rodrigues

Liderança digital e crescimento da base de clientes

O Nedbank Moçambique destacou-se na digitalização, registando um crescimento de 13% no número de transacções electrónicas e um aumento de 5% na sua base de clientes. Estes avanços consolidaram a posição do banco como líder no índice de satisfação do cliente (Net Promoter Score – NPS), ocupando a posição #1 no mercado moçambicano.

Além disso, o banco recebeu quatro prémios internacionais, incluindo:

  • Banco Digital Mais Inovador em Moçambique (International Finance).
  • Melhor Banco Digital em Moçambique (Global Banking and Finance Review).
  • Melhor Banco para Diversidade e Inclusão em Moçambique (Euromoney).

Expansão do Segmento Empresarial e Sustentabilidade

O Nedbank Moçambique também reforçou a sua presença no sector empresarial, colaborando com a divisão Corporate and Investment Banking (CIB) para expandir o financiamento às empresas. A instituição tem apostado em soluções para PMEs, promovendo inclusão financeira e crescimento sustentável no país.

Ademais, o banco investiu na formação de talentos, através de iniciativas como:

  • Leadership Academy – formação contínua para quadros de alto desempenho.
  • Programa de trainees – incentivo à entrada de novos talentos no sector bancário.

Desafios e perspectivas para 2025

Apesar dos resultados positivos, o Nedbank Moçambique enfrenta desafios no cenário macroeconómico, incluindo a volatilidade cambial e o aumento das imparidades em alguns segmentos. Para mitigar estes riscos, o banco pretende reforçar a gestão prudente do crédito e diversificar as suas fontes de receita.

As perspectivas para 2025 incluem:

  • Expansão da banca digital e inovação tecnológica.
  • Aumento da base de clientes e novas soluções empresariais.
  • Fortalecimento da posição no mercado moçambicano, promovendo inclusão financeira e crescimento sustentável.

Com um desempenho sólido e uma estratégia bem definida, o Nedbank Moçambique continua a consolidar a sua liderança no sector bancário do país, preparando-se para um futuro de crescimento sustentado.

Juro de referência com quinto corte em seis meses

Nos últimos seis meses, apenas em Fevereiro a taxa tinha ficado inalterada, em 19%, depois de quatro cortes mensais consecutivos, segundo o histórico da Associação Moçambicana de Bancos (AMB).

A taxa de juro de referência para o crédito em Moçambique vai descer em Março 50 pontos percentuais, para 18,50%, o quinto corte nos últimos seis meses, divulgou nesta Quinta-feira a Associação Moçambicana de Bancos (AMB).

Nos últimos seis meses, apenas em Fevereiro a taxa tinha ficado inalterada, em 19%, depois de quatro cortes mensais consecutivos, segundo o histórico do AMB.

Desde Janeiro de 2024 que a taxa, conhecida como ‘prime rate’, estava em queda, após seis meses consecutivos em máximos de 24,1%.

As oscilações da ‘prime rate’ estão associadas à taxa de juro de política monetária (taxa MIMO, que influencia a fórmula de cálculo da ‘prime rate’) pelo banco central, para controlar a inflação.

O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu no final de janeiro uma nova descida da taxa de juro de política monetária MIMO, de 12,75%, que estava em vigor desde final de novembro, para 12,25%, cortando igualmente nos coeficientes de reservas obrigatórias.

“Esta decisão decorre da manutenção das perspectivas da inflação em um dígito, no médio prazo, não obstante o aumento dos riscos e incertezas associados às projecções, com destaque para os decorrentes da tensão pós-eleitoral, o risco fiscal e os choques climáticos”, refere-se no comunicado final da reunião do CPMO, citado pela Lusa.

Conheça a Vice-Presidente da ANJE, Mara Cancune

Mara Cancune é uma empreendedora moçambicana dedicada ao desenvolvimento humano e à capacitação profissional. Formada em Gestão de Recursos Humanos, pelo Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique (ISCTEM) e com um mestrado em Administração e Gestão de Negócios pela Universidade Politécnica, Cancune possui uma base académica que a impulsionou em sua trajectória profissional.

Actualmente, Mara Cancune é Directora Geral da CharbanúRH, uma empresa especializada em consultoria e capacitação na área de recursos humanos. A CharbanúRH oferece serviços como consultorias em capital humano, outsourcing na gestão de RH, formações para jovens que desejam ingressar no mercado de trabalho, capacitações para colaboradores em atitudes e comportamentos, desenvolvimento de políticas institucionais, recrutamento e selecção, diagnósticos de clima organizacional, entre outros processos voltados para o desenvolvimento do principal recurso das organizações.

Ademais, Mara desempenha um papel activo na Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), onde preside um dos pelouros. A sua participação na ANJE demonstra o seu compromisso com o empreendedorismo jovem e o desenvolvimento económico de Moçambique.

Mara também compartilha as suas experiências e conhecimentos por meio de plataformas digitais. Em suas redes sociais, destaca a importância da capacitação profissional e do desenvolvimento pessoal, incentivando jovens e profissionais a se aprimorarem continuamente.

A Sua trajectória reflecte uma dedicação contínua ao fortalecimento do capital humano em Moçambique, contribuindo para a formação de profissionais mais preparados e organizações mais eficientes.

Carla Louveira: “A linha de crédito de 10 mil milhões de meticais vai impulsionar a recuperação económica”

  • Nos últimos três meses de 2024, o país foi assolado por uma onda de manifestações que culminaram na destruição de infraestruturas públicas e privadas, afectando sobremaneira o tecido social e produtivo da nossa economia, resultando numa variação negativa do PIB na ordem de 4,9%.– Carla Louveira, Ministra das Finanças

Em entrevista ao Profile Mozambique, a Ministra das Finanças, Carla Louveira, analisa o impacto das manifestações e dos choques climáticos no desempenho da economia nacional. A governante destaca as medidas emergenciais adoptadas pelo Executivo para mitigar os efeitos da crise e restaurar a confiança dos investidores.

Profile Mozambique: Diante dos dados do Instituto Nacional de Estatística sobre o quarto trimestre de 2024, quais foram os principais factores que contribuíram para a variação negativa do PIB em 4,9%, e de que forma as manifestações violentas, aliadas a choques climáticos como a tempestade tropical severa Filipe e o fenómeno El Niño, impactaram os diferentes sectores da economia moçambicana?

Carla Louveira: Nos últimos três meses do ano de 2024, o país foi assolado por uma onda de manifestações violentas que culminaram com a destruição de infraestruturas públicas e privadas, estabelecimentos comerciais, grandes, médios e pequenos negócios, afectando sobremaneira o tecido social e produtivo da nossa economia, tendo resultado numa variação negativa do PIB na ordem de 4,9%.

Os dados do Instituto Nacional de Estatística, referentes ao quarto trimestre de 2024, mostram que todos os setores foram afectados, sendo, em primeiro lugar, o sector secundário, com uma variação negativa de 8,9%, com maior destaque para o ramo da indústria manufatureira, com variação de menos 11%, como resultado da vandalização de 19 fábricas e indústrias, entre outras. Ocupa segunda posição o sector primário, com uma variação negativa de 4,8%, com destaque para o ramo da indústria de extração mineira, que observou uma variação de menos 10,1%.

E, por último, o sector terciário, registou igualmente uma variação negativa de 3,8%, induzido pelo ramo de hotéis e restaurantes, que observou uma variação de menos 14,7%, seguido do ramo do comércio e serviços de reparação, com uma variação de menos 10,6%, como resultado da destruição de 23 armazéns comerciais e 1.677 estabelecimentos comerciais.

Estas acções violentas contra activos públicos e privados impactou negativamente na taxa de crescimento económico, tendo-se situado em 1,9% em 2024, contra os 5,5% que haviam sido programados para este ano de 2024, e 5,4% observado no período homólogo, portanto, no período de 2023. Esta tendência foi igualmente agravada pelo impacto dos choques climáticos, com destaque para a tempestade tropical severa Filipe, causando chuvas intensas, cheias e inundações em algumas cidades e vilas, sobretudo na zona sul, bem como pelos efeitos do fenómeno El Nino, que afetaram o sector produtivo em algumas regiões do país.

PM: Face aos desafios económicos recentes, especialmente após as manifestações violentas que afectaram diversas empresas, quais são as principais medidas de curto e médio prazo adoptadas pelo Governo de Moçambique para estimular a recuperação da economia?

CL: O Governo de Moçambique, procura buscar soluções de curto, médio prazo para criar estímulos à economia moçambicana. É neste contexto que o Governo convidou o setor bancário para ser parte da solução que rapidamente respondeu com medidas imediatas que acreditamos que vão contribuir para a recuperação da economia.

Nestes termos, saudamos efusivamente a Associação Moçambicana dos Bancos (AMB), tanto em representação do sector bancário, por disponibilizar soluções financeiras de apoio à tesouraria e investimento das micro, pequenas e médias empresas. Nomeadamente, e conforme foi apresentado pelo Presidente da Associação Moçambicana dos Bancos, a medida relativa à reestruturação de financiamentos concedidos às empresas, que visa garantir maior flexibilidade financeira, sendo esta uma medida exclusivamente direcionada às empresas que foram afectadas pelas manifestações violentas mediante solicitação do cliente.

Ministra das Finanças, Carla Louveira

Portanto, esta é uma medida que vai permitir tantas empresas recorrerem para reestruturar o seu financiamento existente negociando novos prazos e eventuais, portanto, isenção de multas.

A segunda medida que também foi referida, que é a disponibilização de uma linha de crédito bonificada num montante global de 10 mil milhões de meticais, com vista a financiar a tesouraria e o investimento, impulsionando a recuperação económica e garantindo a sustentabilidade das empresas, com taxas de juros bonificadas, isenta de comissões e disponível até 30 de setembro de 2025.

A par destas medidas, de curto prazo, continuamos a trabalhar no desenho de outras soluções igualmente estruturantes, de médio e longo prazo, como é o caso do Fundo de Garantia Mutuária, mas entre outras que estão igualmente a ser estudadas.

Neste contexto, não poderia terminar esta minha intervenção sem reiterar que o Governo está consciente das preocupações com a segurança das pessoas, bem como a propriedade privada e pública e como isto afecta o investimento e as actividades económicas do dia-a-dia. E é nesses termos que continuamos a trabalhar para a manutenção da lei e ordem, durmo no resgate da confiança dos investimentos e melhoria do nosso ambiente de negócios.

PM: Como é que está a ser pensar as finanças com estes desafios públicos?

CL: Obviamente que ainda não é uma situação acabada. O que nós recebemos neste momento é o interregno de algumas actividades. No entanto, nas áreas prementes da malária, do HIV e também dos medicamentos, houve uma salvaguarda de segurança.

E é essa salvaguarda que estamos a ter que vamos ter, portanto, a normalidade no financiamento nessas categorias de salvaguarda. De resto, estamos a fazer um programa de reorçamento do Estado, estamos a elaborar um programa no canal do governo que vai permitir minimizar algumas situações que o país está a vivenciar.

PCA da HCB: Moçambique deve “bloquear” soluções energéticas dos países vizinhos para manter a hegemonia regional

O Presidente do Conselho de Administração da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), Tomás Matola, defende o “bloqueio” das soluções energéticas dos países vizinhos por forma a assegurar que Moçambique se torne num hub energético da região austral de África.

Segundo Tomás Matola, do lado da procura, os países da região, como a África do Sul, com um défice de mais de 6000 megawatts, o Zimbabué, o Botsuana e a Zâmbia, estão a demandar mais energia. Essa necessidade é crescente na Zâmbia devido à seca severa causada pelo fenómeno El Niño.

Na perspectiva do PCA, essa demanda constituiu uma oportunidade para Moçambique intervir nas soluções através do fornecimento de energia da HCB.

“O nosso pensamento é que nós não podemos deixar estes países criarem suas próprias soluções, porque nós é que temos mais potencialidade do que todos eles juntos. Então, temos de, rapidamente, bloqueá-los com acordos de offtakes com PPA [Power Purchase Agreement/Acordos de Compra de Energia], no sentido de garanti-los que nós vamos fornecer essa energia. Só assim, vamos garantir que Moçambique seja, de facto, hub energético na região austral” argumentou.

Matola frisou que essa é uma grande oportunidade para Moçambique se posicionar, e alertou que se deixar janela “fechar”, “mais tarde vamos perceber que todos os países, porque estão a sofrer, encontraram soluções própria e já não vão precisar da nossa energia”.

O PCA nota que o desafio para Moçambique é unicamente o aumento da capacidade de produção – a mesma há 50 anos – “para não se tornar completamente insignificante” nos próximos anos.

“Se tivermos uma procura muito grande e uma oferta muito pequena vamos perder a oportunidade, ficar irrelevantes, mesmo aqui na África Austral. Urge, agora, corrermos com projectos de nova geração com o aumento da capacidade” disse, vincando que a HCB está a olhar para esses desafios.

Tomás Matola falava na sexta-feira, em Maputo, no lançamento do “Prémio de Jornalismo” da HCB, por ocasião da celebração dos 50 anos a existência da empresa, no próximo dia 23 de Junho.

Cabo Delgado: TotalEnergies suspende subcontratos do pojecto Mozambique LNG

A TotalEnergies está a suspender todos os seus subcontratos com empresas baseadas na península de Afungi, na província de Cabo Delgado. As empresas já foram instruídas para cessar as actividades e os contratos com milhares de trabalhadores.

CCS Joint Venture (Chiyoda, McDermont e Saipem) por exemplo, já recebeu a ordem da multinacional francesa para avançar com a medida. Tudo está suspenso até nova comunicação.

Outras subcontratadas que continuavam a operar em Afungi, mesmo depois da suspensão do projecto da TotalEnergies, incluíam a portuguesa Gabril Couto, a sul-africana WBHO, a italiana Renco, e a mauritana International Facility Services (IFS), refere um texto publicado pela AI.

A informação encontra as autoridades moçambicanas de surpresa, dado que numa entrevista recente, a 05 de Fevereiro, o CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, mostrou optimismo para retoma do projecto.

O CEO havia demonstrado satisfação com as actuais questões de segurança na área de Afungi, mercê da presença de forcas ruandesas.

Recorde-se que, em Abril de 2021, a TotalEnergies evocou Força Maior para projecto depois de um ataque terrorista às suas instalações. De lá há alguns meses, se dizia que a retoma do projecto estava condicionada

às questões de segurança. No entanto, outro condicionalismo tem que ver com o facto de alguns investidores terem recuado seus investimentos por conta das questões ambientais. Até então, a TotalEnergies não tem budget necessário para, pelo menos, iniciar com a exploração de gás natural liquefeito.

Pouyanné está expectante que o Exim Bank dos Estados Unidos da América aprove, no curto prazo, garantias financeiras para o projecto. Mas parece que a falta de um horizonte temporal mais preciso é que terá precipitado, agora, a suspensão com as subcontratadas.