A agência de notação financeira Standard & Poor’s afirmou que Moçambique terá ganhos significativos dos projectos de gás a partir de 2028, mas enfrentará grandes desafios, incluindo um forte aumento nos montantes dos pagamentos da dívida.
Conforme a S&P, a economia moçambicana verá ganhos após o início dos grandes projectos de gás em 2028, mas o Governo enfrentará desafios político. Apesar do crescimento económico relativamente alto entre 2022-23, a melhoria das finanças públicas ainda não se concretizou, e o país continua a enfrentar elevados níveis de pobreza e subdesenvolvimento.
Os analistas estimam que a economia cresça em média 5,5% ao ano entre este ano e 2027, mas alertam que o crescimento está concentrado no sector extractivo e na construção da Área 1 do projecto de gás da TotalEnergies no Norte do país.
A capacidade do Governo para reduzir a despesa com a função pública é limitada, e o país já está enfrentando um aumento nos custos com a dívida externa, devido ao acordo com os investidores detentores de títulos de dívida pública no final da década passada.
Na Sexta-feira (19), a S&P decidiu manter o ‘rating’ de Moçambique em CCC+, destacando que as boas perspectivas de exportação de gás a partir de 2028 são anuladas pelos elevados riscos financeiros actuais.
A agência afirmou que Moçambique continua a enfrentar desafios de liquidez, com atrasos nos pagamentos aos credores em 2023 e acumulação de atrasos nos pagamentos aos fornecedores e empreiteiros.
Apesar das medidas implementadas pelo Governo para melhorar a gestão das contas públicas e consolidar as finanças, os riscos de derrapagem orçamental persistem, devido aos elevados custos com reformas salariais, despesas relacionadas com choques climáticos, custos crescentes do serviço da dívida e despesas com as eleições deste ano.