Segunda-feira, Junho 16, 2025
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No mês de Julho metical esteve mais estável

A moeda nacional, o Metical, apresentou-se menos volátil aos choques externos, em Julho de 2021, relativamente aos últimos quatro meses.

Segundo uma análise do banco Millennium Bim publicada esta quarta-feira, 11 de Agosto, no mês de Julho, o Metical manteve a tendência de depreciação iniciada em Maio, contudo com menor intensidade, tendo registado uma depreciação mensal de 0,22% face ao Dólar norte-americano (USD/MZN), fixando-se em 63,63.

De acordo com a nota do Millennium Bim, em Julho de 2021, as vendas cambiais foram superiores em relação às compras cambiais e com melhor desempenho comparativamente ao mês de Maio (que foi o pior no primeiro semestre de 2021), no qual se registou um significativo afundamento desta rubrica, contrariando a tendência de estabilidade que vinha a ser notada desde Janeiro do corrente ano.

Concorreu para este efeito o aumento da oferta e liquidez em Dólar no mercado cambial, favorecido pelo incremento do volume das compras cambiais dos bancos comerciais com o público, que se situaram em USD 562,88 mio (+82,6% m/m), em maior proporção que o incremento mensal nas vendas cambiais que se situaram em USD 643,01 mio (+21,6% m/m).

Neste capítulo, e de acordo com o Millennium Bim, as cotações do Mercado Cambial Interbancário (MCI), referentes à relação Euro/Metical, mantiveram-se elevadas, seguidas das do Dólar/Metical e, por fim, do Rand/Metical.

O saldo das Reservas Internacionais Brutas, reportadas até Julho de 2021, situou-se em USD 3.8 mil mio, com cobertura para mais de seis meses de importações (excluindo grandes projectos), preservando as tendências de 2019 e 2020.

Factores exógenos, aliados ao aumento da inflação na África do Sul e do preço das principais commodities no mercado internacional, com atenção ao petróleo, poderão aumentar a procura doméstica por divisas. Ainda assim, o alumínio continua a liderar as exportações das commodities, seguido do carvão que, particularmente nos meses de Janeiro e Abril de 2021, superou o carvão e, por fim, o petróleo, todas numa tendência crescente.

Operadoras de telefonia móvel vão reajustar bónus no final deste mês

As operadoras vão mesmo reajustar os bónus a partir do dia 28 de Agosto corrente, reafirma o Instituto Nacional das Telecomunicações de Moçambique (INCM), na sequência da publicação por este órgão, enquanto regulador do sector, da Resolução n.º 13/CA/INCM/2021 de 30 de Junho, que proíbe as empresas de telecomunicações a aplicação, nas recargas, de bónus superiores a 50 por cento do valor real da recarga.

A garantia foi dada esta terça-feira (10) em Maputo, pelo Director-geral do INCM, Tuaha Mote, e vem numa altura em que vários estratos sociais criticam a redução de bónus em plena crise pandémica, bem como a comunicação feita pelo regulador para esclarecer a referida Resolução.

Diante dessas preocupações, a Associação Moçambicana de Profissionais e Empresas de Tecnologias de Informação (AMPETIC) chegou a exortar, em comunicado, a revogação do dispositivo legal em questão.

Ainda assim, Mote garantiu que a instituição vai avançar na aplicação da Resolução, na data prevista. “O INCM não vai revogar a Resolução, porque resulta de uma decisão cientificamente estudada”, afirmou o gestor.

Refira-se que, na Resolução em causa, o INCM detalha que a decisão de reajustar o bónus surge pelo facto de se ter constatado práticas anti-competitivas nas chamadas dentro da rede, bem como nas chamadas para fora da rede, num estudo feito pela instituição, com base em informação tarifária disponibilizada pelas três operadoras, designadamente: Moçambique Telecom S.A. (Tmcel), Vodacom Moçambique S.A. e Movitel.

Falando em média breakfast, no qual também participou o Presidente do Conselho Administrativo (PCA) do INCM, Américo Muchanga, o Director-geral da instituição esclareceu que, apesar de criticada, a Resolução vem num momento oportuno e visa, em geral, proteger os consumidores, operadoras e as telecomunicações no país.

Em relação aos clientes, o PCA do INCM reiterou que o bónus ilimitado não beneficia a maioria dos consumidores. De um universo actual de 14 milhões de subscritores no país, Muchanga disse que apenas 50 mil beneficiam do bónus ilimitado, ficando a larga maioria prejudicada.

O PCA do INCM explicou ainda que, embora seja, de alguma forma, uma estratégia de massificar as telecomunicações no país, na verdade, a oferta desse bónus está a prejudicar algumas empresas e, como consequência, prestam serviço aquém do desejado por falta de investimento, pois não produzem lucros.
Nesse contexto, exemplificou que 117 estações de base foram desligadas por uma operadora (cujo nome preferimos não revelar), por falta de investimento e mercado, facto que está a afectar os subscritores da mesma.

Enfim, os gestores do INCM reafirmaram que produziram a Resolução, que entra em vigor, dentro de 17 dias, com vista a evitar os problemas relatados e permitir o contínuo desenvolvimento das telecomunicações em Moçambique. Quanto à apresentação do assunto ao público, os administrativos do INCM reconheceram ter havido alguma falha de comunicação por parte da instituição, pelo que se comprometeram a reverter a situação oportunamente.

Moçambique no ‘bom caminho’ para vender diamantes certificados

O país está no bom caminho no cumprimento dos procedimentos internacionais exigidos para a venda de diamantes certificados, como parte do chamado Processo de Kimberley, anunciou-se na reunião do gabinete de Moçambique na terça-feira.

“Estamos muito avançados, estamos numa fase avançada de cumprimento dos requisitos internacionais de certificação, estamos no bom caminho”, disse o porta-voz da reunião do gabinete, Filimão Suaze.

Suaze disse que o país tinha aprovado legislação e regulamentos, estabelecido a Unidade de Gestão do Processo de Kimberley (KPMU), criado armazéns de diamantes e está a formar pessoal na classificação e transparência do negócio diamantífero.

“Em Setembro, uma equipa de peritos internacionais sobre o Processo de Kimberley virá a Moçambique para verificar as medidas já tomadas pelo país para o comércio de diamantes certificados”, disse o porta-voz da reunião do gabinete.

O país quer que os diamantes, gemas e pedras preciosas que irá colocar no mercado internacional estejam livres de dúvidas sobre a legalidade da sua extracção.

O Processo de Kimberley é um mecanismo internacional que advoga a transparência nos negócios e combate a venda de diamantes extraídos em zonas de guerra, cujas receitas são utilizadas para financiar a violência armada e ilegítima.

Pandemia da Covid-19: Apenas crise ou janela de oportunidades?

A pandemia da Covid-19 está a trazer enormes adversidades para a economia mundial e, em particular, para a economia moçambicana, desde que foi detectado o primeiro caso da doença, em Março de 2020, causando a perda de postos de trabalho, elevando o índice de desemprego e, provocando o encerramento de muitas empresas.
Os sectores do turismo, hotelaria e restauração figuram entre os mais afectados, muito por conta das medidas adoptadas para travar novas infecções pelo vírus.

Mas em meio a tantas perdas, houve também sectores que registaram ganhos estratosféricos, tais são os casos da Saúde ‘Privada’ e o das Confecções, por exemplo, este último que incluiu a cadeia de produção de máscaras, muito necessárias para a contenção da propagação da doença.

A indústria farmacêutica também não se pode queixar, visto que as vendas de álcool e gel dispararam, assim como a venda de outros desinfectantes e medicamentos.

No mercado informal, assiste-se à venda do eucalipto, tido como uma planta eficaz para fazer bafos e descongestionar o sistema respiratório. Aliás, há até empresas que foram criadas para a comercialização desta planta.
Geralmente, as crises, num primeiro momento, criam um sentimento de pânico e incerteza, em relação ao futuro, mas quando favoravelmente vividas podem ser um trampolim para o sucesso e desenvolvimento.

Particularmente, a pandemia do Coronavírus ampliou o espaço de actuação de alguns sectores de actividade, como é o caso das telecomunicações, que reforçou a utilização do Skype, Videochamadas no Whatsapp, e democratizou o conceito de Webinar (web-based-seminar) em plataformas como o Zoom, Microsoft Teams, Youtube ou até mesmo pelo Facebook.

Efectivamente, muitas empresas do ramo das comunicações facturaram com essa inovação, bastante favorecida pela imposição do distanciamento social, que catapultou a realização de eventos pela via digital.

Muitas empresas adoptaram o modelo Home Office que consiste em colocar os colaboradores a trabalharem a partir de casa, tendo relatado resultados positivos, com mais eficiência, menos atrasos e racionalização de recursos, nalguns casos. Entretanto, a adopção deste modelo acarretou algum investimento em material informático, tendo impulsionado os negócios dos vendedores de computadores e os provedores de internet. Quem teve a visão futurística de incrementar o stock e reforçar o marketing, certamente teve razões para sorrir.

Ainda na senda da reinvenção, esta crise favoreceu o uso de canais digitais do sistema financeiro, com os bancos a crescerem nessa componente, com a promoção dos serviços já existentes e a criação de novos.

Enfim, vários são os casos de sucesso, sobre os quais não podemos estar indiferentes, simplesmente porque a pandemia devastou outros sectores.

Qual é o seu negócio? Ele já está nas plataformas digitais? Sabe como contornar o Corona?

Pense no seu negócio, elabore uma estratégia que venda tendo em conta as limitações trazidas pela Covid-19 e continue a trabalhar. Este pode ser o momento de excelência para deixar fluir a criatividade e criar oportunidades e soluções para os vários problemas que surgem. Basta olhar com positividade!

Analista antevê que regresso da Total aconteça dentro de um ano

O analista moçambicano Mohamed Yassine defende que a retomada de Mocímboa da Praia pelas forças moçambicanas e ruandesas abre portas para “um futuro diferente” para o megaprojeto de gás em Cabo Delgado.

Em entrevista à DW África, o especialista de Relações Internacionais Mohamed Yassine comentou ainda os atritos entre Maputo e Kigali, após as comunicações do Ruanda sobre as operações no terreno em Cabo Delgado, antes mesmo de um pronunciamento oficial de Moçambique.

Para o analista, a Defesa moçambicana será obrigada a quebrar o “segredo de Estado” se quiser recuperar o protagonismo nos meios de comunicação social e “permitir que mais instituições possam averiguar de perto o que está a acontecer em Cabo Delgado”.

DW África: O que significa a retomada de Mocímboa da Praia para o megaprojeto de gás em Cabo Delgado?

Mohamed Yassine (MY): Significa o retorno de uma parcela da soberania moçambicana que estava nas mãos da insurgência há mais de um ano. Por outro lado, significa que o lugar de concentração e que sempre serviu de bastião da insurgência, estando nas mãos do Governo é fácil projetarmos a segurança que precisamos para a região de Afungi e Palma.

DW África: Será o início do regresso da Total para a região?

MY: A estabilidade da região requer um bocadinho mais de cuidados. Para além de Mocímboa da Praia o Governo conseguiu recuperar cerca de onze posições que estavam nas mãos da insurgência, mas, por outro lado, uma vez que os insurgentes já não têm um bastião podemos começar a pensar no retorno da Total para Moçambique provavelmente daqui a um ano. A Total dava um ano e oito meses para que Moçambique se decidisse e penso que com esta intervenção feita em Mocímboa da Praia estão abertas as portas para começarmos a pensar num futuro diferente daquilo que eram os prazos. Já existem mecanismos para dizermos que, com o apoio internacional, iremos conseguir defender a província de Cabo Delgado no seu todo.

DW África: O Presidente Filipe Nyusi lançou esta segunda-feira formalmente, em Pemba, a missão militar da SADC que se vai juntar às forças moçambicanas e ruandesas em Cabo Delgado. No seu entender, como vai ser o trabalho de todas essas tropas no terreno?

MY: As dificuldades que eu vejo podem estar na coordenação porque afinal de contas os países que lá estão cada um tem o seu interesse individual ou coletivo. Acho que se Moçambique tiver feito o seu trabalho de casa por forma a introduzir cada uma das forças à força da SADC no seu todo e à força bilateral do Ruanda cada um com objetivos diferentes, um com o objetivo de combate (como temos visto nos do Ruanda) e a força da SADC como a força de manutenção da paz. Mas se isso estiver a sair do controle da liderança moçambicana, cada um dos exércitos pode optar pelo seu ego. Além de que é preciso dizer que alguns países da SADC têm ainda algumas “feridas” em relação ao Ruanda e pode resvalar num ajuste de contas no terreno.

DW África: Ainda no lançamento da missão da SADC, o Presidente Filipe Nyusi exigiu mais comunicação e coordenação em Cabo Delgado. Acha que foi um mea-culpa do chefe de Estado?

MY: Esse pronunciamento do Presidente não foi exatamente virado para a SADC mas é preciso recordar que Moçambique vem sendo informado sobre o que está a acontecer em Cabo Delgado através do Ruanda. A conferência de imprensa é dada no Ruanda, o que significa que do ponto de vista do Estado devia ser o contrário. A conferência de imprensa devia ser dada em Moçambique, pelo exército moçambicano anunciando os ganhos alcançados em conjunto com as forças ruandesas. Tem sido continuamente trazido até nos Tweets que o Presidente do Ruanda vai fazendo, o que mostra um bocadinho de falta de humildade para com a missão que está a assumir. Penso que o recado do Presidente (Filipe Nyusi) é no sentido de que a coordenação a ser feita com o objetivo único de apoiar Moçambique e, por outro lado, Moçambique tem de ser a “pessoa” que tem de comunicar para o mundo o que está a acontecer no país.

DW África: Nos últimos dias, tem circulado a informação de que alguns chefes militares de Moçambique não estão contentes com o Ruanda, que estaria sempre à frente na divulgação dos resultados das operações, inclusive através das redes sociais. É hora do Ministério da Defesa de Moçambique melhorar a sua comunicação?

MY: O Ministério da Defesa vai ser obrigado a quebrar o chamado “segredo de Estado”. Durante muitos anos o Ministério da Defesa além de ter impedido que os jornalistas locais pudessem viajar para Mocímboa da Praia e outras zonas para acompanhar de perto o que estava a acontecer, sempre fechou-se também em copas em relação à informação que era necessária em relação a o que estava a acontecer dentro de Cabo Delgado. A conferência de imprensa do Ruanda também passa para os órgãos de informação independente em Moçambique, o que já não é a televisão e a rádio de Moçambique que têm o poder de comunicar e até censurar aquilo que se achar que deve ser censurado. Isso vai quebrar o procedimento do Ministério da Defesa que precisa permitir que mais instituições possam averiguar de perto o que está a acontecer em Cabo Delgado até chamar à razão em relação a direitos humanos e outras consequências que advêm da guerra.

Mota-Engil quase duplica contrato de mineração em Moçambique

Será prolongado por dois anos, o contrato de mineração da Mota-Engil com a Vale, em Moçambique, passando a totalizar 871 milhões de dólares norte-americanos. O projecto quase duplica de valor, segundo informações comunicadas esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“A Mota-Engil informa que a sua subsidiária para a região de África assinou uma adenda a um contrato de mineração actualmente a decorrer em Moatize – Moçambique, cujo cliente é o grupo multinacional Vale, S.A., cujo valor total passa a ascender a 871 milhões de dólares norte-americanos, um incremento de 427 milhões de dólares norte-americanos face ao valor inicial do contrato – 444 milhões de dólares norte-americanos”, anunciou a empresa em comunicado.

A adenda contempla a extensão do atual contrato de mineração por um período adicional de dois anos, cuja data final passa para 31 de dezembro de 2024.

“Com esta adenda, o grupo vê reconhecido o seu desempenho neste contrato, estabelecido originalmente em 2017, bem como na área de mineração, e reforça a sua carteira de encomendas na região de África com um contrato de médio e longo prazo gerador de cash-flows recorrentes”, acrescenta.

Este projecto em Moçambique, adjudicado pela Vale, inclui a execução de serviços mineiros que englobam a perfuração, fornecimento de explosivos, carga e transporte de estéril e carvão, no projeto mineiro de extração de carvão em Moatize, de que a adjudicadora é concessionária. A Vale é uma das maiores mineiras do mundo e a maior empresa privada da América Latina, com sede no Brasil com atuação nos cinco continentes.

Capital Economics prevê crescimento de 3% para Moçambique

A consultora Capital Economics alerta para o risco ao investimento devido à instabilidade no norte do país, em particular devido à suspensão do projeto de exploração de gás natural liquefeito, apesar de prever um crescimento de 3,0% da economia este ano.

“Em Moçambique, a declaração de ‘força maior’ sobre um grande projeto de GNL [gás natural liquefeito], na sequência de repetidos ataques por insurgentes, está a acrescentar novos ventos de proa a uma recuperação já lenta. O abandono do projeto iria prejudicar gravemente as perspectivas de crescimento do país e suscitar preocupações reais sobre a dívida pública”, escrevem os analistas numa nota hoje consultada pela Lusa.

No documento, os analistas referem que “o desejo de investimento em Moçambique está em perigo à medida que os ataques de insurgentes continuam no norte do país”.

No documento, a Capital Economics apresenta também as suas previsões, estimando para este ano um crescimento de 3,0% do PIB de Moçambique, que deverá crescer 4,0% em 2022 e 4,5% em 2023.

Quanto à inflação, o índice dos preços no consumidor deverá crescer 5,5% este ano, 5,8% no próximo e, também, 5,8% no seguinte, de acordo com as previsões da consultora sediada em Londres.

A petrolífera francesa Total tem uma quota de 26,5% no projeto de gás natural liquefeito em desenvolvimento no norte de Moçambique, cuja primeira produção e exportação estava prevista para 2024, mas que ficou adiada pelo menos um ano no seguimento da declaração de ‘força maior’ por parte da petrolífera.

Em 26 de abril, a Total acabou por fazer uma declaração de ‘força maior’, ou seja, assumindo-se “incapaz de cumprir as suas obrigações em resultado da severa deterioração da situação de segurança em Cabo Delgado, um assunto que está completamente fora do controlo da Total”.

Do investimento de 20 mil milhões de dólares – o maior investimento privado em África -, previa-se canalizar 12,5% para empresas locais durante a construção.

CTA diz que sector da indústria é negativamente marcado pela entrada da Dugongo

A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) diz em relatório do Índice de Robustez Empresarial, publicado há dias, que o sector industrial registou, à semelhança de outros, uma ligeira melhoria em termos de desempenho empresarial no segundo trimestre de 2021, comparado com o primeiro trimestre, sendo que o Índice de Robustez Empresarial deste sector aumentou em 3pp, de 0,48 para 0.51.

Todavia, sublinha que a entrada, no último trimestre, da empresa Moçambique Dugongo Cimento marcou negativamente o sector da indústria, com destaque para o subsector de cimento.

“A despeito desta tendência de melhoria do desempenho do sector industrial no II Trimestre de 2021, alguns eventos marcaram negativamente este sector. Na indústria de cimento entrou um novo operador com preço consideravelmente abaixo dos preços então em vigor no mercado. Devido a esta situação, algumas empresas concorrentes cuja estrutura de custos não lhes permitiu manter a competitividade, suspenderam as actividades colocando em risco mais de 500 postos de trabalho”, lê-se no documento.

Ainda assim, a CTA ressalta a vantagem competitiva da nova fábrica, que assenta no facto de esta extrair a matéria-prima localmente, enquanto as outras fábricas vinham utilizando matéria-prima importada, enfrentando, para além do custo de importação, o custo de transporte e logística, que para a nova fábrica estão minimizados.

Entretanto, refira-se que o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Dugongo, Víctor Timóteo, presenciou o evento que serviu para apresentação do referido Índice, onde negou que a empresa tenha vindo a desestabilizar o mercado de cimento. Quanto ao custo baixo do cimento da Dugongo, o PCA esclareceu que a empresa fixou o seu preço consoante as condições do mercado interno (desvalorização do Dólar face ao Metical) e regional (preço acessível do produto).

Especialistas defendem que volvidos 16 anos Tete não é El Dourado

Para os especialistas em matérias da indústria extractiva, não tinha como Tete ser o “El Dourado” porque o Governo moçambicano não tinha uma agenda de fazer daquela província uma zona deveras desenvolvida. Os especialistas dizem que volvidos 16 anos, a actuação da Vale em Moçambique gerou mais perdas que ganhos.

Segundo avançou o economista, Thomas Selemane, as movimentações de grande capital por parte das mineradoras que operam no país foram resultantes de uma dinâmica internacional que Moçambique, do seu lado, não conseguiu domesticar e, também, não conseguiu construir uma agenda própria para controlar a dinâmica da actividade extractiva.

O economista destaca como um dos grandes problemas o facto de o Governo moçambicano não ter esboçado estratégias sob o ponto de vista de alternativas de desenvolvimento.

“Nunca houve uma discussão nacional sobre as diferentes alternativas de desenvolvimento. O país disponibilizou-se a receber os investimentos dos investidores do carvão sem que internamente houvesse uma discussão genuinamente moçambicana que pudesse colocar em diferentes perspectivas os problemas que a extração traz e todas as consequências a volta”, explicou Selemane.

Por seu turno, o investigador Boaventura Monjane diz que o que foi perdido em Tete, com a actuação da indústria extractiva, é mais que o que foi ganho.

“Tete não foi o El Dourado porque o extrativismo, na sua essência, quando acontece em países periféricos como Moçambique acaba não beneficiando os outros sectores da vida nacional”, disse Monjane acrescentando que “aquilo que se perdeu em Tete acaba sendo maior do que o que se ganhou”.

Boaventura Monjane apontou para a perda de biodiversidade, perda de meios de subsistência, perda de emprego, entre outros, como consequências da extracção mineira em Moçambique.

Inicia mineração de areias pesadas no sul de Moçambique

O sul de Moçambique vai ser mesmo polvilhado da prospecção de áreas pesadas, disputando a solo com o turismo. Aquilo que se temia, e muitos pensavam que era fantasia, já está a acontecer.

O jornal “Carta” apurou que duas subsidiárias da empresa Sofala Mining & Exploration, Lda. Estão prestes a iniciar suas actividades de exploração para determinar se existem concentrações comercialmente viáveis de minerais pesados (zircónio, rutilo e ilmenite), nas províncias de Gaza e Inhambane. Representantes da empresa estiveram em Inhambane há duas semanas, apresentando-se aos governos locais.

Informação disponível no site da consultora ambiental sul-africana, Coastal & Environmental Services (CES) Mozambique, Lda., indica que a empresa Sofala Mining & Exploration Lda. adquiriu recentemente duas licenças de prospecção e pesquisa nas referidas províncias.

Trata-se das Licenças 6842L (Projecto Marão), na província de Gaza, distrito de Mandlakaze, posto administrativo de Macuácua e província de Inhambane, distrito de Panda, posto administrativo de Mawayela e 6846L (Projecto Marruca), na província de Inhambane, distrito de Panda, no Posto Administrativo de Mawayela e distrito de Inharrime, no Posto Administrativo de Mocumbi.

Por forma a cumprir a legislação ambiental de Moçambique, a CES Mozambique, Lda., diz que foi contratada para conduzir o processo com vista ao licenciamento ambiental dos projectos Marão e Maruca, na sequência da submissão e aprovação da documentação de Instrução do Processo ao Ministério da Terra e Ambiente.

“Nesse contexto, como parte do Processo de Participação Pública, a CES pretende apresentar o Plano de Gestão Ambiental dos projectos e receber comentários das partes interessadas e afectadas. Assim sendo, serão realizadas reuniões de Consulta Pública nos Distritos de Mandlakaze, Panda e Inharrime, obedecendo às restrições impostas pelo actual Estado de Calamidade Pública no País, decretado devido à pandemia da Covid-19”, avança a fonte sem precisar datas.

Esse anúncio surge após uma empresa chinesa de mineração, denominada DingShen ter sido proibida, no início de Abril passado, de destruir dunas, para construir armazém, na costa de Chonguene, em Gaza. Um vídeo sobre esse caso entrou em circulação, na altura, nas redes sociais.

Além disso, no primeiro trimestre de 2020, o pesquisador britânico, Joseph Hanlon, publicou um artigo criticando a concessão de licenças de mineração pelo Governo de “400 quilômetros quadrados da praia de Inhambane”.
“Em parceria com a Rio Tinto, a Savannah recebeu, neste ano, uma área de 400 quilômetros quadrados (equivalente a um quarteirão de 20 km de cada lado) na praia de Inhambane, na qual removerá as antigas dunas de areia para extrair titânio (principalmente para fazer tinta branca) e zircão (usado na fundição, bem como nas hastes de combustível nuclear, nos conversores catalíticos e nos sistemas de purificação de água e ar.) Savannah candidatou-se a outros 138 quilômetros quadrados na mesma área”, relatou Hanlon.

Com esse relato, o pesquisador dava a entender que “as famosas praias de Moçambique estão a ser disputadas entre turistas e mineiros. Essas praias são um dos mais atraentes depósitos de areias minerais não desenvolvidas do mundo, segundo David Archer, director executivo (CEO) da empresa britânica Savannah Resources”.

Desenvolver o país através da exploração dos seus próprios recursos, neste caso, naturais, é racional, mas o facto é que, conforme relatado, a concessão dessas licenças pode estar a ignorar a importância turística das praias, bem como das dunas que protegem as zonas costeiras dos ventos e outras calamidades naturais.